A economia portuguesa cresceu 6,7% em 2022, de acordo com a primeira estimativa feita pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). E, ao contrário de economias como a alemã, manteve um crescimento positivo no quarto trimestre, em relação ao trimestre anterior: 0,2%.

O Governo tinha sinalizado em dezembro que o Produto Interno Bruto (PIB) deveria ter crescido cerca de 6,8%, ou seja, o crescimento terá sido uma décima inferior a essa previsão. Essa projeção significava uma revisão em alta face aos 6,5% estimados no Orçamento do Estado para 2023. Também o Banco de Portugal, em meados de dezembro, tinha apontado para um crescimento de 6,8%.

Este crescimento de 6,7% calculado esta terça-feira pelo INE é o mais elevado desde 1987, após o “aumento de 5,5% em 2021 que se seguiu à diminuição histórica de 8,3% em 2020, na sequência dos efeitos adversos da pandemia na atividade económica”.

A procura interna apresentou um contributo positivo expressivo para a variação anual do PIB, mas inferior ao observado no ano anterior, verificando-se uma aceleração do consumo privado e um abrandamento do investimento. O contributo da procura externa líquida foi positivo em 2022, após ter sido negativo em 2021, tendo-se registado uma aceleração em volume das exportações de bens e serviços e uma desaceleração das importações”, acrescenta o INE.

Na comparação com o 3º trimestre de 2022, o PIB aumentou 0,2% – uma desaceleração face ao crescimento em cadeia de 0,4% no trimestre anterior). Houve uma “diminuição do contributo positivo da procura interna para a variação em cadeia do PIB, enquanto o contributo da procura externa líquida manteve-se ligeiramente negativo”, diz o INE.

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Nem todas as economias europeias conseguiram manter um crescimento económico positivo no quarto trimestre – esta segunda-feira na Alemanha calculou-se um recuo de 0,2% na economia, o que poderá significar que caso o primeiro trimestre também seja negativo estaremos perante uma recessão técnica na maior economia europeia.

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Europa surpreende no quarto trimestre, pode escapar à recessão

O crescimento da economia portuguesa no quarto trimestre, de 0,2%, foi um dos melhores na zona euro, de acordo com dados divulgados pelo Eurostat também esta terça-feira. O Eurostat revelou que a economia da zona euro surpreendeu com um crescimento positivo de 0,1% no quarto trimestre, o que significa que poderá escapar à recessão mesmo que tenha um recuo trimestral neste primeiro trimestre (é preciso dois trimestres consecutivos de crescimento negativo para cumprir a definição de recessão técnica).

Os economistas antecipavam um recuo já neste quarto trimestre mas, de acordo com o Eurostat, a economia da zona euro teve um crescimento ligeiramente positivo apesar da contração na Alemanha e em Itália. França e Espanha estão entre as economias que tiveram um crescimento maior, além de Portugal e Irlanda.