O internacional português Rodrigo Marta atirou-se à linha de ensaio e deixava Portugal a dois pontos da vitória. Quem saltou para dentro do campo a festejar sabia que o estava a fazer sem que o sucesso estivesse garantido. Samuel Marques colocou-se no local do chuto. Os Lobos já tinham estado naquela situação nos últimos instantes de jogos decisivos. Contra a Geórgia, Nuno Sousa Guedes tinha falhado um pontapé daquela zona que adiou o sonho, mas os portugueses sabiam que também tinha sido dali que a bola tinha entrado contra os Estados Unidos no jogo que valeu a qualificação para o Mundial 2023.

Samuel Marques acertou e correu para trás como se fosse um cubo de gelo a arder por dentro. Ainda estavam alguns minutos no cronómetro e era preciso não sofrer. Para lá dos 80 minutos, Jerónimo Portela atirou a bola para fora e confirmou o triunfo por 24-23, o primeiro de sempre num Mundial.

“Fizemos história, é difícil descrever o que estou a sentir. As emoções são tão boas… Trabalhámos tanto nestes últimos quatro meses para um momento como estes. Quase conseguimos contra a Geórgia e hoje, finalmente, fizemos história com a primeira vitória de Portugal num Mundial”, congratulou-se Jerónimo Portela.

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As lágrimas começaram as escorrer na cara de homens de envergadura assinalável, saindo dos mesmos olhos emocionados que brilharam no momento do hino no jogo inaugural contra o País de Gales, no regresso dos Lobos à competição 16 anos depois. “Trabalhámos muito para isto, não tenho palavras para dizer. É histórico. Penso que é o melhor momento da minha vida”, disse Nicolas Martins, homem do jogo frente às Ilhas Fiji.

Mais especial ainda foi a vitória para Patrice Lagisquet. O selecionador nacional realizou o último jogo ao comando de Portugal e “não podia ser melhor”, admite. “É uma sensação incrível, inacreditável. Conseguimos encontrar soluções que eu nem sabia que eram possíveis. Trabalhámos muito para conquistar coisas destas, mas os próprios jogadores me surpreenderam. São muito talentosos”.

Fazer placagens a fijianos, galeses, australianos ou georgianos é fácil para quem, após o Mundial de França vai voltar a estar às ordens do patrão. Mesmo assim, o médico dentista e capitão de Portugal, Tomás Appleton, não quer que os Lobos fiquem por aqui. “Estamos todos muito orgulhosos, foi uma coisa brutal o que fizemos hoje. A seleção portuguesa ganhar um primeiro jogo num Mundial é simplesmente inacreditável. Depois do trabalho todo que tivemos ao longo dos últimos quatro anos, esta é a melhor maneira de acabar. É o fechar de um livro, o fim de um ciclo, é uma base muito sólida para o que aí vem. Venha aí 2027”.