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Um lance de Otávio que é o espelho de toda a era Sérgio Conceição (a crónica do Arouca-FC Porto)

Este artigo tem mais de 6 meses

Aquela jogada tinha tudo para se perder mas Otávio deu de calcanhar, olhou a levantar-se e assistiu de forma perfeita Marcano: médio é bem mais do que um jogador por mérito do treinador (0-1).

Marcano reforçou o estatuto de defesa mais goleador de sempre da história do FC Porto marcando o único golo após mais uma assistência de Otávio
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Marcano reforçou o estatuto de defesa mais goleador de sempre da história do FC Porto marcando o único golo após mais uma assistência de Otávio

AFP via Getty Images

Marcano reforçou o estatuto de defesa mais goleador de sempre da história do FC Porto marcando o único golo após mais uma assistência de Otávio

AFP via Getty Images

As vitórias com o Boavista (Campeonato) e com o Famalicão (Taça de Portugal) tiveram finais emocionantes mesmo não sendo brilhantes a nível de qualidade de exibição mas mostraram sobretudo algo que a meio de março parecia ser uma mera miragem: o FC Porto manteve-se vivo e com mais do que uma frente em aberto na entrada em maio. Porque dos dez pontos de atraso em relação ao Benfica que até poderiam ser 13 caso os encarnados tivessem ganho o clássico sobravam apenas quatro. Porque entre a eliminatória empatada nas meias da Taça de Portugal surgiram dois golos fantásticos nos descontos do prolongamento que valeram uma nova presença no encontro decisivo. Porque depois de uma série com apenas duas vitórias em seis encontros entre Primeira Liga e Liga dos Campeões entre o final de fevereiro e o início de março seguiu-se uma série de sete vitórias consecutivas entre Campeonato e Taça de Portugal que mostrou a fibra dos dragões. Era essa fibra que voltava a estar em jogo em Arouca, numa partida a seguir à vitória do Benfica com o Sp. Braga.

Arouca-FC Porto. Dragões procuram oitava vitória seguida para reduzirem desvantagem para o Benfica

“Será um jogo difícil, contra uma equipa que tem feito um Campeonato muito positivo, até acima das expetativas que algumas pessoas pudessem ter. Já defrontámos o Arouca esta época mas agora é um jogo diferente. É uma equipa que no processo defensivo se organiza de uma forma interessante, dificulta a tarefa do adversário, trabalha com uma coesão muito interessante e tem sempre na sua dinâmica em posse um futebol positivo, com jogadores que sabem o que fazem. O Armando [Evangelista] tem feito um excelente trabalho, sempre numa evolução constante. É importante estamos focados na nossa ida a Arouca e ganhamos os três pontos, para continuarmos firmes até ao final do Campeonato”, elogiara Sérgio Conceição em relação ao quinto classificado da Liga, passando ao lado do impacto do triunfo do líder nesta jornada.

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“Muito sinceramente estamos atentos ao Campeonato mas não me compete analisar jogos dos adversários, apenas preparar a minha equipa para o jogo. Claro que estamos atentos ao que os adversários fazem mas isso não interfere em nada na nossa caminhada. Hoje [Domingo] a sensação que me deu ao treinar a equipa é que vi uma equipa madura, que fez um treino com a mesma alegria de sempre, com dedicação máxima. Vi que aqui ninguém desarma, estamos firmes até ao final do Campeonato. Depois fazem-se as contas”, salientara antes da 13.ª partida em que não poderia estar no banco de suplentes por castigo desde que chegou ao FC Porto, no seguimento da expulsão após o golo de Otávio no encontro da Taça de Portugal com o Famalicão – com essa particularidade de Vítor Bruno ter dez vitórias e um empate como “principal”.

