A ministra Helena Carreiras refutou as acusações do ex-responsável financeiro da Defesa Paulo Branco, considerando que põem em causa o seu trabalho científico enquanto investigadora no ISCTE, e garantiu que reagirá “fortemente”.

O ex-diretor de Serviços de Gestão Financeira do Ministério da Defesa Nacio­nal, acusado de corrupção e branqueamento na operação Tempestade Perfeita, declarou que financiou “ao longo dos anos” as investigações académicas de Helena Carreiras para que a investigadora desse um “carimbo científico” aos dados recolhidos pela Direção-Geral do Ministério da Defesa, noticia o Expresso, citando declarações de Paulo Branco durante um interrogatório judicial realizado no verão.

“Essas afirmações são falsas, são inaceitáveis”, afirmou esta sexta-feira a ministra Helena Carreiras em declarações à Lusa, considerando que “põem em causa” o seu “trabalho de investigação na relação com o Ministério da Defesa no passado”.

O meu trabalho de investigadora na área das Forças Armadas e de sociologia militar é um trabalho de longas décadas, reconhecido e profusamente publicado, avaliado pelos meus pares e não permitirei que este tipo de insinuações venha pôr em causa esse meu trabalho. Em boa parte esse trabalho é, também, a razão pela qual eu sou ministra da Defesa”, acrescentou Helena Carreiras.

À Lusa disse ainda que vai “reagir fortemente contra falsidades, mentiras que coloquem em causa” o seu trabalho: “Farei o que for preciso ser feito, mas não admitirei esse tipo de insinuações e falsidades. Não permitirei que o meu trabalho seja posto em causa”, acrescentou, sem adiantar se pretende avançar pela via judicial.

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“Não é admissível que insinuações proferidas, porventura, por pessoas que querem lançar lama ao seu redor pondo em causa a idoneidade de outros, eventualmente daqueles que não os protegeram, tenham lugar num estado de direito em que estamos”, acrescentou, salientando que a reação se dirige apenas às declarações de Paulo Branco e não contra o órgão de comunicação social que as publicou.

As declarações de Paulo Branco, de acordo com o Expresso, foram prestadas em julho perante a procuradora do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa, tendo Paulo Branco desvalorizado os trabalhos da catedrática, que estudou sociologia militar mais de 20 anos.

Segundo o Expresso, no site do ISCTE estão dois estudos financiados pela Direção-Geral de Recursos de Defesa Nacional (DGRDN) e um pelo Ministério da Defesa, que foram coordenados por Helena Carreiras, com o valor total de 20,4 mil euros, dos quais 10,8 mil euros foram para remunerar a investigadora.