O secretário-geral do PCP disse esta sexta-feira, em Rio Maior, esperar que o descontentamento dos trabalhadores de vários setores tenha “grande expressão” na manifestação do 1.º de Maio, porque “já não há costas suficientes para tanto pé em cima”.

Paulo Raimundo juntou-se aos trabalhadores que estão concentrados à porta da Nobre Alimentação, em Rio Maior (Santarém), assinalando o dia de greve que cumprem para exigirem aumentos salariais, numa empresa que paga o salário mínimo nacional independentemente dos anos de serviço ou da função desempenhada.

Para o secretário-geral do PCP, o que está a falhar é “o princípio de gestão” de uma sociedade que permite que uma empresa pague o salário mínimo de modo transversal a todos os trabalhadores e que pratique a precariedade, quando existe laboração contínua, mostrando que “precisa dos trabalhadores todos os dias”.

Lembrando que a Nobre Alimentação, detida pela multinacional Sigma, tem lucros, Paulo Raimundo lamentou que estes sejam distribuídos pelos acionistas, indo para o bolso dos trabalhadores “aquilo que é legalmente o mínimo obrigatório”.

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“Isto é uma injustiça e não há razão nenhuma para isso”, declarou, defendendo que, se bem que “o respeito e a dignidade não pagam as contas, estas pessoas merecem respeito” e não serem tratadas como “mais uma peça como outra coisa qualquer, mais uma máquina para a produção”.

Questionado sobre o papel da Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT), o líder comunista apontou os poucos meios e a necessidade de maior capacidade de intervenção deste organismo, mas frisou que, “aqui, a questão é mais de fundo”.

Sobre a conflitualidade que se vive em vários setores, Paulo Raimundo salientou que “as pessoas não fazem greve, não se manifestam porque lhes apetece, mas porque têm razões para isso”.

“Enquanto as razões não forem retiradas, a luta vai ter de continuar e vai-se intensificar, não há alternativa. Qual é a alternativa? Estas pessoas serem todos os meses espezinhadas com 760 euros do salário mínimo, o que na prática faz com que façam a gestão da sua vida com pouco mais de 600 euros? Isto não pode ser”, declarou.

Para Paulo Raimundo, enquanto não se resolver a questão dos salários, que é “uma emergência nacional”, da habitação, da saúde, “e há condições para se resolver, é natural, e obrigatório, que as pessoas protestem e lutem, porque (…) já não há costas suficientes para tanto pé em cima”.

A presença do secretário-geral do PCP junto dos trabalhadores da Nobre inseriu-se na ação nacional “Mais Força aos Trabalhadores”, que o partido tem vindo a desenvolver em vários pontos do país.