A Assembleia Municipal de Lisboa mostrou-se esta terça-feira favorável a uma solução de “linha em laço”, no âmbito da expansão da rede do Metropolitano, para minorar os problemas decorrentes da opção pela linha circular.

Essa tomada de posição resulta de uma moção da Iniciativa Liberal (IL) “por uma solução verdadeiramente metropolitana” relativamente à expansão da rede do Metropolitano de Lisboa, que foi aprovada por maioria na assembleia municipal, com os votos contra do PS e da deputada independente Daniela Serralha (eleita pela coligação PS/Livre) e a abstenção do independente Miguel Graça (eleito pela coligação PS/Livre).

A maioria dos deputados municipais, designadamente BE, Livre, PEV, PCP, PSD, PAN, IL, MPT, PPM, Aliança, CDS-PP e Chega, votou a favor da moção, aplaudindo após a aprovação.

Além de “manifestar sua posição favorável a uma solução de ‘linha em laço'”, a moção insta o Governo a clarificar qual a opção tomada face às declarações contraditórias entre os responsáveis do Metropolitano e os membros do executivo nacional, bem como a assegurar que os desenvolvimentos em curso no projeto da linha circular permitem a circulação em laço.

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Devemos exigir do Governo clareza nas decisões e que este assegure e se comprometa que a solução a implementar permita o modelo de circulação em laço, para não sermos apanhados uma vez mais com uma política de facto consumado, tão habitual quando se trata de questões do Metro”, defendeu o deputado da IL Rodrigo Mello Gonçalves, na apresentação da moção.

O deputado da IL reforçou que a solução a implementar deve garantir rapidez e fiabilidade, um transporte que dê resposta às necessidades dos passageiros: “O que as pessoas não querem é mudar para pior. A linha circular e um transbordo no Campo Grande é uma mudança para pior que temos de evitar”.

É necessária uma resposta clara sobre as opções tomadas e é fundamental assegurar que os utilizadores da linha amarela tenham um acesso fácil e direto ao centro, sob pena de o transporte público perder atratividade e assistirmos a um aumento do tráfego automóvel, com todos os inconvenientes que daí resultam”, expôs a IL.

Da bancada do PSD, Luís Newton classificou o projeto da linha circular de “aberração”, realçando o viaduto que vai atravessar o vale de Alcântara e que irá criar “um fenómeno de agressão urbana”, com a constante produção de ruído e vibrações, que irão “destruir a qualidade de vida naquela zona”.

O social-democrata apontou também “um momento tipo Disneylândia, em que o Metropolitano vai atravessar um edifício”, criticando a “total ausência de visão estratégica” relativamente à expansão da rede do Metropolitano e acusando o PS de “teimar em destruir o bom serviço público”, com desastres de intervenção e planeamento urbano, questionando porque é que o Estado interfere na gestão da cidade.

Éramos contra a circular, não somos grandes fãs do laço, mas é melhor do que a circular porque, quando confrontados com factos consumados, procuramos mitigar o que de pior existia, mas o que se passa em Campo de Ourique e o que se passa no bairro de Alcântara, na freguesia da Estrela, continua a ser uma enormidade”, declarou Luís Newton.

Também a deputada do PCP Natacha Amaro reiterou as críticas à opção do Governo pelo projeto da linha circular.

O grupo municipal do PS optou por não se pronunciar sobre o assunto discutido no âmbito do debate para declarações políticas.

O funcionamento da linha circular, tal como está definido, prevê que os passageiros que saiam das estações de Odivelas, Senhor Roubado, Ameixoeira, Lumiar, Quinta das Conchas e Telheiras tenham de fazer transbordo no Campo Grande se quiserem ir para outras zonas de Lisboa.

Com a circulação “em laço”, esse transbordo deixa de ser necessário e o comboio que sai da futura linha Amarela segue viagem pela nova linha circular.