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Rustik, um padre ortodoxo, viajou centenas de quilómetros, desde Dnipro, para ali estar, em Kiev-Petchersk Lavra. Foi um entre muitos. “Acredito que os monges estão a ser expulsos ilegalmente, e a propriedade e igrejas pelas quais trabalhámos durante vários anos estão-nos a ser retiradas”, afirmou à Reuters.

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Não esteve sozinho. Centenas de fiéis da Igreja Ortodoxa ucraniana juntaram-se na quarta-feira no principal mosteiro do país que, em plena guerra, se vê envolvido numa polémica que ameaça tornar ainda mais profundo o fosso que separa russos e ucranianos.

Em causa está a ordem, decretada pelo governo de Kiev, de que os monges ortodoxos residentes no mosteiro, que remonta ao século XI e tem estatuto de Património Mundial da Unesco, deveriam abandonar o terreno — que é propriedade de Estado ucraniano — até ao final deste mês.

Kiev acusa a Igreja Ortodoxa ucraniana, que historicamente esteve sempre ligada ao Patriarcado russo, tendo inclusive prendido cerca de 50 clérigos desde o início da invasão. O próprio mosteiro chegou a estar vinculado à Igreja russa, e tem um papel fundamental na história da ortodoxia dos dois países. Mas os ortodoxos ucranianos negam as acusações de traição, afirmando que cortaram todos os laços com a Igreja russa após o início da invasão, e recusam abandonar o edifício ao mesmo tempo que acusam o governo de Volodymyr Zelensky de perseguição.

A nossa Igreja foi a primeira de todas as organizações religiosas da Ucrânia a condenar a guerra de Putin contra a Ucrânia. Bendito seja o Exército ucraniano porque defende a pátria”, declarou à AFP o arcebispo Kliment, porta-voz ortodoxo.

O conflito já se arrasta há semanas, desde que o anúncio de despejo foi formalizado pelo governo. A 21 de março, uma delegação de oito bispos dirigiu-se à residência oficial de Volodymyr Zelensky, em Kiev, para se tentarem encontrar com o Presidente ucraniano, mas acabaram por ver o seu pedido rejeitado.

Desde então, interpuseram uma ação legal na justiça, para tentar impedir o despejo de prosseguir. Até lá, garantem, não vão arredar pé.

Até ao momento, as autoridades não tentaram forçar a saída dos monges. À Reuters, Kostyatyn Krainyk, um dos responsáveis pelo organismo que tutela o mosteiro, não clarificou que consequências pode enfrentar a Igreja Ortodoxa ucraniana, e remeteu a questão para uma comissão estatal responsável pelas decisões relativas ao acordo de arrendamento. “[A Igreja Ortodoxa] irá simplesmente deixar de usar [o complexo de Lavra]. Em relação a quando é que terão de o abandonar, a comissão vai decidir”.

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