As operações de busca continuam a decorrer em Marrocos, depois de na sexta-feira um sismo de magnitude 6.8 na escala de Richter, ter atingido a Cordilheira do Atlas, a pouco menos de 70 quilómetros de Marraquexe — tendo-se sentido em Portugal e em Espanha. Dados do ministério do Interior marroquino, divulgados esta segunda-feira, elevam para 2.862 o número de vítimas mortais, diz o New York Times.

As equipas de socorro continuam a minuciosa e complexa operação de busca por sobreviventes e pelos corpos das vítimas mortais, naquele que é o maior sismo dos últimos 60 anos me Marrocos (em 1960 um terramoto atingiu Agadir, provocando 12 mil vítimas mortais).

As dificuldade nas operações de salvamento persistem em várias localidades, sobretudo nas aldeias montanhosas, mais remotas e em altitudes superiores, onde as estradas são mais estreias, estando agora obstruídas por enormes pedras — houve povoações que foram completamente destruídas pelo sismo. Alguns dos acessos estão completamente impedidos e intransitáveis, o que significa que há populações completamente isoladas desde sexta-feira, relata a CNN.

Um conjunto de ambulâncias de uma Organização Não Governamental (ONG) aguarda, esta segunda-feira, relata o The New York Times, para entrar em Douar Tnirt, aldeia remota do Atlas que recebeu muito pouca ajuda das autoridades e onde escasseiam ambulâncias e outros meios de transporte — há relatos de pessoas que, retiradas dos escombros, morreram ante de conseguir chegar a Marraquexe para receber ajuda médica.

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Com relatos de sobreviventes a dormirem ao relento, foram montadas tendas de apoio em diferentes localidades para acolher as pessoas que ficaram sem casa. Centenas de médicos e enfermeiros, ambulâncias e equipamentos médicos estão a ser enviados para as áreas mais afetadas, indicou Mustapha Baitas, porta-voz do governo marroquino. Foi também aprovada a criação de um fundo para receber doações de indivíduos e organizações privadas.

Estamos preparados para um sismo como o de Marrocos? Há boas regras, mas também “disparates” — e falta fiscalização

O tremor de terra, que atingiu Marrocos na sexta-feira, 8 de setembro, já fez, segundo o último balanço do ministério do Interior, esta segunda-feira, 11, um total de 2.862 mortos e 2562 feridos. 

Com muitos países em todo o mundo a oferecem ajuda (incluindo Portugal), no domingo — dois dias depois do sismo (ou seja, a chegar ao final do prazo de 48 horas, o mais determinante nas operações de salvamento) — Marrocos aceitou o auxílio de apenas quatro nações (Reino Unido, Espanha, Catar, Emirados Árabes Unidos), anunciou o Rei Mohammed VI, através de um comunicado do ministério do Interior.

O auxílio tem, ainda assim, chegado de várias formas, geografias e entidades: França já anunciou uma verba de cinco milhões de euros para organizações não-governamentais em missão em Marrocos; a Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho vai ajudar com 1,05 milhões de euros para ajudar em missões de resposta; de Israel e da organização humanitária IsrAid chega uma equipa de seis pessoas que está a distribuir itens de higiene e cobertores — há mais elementos da organização apenas à espera do pedido de auxilio Marrocos, diz o New York Times. De Portugal segue a ajuda de uma associação luso-marroquina, a Estrela Marroquina, que, fruto de uma ação de angariação de fundos, vão levar dinheiro para as zonas mais afetadas pelo sismo e trocá-lo por bens essenciais, que serão distribuídos pela população.

Associação luso-marroquina, Estrela Marroquina, prepara-se para levar ajuda a caminho de Marrocos

Antony Blinken, chefe da diplomacia americana, já conversou com o ministro do Negócios Estrangeiros marroquino ao telefone, expressando a sua “profunda dor e tristeza”. Os dois países discutiram “a melhor forma de os Estados Unidos apoiarem o governo de Marrocos”. Os delegados presentes numa reunião do Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas, prestaram um minuto de silêncio em homenagem às vítimas do sismo.

No domingo, um comunicado do ministério do Interior, transmitido pela emissora estatal 2M, indicou que, após “uma avaliação cuidadosa das necessidades no terreno, tendo em conta que a falta de coordenação em tais casos seria contraproducente”, as “autoridades marroquinas responderam, nesta fase particular, às ofertas de apoio feitas pelos países amigos Espanha, Catar, Reino Unido e Emirados Árabes Unidos, que sugeriam a mobilização de um grupo de equipas de busca e salvamento”.

Marrocos, que tem sido criticada pela resposta lenta e falta de prontidão na gestão da ajuda oferecida, admitiu aceitar mais auxílio, caso necessário: “Com o progresso das intervenções, poderá desenvolver-se a avaliação das necessidades potenciais, o que poderá levar ao regresso a ofertas de apoio de outros países amigos, de acordo com as necessidades de cada fase separadamente.”

No domingo, o Reino Unido anunciou o envio 60 operacionais e quatro cães; Espanha 86 operacionais e oito cães. Também no domingo, partiu da base aérea de Al-Udeid, no Catar, um avião com operacionais que para se juntarem às equipas de resgate.

Com a procura elevada na sequência do sismo, a TAP voltou a reforçar os voos entre Portugal e Marrocos nesta segunda-feira, 11 de setembro. Já no domingo o número de lugares tinha duplicado nos três voos agendados entre Lisboa, Casablanca e Marraquexe.