A associação Plateia considerou esta terça-feira “devastadores” os resultados provisórios dos Apoios a Projetos, na área da Criação, divulgados na segunda-feira pela Direção-Geral das Artes, que contemplam apenas um quarto das candidaturas, e apelou a um “substancial reforço da verba”.

“Estes resultados provisórios — [segunda-feira] ficámos a conhecer o último, o de criação — são devastadores, tal como seria de esperar tendo em conta a verba claramente insuficiente e desfasada daquilo que é o natural crescimento e a forte dinâmica do setor artístico”, afirmou, em comunicado, a Plateia — Associação de Profissionais das Artes Cénicas.

De acordo com os resultados anunciados, foi proposto financiamento a 210 projetos artísticos, o que representa um quarto dos 833 projetos que se candidataram, com um montante global de 5,25 milhões de euros e um financiamento individual de até 55.000 euros.

Para a Plateia, uma das principais provas da insuficiência e desfasamento das verbas para este setor é a “enorme discrepância entre a excelente pontuação atribuída pelo júri do concurso a centenas de projetos e o escasso número de projetos que poderão ser apoiados, apenas por falta de verba”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Por inúmeras vezes e por diversas vias, foi pedido ao Ministério da Cultura e ao seu Ministro que fizesse antecipadamente um reforço de verba, que vimos como possível e desejável. De nada serviram os apelos. O aumento de financiamento que se tem verificado na dotação dos Apoios da Direção-Geral das Artes não corrige o subfinanciamento destas políticas e muito menos acompanha o salutar crescimento do tecido artístico”, lamentou a associação.

Apesar da urgência da comunicação dos resultados finais — a Plateia tem vindo a contestar os sucessivos e “inexplicáveis” atrasos, tanto na abertura dos concursos como na divulgação dos resultados provisórios — a associação defende que este é “o momento” para o ministro da Cultura reforçar a verba dos apoios.

“Mesmo se não nos chegassem notícias recorrentes sobre o excelente estado das contas públicas, até com excedentes, mesmo se não se tivesse verificado um crescimento da economia portuguesa, mesmo sem os recentes anúncios do Sr. Ministro das Finanças quanto a uma alteração da sua política de cativações, o reforço de que aqui falamos continuaria a ser uma necessidade estratégica, estrutural e absolutamente possível ainda este ano”, salientaram os profissionais das artes cénicas.

A associação lembrou ainda que, há um ano, a tutela “corrigiu a mão” e reforçou os apoios sustentados, quando percebeu que as verbas eram insuficientes, sublinhando que agora, mais uma vez, é “tempo de assumir que esta medida é totalmente indispensável e possível”.