A antevisão do treinador dos azuis e brancos seria muito marcada ainda por essa partida na passada quinta-feira, não apenas pelo relatório do árbitro Manuel Mota que Sérgio Conceição classificou de “mentira” mas também pela polémica em torno de Pepe e o alegado insulto racista do jogador Santiago Colombatto (que veio entretanto explicar que dissera a frase “Deste-me uma patada, idiota” e não “mono”, que é macaco em português). E foi a esse propósito que o técnico voltou a deixar rasgados elogios ao seu capitão de 40 anos – algo que também faria em relação ao castigado Uribe, que está em final de contrato no Dragão e deve mesmo deixar o clube no verão –, passando o rol de conquistas como jogador para explicar uma atitude e uma forma de estar que gostaria que contagiasse todos os restantes elementos do plantel azul e branco.

“Quem tenta falar sobre um jogador que tem três Ligas do Campeões, quem insulta, provoca um jogador destes, que tem um Campeonato da Europa pelo nosso país, um dos jogadores mais titulados em Portugal e no Mundo, é um profissional com 40 anos que dá o que dá ao clube e à Seleção Nacional… Há uns que nascem para serem campeões, como o Pepe, e outros que nascem para ser comentadores, com umas análises de auto-ajuda e coisas do género. Uns nascem para ter vitórias no seu dia a dia que dão títulos, outros para esse tipo de situações, para serem comentadores ou fazer análise emocional em programas que passam na nossa televisão”, ironizou Sérgio Conceição para reforçar o peso do capitão portista, que ganharia um redobrado estatuto em Arouca perante a ausência do timoneiro no banco (ficou num camarote).

Mais uma vez, o central foi um dos melhores e mais regulares da equipa, tendo também ao seu lado um outro jogador muito experiente mas com mais golo e que consolidou o estatuto de defesa mais goleador dos azuis e brancos apesar de mais um erro pouco comum na primeira parte que lhe valeu depois um cartão amarelo (Marcano). No entanto, a cara da era Sérgio Conceição, técnico que se tornou na bancada aquele que orientou mais encontros do FC Porto de forma isolada (323 jogos, mais um do que José Maria Pedroto), é a de Otávio, o jogador com mais partidas realizadas pelos azuis e brancos desde a temporada de 2017/18. Pelo que joga, pelo que assiste, pelo que marca mesmo sabendo que poderia marcar muito mais, pelo que vai emprestando à equipa em termos defensivos sem perder a clarividência nas missões atacantes. Se Pepe foi sempre um campeão, Otávio tornou-se um campeão. E esse é mais um dos títulos do técnico no Dragão.

Ficha de jogo

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Arouca-FC Porto, 0-1

31.ª jornada da Primeira Liga

Estádio Municipal de Arouca

Árbitro: João Pinheiro (AF Braga)

Arouca: Arruabarrena, Galovic, Milovanov (Arsénio, 63′), Opoku, Mateus Quaresma; Soro (Michel, 63′), David Simão (Pedro Moreira, 90′), Alan Ruíz; Sylla (Lawal, 90′), Antony e Mujica (Bruno Marques, 77′)

Suplentes não utilizados: João Valido, Sema Velazquez, Uri e Yaw Moses

Treinador: Armando Evangelista

FC Porto: Diogo Costa; Pepê, Pepe, Marcano, Wendell; Grujic (André Franco, 86′), Eustáquio (Danny Loader, 90+4′); Otávio, Galeno (Gabriel Veron, 90+4′); Evanilson (Toni Martínez, 72′) e Taremi (Bernardo Folha, 86′)

Suplentes não utilizados: Cláudio Ramos, Fábio Cardoso, Zaidu e Rodrigo Conceição

Treinador: Vítor Bruno (em vez do castigado Sérgio Conceição)

Golo: Marcano (44′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Otávio (31′), Marcano (33′) e Sylla (86′)

Com os regressos naturais de Diogo Costa e Marcano, a entrada de Eustáquio para o lugar do castigado Uribe e a aposta na dupla Taremi-Evanilson, o FC Porto não demorou a assumir o controlo do jogo, a assentar no meio-campo contrário e a tentar explorar os movimentos na profundidade de Pepê pela direita que iam permitindo as deambulações de Otávio para o corredor central ao mesmo tempo Galeno dava a largura à esquerda. Falhava o último passe, o último toque, o último movimento. Tudo o que funcionou na perfeição pouco depois dos dez minutos, quando numa fantástica jogada de envolvimento Otávio picou a bola por cima da defesa do Arouca e Taremi fez um chapéu de aba demasiado larga que bateu na trave antes de sair pela linha de fundo (11′). Ainda houve mais dois lances com sensação não confirmada de perigo depois de lances de bola parada mas essa seria a grande oportunidade dos azuis e brancos nessa entrada mais forte.

