A Cofina confirma que recebeu nos dias 27 e 28 de junho, “uma oferta vinculativa e uma oferta vinculativa revista, respetivamente, para a aquisição da totalidade das ações representativas do capital social da Cofina Media, S.A. (“Cofina Media”)”. A proposta é subscrita pela por Ana Dias, Luís Santana (administradores da Cofina Media) e Octávio Ribeiro, a quem se juntará um conjunto de investidores não identificados. De acordo com notícias veiculadas esta sexta-feira por vários órgãos de comunicação, Cristiano Ronaldo será um desses investidores.

Em comunicado à Comissão de Mercado de Valores Mobiliários, a empresa dona do Correio da Manhã indica a oferta prevê um “preço calculado considerando um Enterprise Value (incluindo a dívida que era de 25,6 milhões de euros no final do ano passado) de 75 milhões de euros, sujeito a condições e ajustamentos”. A proposta está numa fase preliminar de avaliação. A empresa já comunicou aos proponentes que o prazo de 5 dias úteis por estes proposto para decisão da Cofina revela-se insuficiente, tendo pedido 60 dias “prorrogáveis unilateralmente tendo em conta critérios de razoabilidade e na medida do necessário.”

O esclarecimento surge após a suspensão das ações determinada pela CMVM, na sequência de notícias que davam conta do avanço da operação de MBO (sigla inglesa para a aquisição feita por quadros da empresa) está a ser liderado por Luís Santana, administrador executivo da Cofina Media, e Octávio Ribeiro, que, até 2021, altura em que abandonou a empresa, liderou a direção-geral editorial do grupo.

Segundo o Eco, que cita duas fontes anónimas, o acordo com o internacional português de futebol, atualmente a jogar no saudita Al-Nassr, já estará fechado.

Uma “fonte próxima” do próprio jogador confirmou, entretanto, a informação ao Jornal de Negócios, que pertence ao grupo Cofina, garantindo que Ronaldo está “muito entusiasmado” com o negócio. “O melhor jogador português de sempre está muito entusiasmado com a perspetiva de investir na comunicação social no seu país, num projeto líder, baseado na informação independente em que os portugueses se habituaram a confiar e a preferir”, refere ao Negócios a fonte não identificada.

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“Cristiano Ronaldo gosta de ganhar, pelo que fica sempre feliz quando se associa a projetos vencedores. Este investimento é mais um passo no sentido de aprofundar a ligação a Portugal e numa área fascinante e cheia de futuro”, diz ainda.

Entretanto, em declarações à agência Lusa, Luís Santana, também confirmou que CR7 vai mesmo ser um dos investidores no negócio: “Contar com Cristiano Ronaldo, o melhor futebolista de sempre, um atleta de exceção que partilha os valores da exigência, do rigor, do trabalho e da resiliência, como investidor é naturalmente um grande motivo de satisfação para a equipa que está a desenvolver o Management Buy Out da Cofina Media, que oportunamente será apresentado aos acionistas”.

[Já saiu: pode ouvir aqui o último episódio da série em podcast “Piratinha do Ar”. É a história do adolescente de 16 anos que em 1980 desviou um avião da TAP. E aqui tem o primeiro, o segundo, o terceiro, o quarto e o quinto episódios.]

Também de acordo com o jornal, os atuais acionistas da Cofina, nomeadamente Paulo Fernandes, atual administrador e acionista dominante, deverão manter-se no capital da empresa.

Apesar de as condições do acordo ainda não serem conhecidas “em detalhe”, diz o Eco, tudo aponta para que cada um destes três grupos — atuais acionistas, subscritores do MBO e investidor Cristiano Ronaldo — tenham participações a rondar os 30%. Os acionistas de referência, ao contrário dos minoritários, têm participações suficientes para poderem intervir e influenciar a gestão das empresas.

Cristiano Ronaldo e os principais títulos da Cofina, Correio da Manhã e CMTV, têm um historial pouco pacífico, com acusações de parte a parte, nomeadamente em tribunal — em julho de 2014 o jornal foi condenado por crime de devassa da vida privada, na forma agravada, devido a uma notícia sobre a alegada mãe do filho mais velho do jogador, Cristianinho.

Nesse mesmo ano, depois de o capitão da seleção portuguesa se ter recusado a responder a uma pergunta feita pela jornalista da CMTV, em conferência de imprensa, Octávio Ribeiro, então diretor do jornal e do respetivo canal , acusou Ronaldo de não cumprir “aquela que é a sua obrigação mínima de responder a todos os órgãos de comunicação social”.

Em 2016, durante o Europeu de França, as relações entre Ronaldo e CM atingiram o ponto mais baixo, com o famoso arremesso do microfone do canal para o fundo de um lago, em Lyon.