O chefe do Estado Maior da Armada e ex-coordenador da task force para a vacinação desvaloriza as sondagens recentes que o colocam como um dos favoritos à Presidência da República. Em entrevista à SIC, Henrique Gouveia e Melo diz acreditar que a população lhe está “agradecida”, mas não se deixa deslumbrar: “Isso não me sobe à cabeça”.

“Eu não me preocupo muito com sondagens, sinceramente acho que a população está agradecida, mas isso não me sobe à cabeça“, afirmou, quando questionado sobre se se sente orgulhoso pelos resultados das sondagens. Gouveia e Melo, que não tem negado a possibilidade de vir a concorrer à Presidência da República, prefere, porém, não se comprometer com uma decisão por considerar que não é o tempo certo.

“Nunca esclarecerei esse tipo de perguntas, porque acho que é deslocada para um militar que está no ativo como eu, e por isso o que lhe posso dizer é que — e repito — estou 100% focado na minha atividade militar que me dá muito gosto, que é tentar contribuir para que a marinha faça o seu papel na sociedade”, respondeu.

Em entrevista ao Observador, Henrique Gouveia e Melo já tinha, mesmo, pedido que deixassem de o questionar sobre uma candidatura a Belém. “Mas não estou preocupado com isso, estou concentrado na minha missão. E gostaria que me deixassem concentrar na minha missão e não me fizessem a mesma pergunta 300 vezes”, disse.

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Uma sondagem do CM/CMTV e Negócios, de novembro, dava Gouveia e Melo como o preferido à Presidência da República, à frente de Pedro Passos Coelho, mas num outro estudo de opinião mais recente, de fevereiro, já aparecia em quarto lugar.

Pedro Passos Coelho é o preferido dos portugueses para Belém, Gouveia e Melo cai para fora do pódio

“Houve períodos em que ponderei que se calhar teria de fazer outra coisa na vida”

Sobre a polémica gerada em torno da sua nomeação para Chefe do Estado Maior da Armada, o almirante não faz caso. “Achei que o poder político tinha o seu espaço de decisão e que iria decidir na altura que tinha de decidir e eu acataria essa decisão”, afirmou.

Em causa está a ‘mini-crise’ entre Belém e São Bento a propósito da nomeação de Gouveia e Melo para Chefe do Estado Maior da Armada (CEMA), quando Marcelo Rebelo de Sousa desautorizou o então ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, ao afirmar que a substituição do então CEMA não estava para breve — numa altura em que a Defesa já tinha informado Mendes Calado de que iria propor a sua exoneração a Marcelo.

À SIC, Gouveia e Melo admitiu ainda que ponderou deixar a carreira militar. “Houve períodos em que ponderei, eventualmente, que se calhar teria de fazer outra coisa na vida“, disse, sem especificar quais, ao certo, foram esses momentos de dúvida.

O ex-coordenador da task force para a vacinação recordou ainda os tempos da pandemia, em que tinha uma tarefa “gigantesca” em mãos. Rejeita que tenha havido “chatices” com o primeiro-ministro, que o apoiou “totalmente” durante o processo, e diz que a relação com Marta Temido, então ministra da Saúde, era “muito boa”, embora admita que eram pessoas “diferentes” — ele, “muito pragmático e objetivo” e ela com “mais preocupações de foro político”.

“O que eu sentia muitas vezes é que tinha uma tarefa de tal maneira gigantesca que a corrida era desenfreada, e as ações tinham de ser tomadas imediatamente. Essa ânsia de tomar ações e fazer acontecer coisas, às vezes, colidia com outras considerações”, afirmou.