[Clique nas imagens para ver os melhores momentos do Arouca-FC Porto em vídeo]

Pouco depois do quarto de hora inicial, um passe mal medido com os pés de Diogo Costa que acabaria por tornar-se uma jogada sem perigo foi uma espécie de despertador para o arouquenses, que “despertaram” do meio-campo para a frente a todos os níveis. Sem bola, a formação da casa foi tendo outra capacidade para pressionar a primeira fase de construção dos azuis e brancos, que iam ficando reféns do jogo que tentavam canalizar pela esquerda com Wendell no apoio a Galeno; com bola, o Arouca conseguiu meter alguns dos seus habituais movimentos verticais, ainda que só por uma vez os mesmos tivessem terminado em remate (fraco, de Mujica, aos 24′). Os minutos foram passando sem qualquer oportunidade mas com os visitados a ficarem mais confortáveis na partida, conseguindo bloquear em toda a linha o ataque dos portistas.

Só mesmo na fase final da primeira parte voltou a haver FC Porto no plano ofensivo, com uma fase de maior acerco à baliza contrária que começou com uma fantástica defesa de Arruabarrena a remate em arco a partir da esquerda de Galeno (40′) depois de um momento da partida em que o recuo de Sylla para uma defesa a cinco acabou por condicionar as ideias dos azuis e brancos. Sucederam-se os cantos. Um, outro, mais um. E foi no seguimento de um canto que nasceu mesmo o primeiro golo portista, com a bola parada na esquerda a sair demasiado longa, Otávio a ir ao lado contrário tocar de calcanhar para Grujic, a levantar-se, a receber o passe do sérvio e a cruzar ao segundo poste para o desvio de cabeça sem hipóteses de Marcano (44′). O descanso chegava sem muitas oportunidades mas com os dragões a passarem para a frente do marcador.

O segundo tempo começou com mais velocidade nas duas equipas (o Arouca nas transições, o FC Porto em ataque organizado) e com Armando Evangelista a pedir ao conjunto da casa para arriscar mais sem bola, subindo as linhas de pressão de forma bem percetível para condicionar a saída dos dragões. Algumas vezes os azuis e brancos tiveram mesmo de bater longo, noutras ocasiões foram conseguindo sair em passes verticais aproveitando os espaços que iam ficando sobretudo nas costas dos laterais contrários. Aos poucos esse efeito surpresa do Arouca foi-se diluindo, sendo que o FC Porto, nos dois remates tentados, também não conseguiu superar um Arruabarrena seguro (Pepe aos 55′ de cabeça, Otávio à entrada da área aos 65′).

O encontro ia avançando para o seu final com os técnicos a fazerem as primeiras mexidas sem um impacto direto naquilo que estava a ser o filme do mesmo. Depois dos minutos iniciais de maior pressão, o Arouca voltou a desaparecer da partida a partir do momento em que o FC Porto percebeu como passar essas linhas mais subidas mas, em paralelo, também os dragões conseguiam colocar a bola no espaço e chegar com algum à vontade ao último terço de campo antes de tudo deixar de carburar como é normal. Foi assim que Taremi recebeu de Galeno e rematou em jeito para nova defesa de Arruabarrena (76′), foi assim que Galeno recebeu na profundidade de Otávio mas viu o guarda-redes desviar para canto quando tentava picar a bola por cima do uruguaio (81′) e foi assim que chegou o apito final de um jogo sem grandes motivos de interesse mas que permitiu que os azuis e brancos dessem um passo quase decisivo para a entrada na Champions.

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