Foi tudo uma questão de minutos. Por pouco, Khadija não deu à luz no meio do tremor de terra que atingiu a Cordilheira do Atlas, a cerca de 70 quilómetros de Marraquexe, na passada sexta-feira. Mas não é por isso que as duas não estão a lutar pela vida.
“Só temos Deus”, garante a mãe da recém-nascida, que deu entrada no hospital da capital de Marrocos, no dia 8 de setembro. Mal sabia ela que, horas depois, um sismo de 6.9 na escala de Richter viria a causar 2.122 mortos e 2.421, tendo em conta o balanço de domingo.
Já Khadija e a bebé, que ainda não tem nome, não sofreram qualquer tipo de ferimentos. No entanto, o hospital onde estavam teve de ser evacuado e as duas foram obrigadas a ir para casa mais cedo. Ou, pelo menos, era isso que pensavam.
“Disseram-nos que tínhamos de ir, devido ao receio de réplicas”, contou, citado pela BBC. Desta forma, após um check-up rápido, Khadija, o marido e a bebé apanharam um táxi para a cidade de Taddart, localizada na Cordilheira de Altas, onde se deu o epicentro do sismo.
Durante o caminho, o motorista foi tentado a desviar-se dos diversos destroços encontrados no meio da estrada. Mas, ao chegar à cidade de Asni, teve o acesso completamente bloqueado.
Khadija, o marido e a recém-nascida não tiveram outro remédio senão sair do carro. E é na berma da estrada que têm vivido desde sábado de manhã.
“Não recebi qualquer ajuda ou assistência das autoridades”, confessou a mãe, “enquanto segurava na sua bebé e a abrigava do sol, debaixo de um pedaço de lona frágil”.
Morocco earthquake: Baby starts life in tent as quake victims await aid
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— DigitalDrive (@itsmarketingmok) September 11, 2023
“Pedimos mantas aos residentes desta vila, para termos algo com que nos tapar”, acrescentou. Graças às ofertas dos moradores, a mulher conseguiu montar uma tenda. No entanto, continua a ter apenas uma muda de roupa para a bebé.
A ideia é que esta solução seja apenas temporária e que Khadija e a sua família regressem à sua cidade natal assim que o acesso às estradas for limpo. Contudo, os seus amigos já a alertaram que a sua casa ficou bastante degradada com o sismo, não sabendo se reúne condições para servir de abrigo.