Rui Rocha, presidente da Iniciativa Liberal, assegurou que o romper do acordo nos Açores não significa que “decorra de imediato ou necessariamente uma falta de solução política”, esclarecendo que os liberais vão agir com “sentido de responsabilidade” e “avaliar caso a caso” as propostas do Governo regional. Já André Ventura, presidente do Chega, acusa a IL de estar a fazer uma “jogada” política, colocando-se ao lado do Governo para ser um garante de “estabilidade”.

Depois de Nuno Barata ter anunciado na Assembleia Legislativa dos Açores que a IL rompeu com o acordo de incidência parlamentar que sustenta o Governo Regional, Rui Rocha deixou claro que o partido não vai abandonar o “sentido de responsabilidade” e passará a “avaliar cada uma das propostas legislativas que o Governo apresentar”.

“Temos em outubro um orçamento. Se o orçamento ou as medidas trouxerem vantagens para os açorianos a IL, com sentido de responsabilidade, cá estará para viabilizar as boas propostas que sejam apresentadas”, assegurou Rui Rocha em conferência de imprensa na Assembleia da República.

O líder liberal, que esteve durante o último fim de semana nos Açores, explicou que o tema foi discutido com o núcleo da IL/Açores, nomeadamente com o coordenador e deputado regional, Nuno Barata, e que foi “apresentada a situação” e “descritos os fundamentos”. “A Comissão Executiva da IL está solidária com a decisão do deputado e coordenador e do núcleo da IL.”

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Questionado sobre possíveis cenários, Rocha esclareceu que “a IL participa de todas as soluções, mas não sustenta acordos que não estão a ser cumpridos”. Mais ainda, realçou que o partido “não faz entendimentos com o PS, seja nos Açores, na Madeira ou seja a nível nacional” e assegurou que esta decisão “desafia o PSD a que tenha a força reformista necessária para transformar o país”.

Chega ataca “jogada” da IL e promete “estabilidade”

André Ventura, presidente do Chega, acusou a IL de estar a fazer uma “jogada que vai correr mal, porque o eleitorado vai saber punir castigar a instabilidade e aqueles que a criam”. “É uma jogada da IL para com o PSD afastar a presença do Chega da governação dos Açores”, sublinhou.

Aos olhos do Chega, a IL está, “por meras jogadas políticas”, a “pôr em risco um governo que conseguiu virar a página do socialismo” e, por oposição, promete “estabilidade”: “Não contribuiremos para o fim deste governo, embora tenhamos a noção de que o apoio parlamentar deste governo chegou ao fim.”

Apesar de Ventura garantir que “não deixará que o Governo fique a jogar em cima de remendos”, o deputado regional José Pacheco tem estado exatamente a votar peça a peça, depois de confirmar que tinha rompido o acordo. Na última Convenção do Chega, José Pacheco esclareceu, em entrevista ao Observador, que “o acordo acabou” e que o partido tem “andado passo a passo” e a trabalhar “por pacotes de iniciativas”.

José Pacheco, Chega/Açores: “Falhou tudo no acordo com o PSD”

Agora, o presidente do Chega pretende que haja uma “relegitimação por parte do parlamento regional”  sugeriu que se apresente uma moção de confiança ao Governo regional, algo que um deputado único não pode propor.

“Não faz sentido que Governo regional se mantenha em funções sem apoio parlamentar. A responsabilidade é da IL: ou voltam atrás e dão uma carta branca para que Governo se mantenha em funções ou não há condições e não vejo outras soluções que não seja eleições”, sublinhou André Ventura.