O novo adido social de Portugal na Venezuela, William Figueira, disse este sábado estar muito “sensibilizado” com as dificuldades que afetam a comunidade portuguesa da Venezuela, país onde, disse, tem encontrado conterrâneos em “situações muito complicadas e difíceis”.

“A situação na Venezuela está muito complicada […] Temos pessoas passando por situações muito complicadas, muito complexas”, disse.

William Figueira falava à agência Lusa no Centro Marítimo da Venezuela (15 quilómetros a leste de Caracas) no âmbito de uma jornada de apoio social promovida pelo Consulado Geral de Portugal em Caracas, na qual participaram 45 portugueses carenciados.

Nascido na Venezuela, William Figueira exerceu como psicólogo clínico na Madeira, tendo regressado a Caracas em 1 de agosto último, depois de ser nomeado adido social pelo secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, Paulo Cafôfo.

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“Temos tentado fazer um (bom) trabalho (…) não sou eu que vou avaliar o meu trabalho, mas neste momento as pessoas estão, pelo menos, a ser escutadas e encaminhadas para o lugar certo, das ajudas”, frisou.

Por outro lado, explicou que as jornadas “enquadram-se” no recém-criado Conselho Social e que são “uma forma de chegar mais perto dos portugueses”.

“Hoje foi aqui no Centro Marítimo, em Turumo. Mas (já) tivemos uma em Los Teques, vamos ter agora outra em Puerto Ordáz. A ideia é chegar onde estão os portugueses”, disse, sublinhando que “num país de 900.000 quilómetros não é fácil” para as pessoas deslocarem-se à procura de ajuda e que é preciso chegar até elas.

Segundo o novo adido social, “os consulados-gerais de Valência e Caracas estão a trabalhar em conjunto com a embaixada para chegar aos portugueses que precisem realmente”.

“Neste momento, nós temos muitas pessoas já idosas, carenciadas, que estão a solicitar muita ajuda com medicamentos, pessoas que têm alguma doença e pessoas mais novas, pessoas que querem regressar a Portugal. Mas basicamente o grosso é pessoas idosas a pedir ajuda”, frisou.

William Figueira explicou que o Governo português tem um programa – Apoio Social ao Idoso Carenciado (ASIC) -, “que é uma pensão não contributiva, uma ajuda que dá a Portugal aos emigrantes que estão fora de Portugal, às comunidades portuguesas” e que para solicitá-lo “basicamente as pessoas precisam levar alguns papéis, provar que estão carenciados e que realmente precisam”.

Explicou ainda que além das jornadas de apoio social, nos consulados-gerais de Valência e Caracas, há serviços permanentes, onde as pessoas podem chegar a pedir ajuda “e sempre são atendidas”.

Por outro lado, explicou que na primeira reunião do Conselho Social surgiu a necessidade de ajudar cidadãos “que não se enquadram no ASIC” por não serem pessoas idosas.

“Hoje atendemos uma pessoa que teve um AVC, que está quadriplégico e que precisa de ajuda. A rede médica (portuguesa) é uma ajuda importante, mas é preciso mais, e não é o único caso, há muitos casos deste género e de crianças com necessidades especiais, com autismo”, exemplificou.

Segundo William Figueira, para esses casos está o Apoio Social ao Emigrante Carenciado (ASEC), um programa de ajuda “para um momento especial”, por exemplo “para quem precisar de uma intervenção cirúrgica, um tratamento, mas que é (dada apenas) uma vez”.

“Todas as associações (…) estão a trabalhar nas mesmas linhas. É inquestionável que a comunidade é solidária, muito solidária. E isso é uma grande mais-valia para a comunidade”, frisou.

O adido explicou ainda que essa solidariedade se verifica mesmo num momento em que “inclusive, alguns clubes estão a ter alguma dificuldade para manter a sua operação, porque as pessoas já não conseguem pagar as joias que pagavam anteriormente”.

“Estão a ter alguma dificuldade, mas continua a solidariedade. É um exemplo vivo”, sublinhou, exemplificando com iniciativas de “casa cheia” em que todos querem dar “o seu pequeno grão de areia”.