Não há como fugir à realidade. A Fonte de Bastardo tem sido a equipa com maior capacidade de se intrometer no domínio do Benfica no voleibol nacional. A prova ficou dada na temporada passada quando a equipa açoriana forçou os encarnados a jogarem cinco jogos para se decidir o campeonato mesmo que o título tenha acabado por cair para os encarnados. Aliás, em dez encontros realizados na época passada cada um dos conjuntos conseguiu cinco vitórias. Na prática, os confrontos diretos entre as duas equipas que disputaram entre si todos os títulos nacionais acabaram por dar a Supertaça à Fonte de Bastardo e o Campeonato e a Taça de Portugal ao Benfica.

O clube da Luz não esconde o desejo de, a nível interno, vencer todos os títulos que disputa. Para cumprir um objetivo que falhou em 2022/23, o Benfica tinha que recuperar um troféu que pertencia à Fonte de Bastardo antes deste duelo.

“Estamos cá para levar o título. Este é sem dúvida o título mais importante da época, porque é o primeiro que vamos disputar. Queremos muito a desforra. Se estamos nas finais, é porque as merecemos. O objetivo de quem joga neste grande clube é sempre vencer”, disse o oposto encarnado, Hugo Gaspar. “Sabemos que a Fonte do Bastardo é uma caixinha de surpresas. Temos de lhes colocar alguma pressão. É um clube que investe e que garante a sobrevivência do voleibol de alta competição em Portugal. Será um grande jogo. Estamos preparados.”

O Benfica teve algumas mexidas no plantel, mas manteve grande parte do núcleo duro. As grandes novidades foram a inclusão do canadiano Pearson Eshenko, que não esteve disponível para o encontro da Supertaça, e de Felipe Banderó. A Fonte de Bastardo estava numa situação diferente, tendo sido obrigada a fazer várias alterações na equipa. “Tivemos de reconstruir o plantel em pouco tempo”, desabafou o treinador dos açorianos, Nuno Abrantes. “Sabemos dos nossos condicionalismos, mas vamos lutar para ganhar. Acreditamos que é possível.”

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Em Santo Tirso, quatro serviços consecutivos de Pablo Natan no primeiro set abriram uma vantagem de quatro pontos. O bloco encarnado estava a condicionar muito os ataques da equipa da Ilha Terceira. Por isso, a esforçada defesa baixa da Fonte de Bastardo não era compensada com pontos no ataque. O Benfica aproveitou o embalo e fechou o parcial em 25-17 numa demonstração de força.

O segundo set, tal como o primeiro, começou de forma bastante equilibrada. Os distribuidores das duas equipas, Tiago Violas, do lado encarnado, e Francisco Pombeiro, do lado insular, variaram bastante as opções de ataque. A diferença continuava a fazer-se ao nível do bloco, onda a Fonte de Bastardo não conseguia igualar o Benfica. Valeu aos açorianos o central Eliezer Dutra para que as águias não fugissem no marcador. No ataque dos campeões nacionais, o oposto brasileiro Felipe Banderó, que remeteu Hugo Gaspar à condição de suplente, ia capitalizando as oportunidades que tinha à disposição, ajudando a fechar o set em 25-21.

O Benfica tinha possibilidade de fechar o encontro no terceiro parcial e ter arrancado o set com uma vantagem de 5-1 ajudou a selar o triunfo que se fechou em 25-14. Pablo Natan foi o melhor marcador do encontro com 14 pontos, logo seguido por Banderó e Japa com 12. A vitória por 3-0 valeu ao Benfica a conquista da 12.ª Supertaça (incluindo a Taça Federação que o clube da Luz ganhou em 1989) e cimenta o estatuto de clube que mais vezes venceu a competição. As águias têm a estreia no campeonato marcada para este fim de semana frente ao Leixões. A Fonte de Bastardo defrontam o Castêlo da Maia na ronda inaugural.

Antes deste jogo, disputou-se também em Santo Tirso a Supertaça feminina entre o Leixões e o Sporting. A equipa de Matosinhos levou a melhor por 3-0 e levantou pela quinta vez o troféu, quebrando um ciclo de quatro títulos consecutivos da AJM/FC Porto.