Os cerca de 12 mil quilómetros que separam Albergaria-a-Velha do Havai parecem agora ligeiramente mais curtos. A 30 de setembro, ainda antes de a Infanta Maria Francisca casar com Duarte Araújo Martins, Portugal recebia o casamento real de Alfredo Côrte-Real Souto Neves, descendente de D. Afonso Henriques, com a princesa havaiana Idony Punahele, legítima herdeira e atual chefe da Casa Real do Havai.

Uma noiva “muito feliz”, dois bolos, mais de mil convidados e um mega monumento. O conto de fadas à portuguesa da infanta de Bragança

A cerimónia religiosa aberta ao público em geral aconteceu no Convento dos Lóios, em Santa Maria da Feira, pelas 15h30, e a festa seguiu depois num registo reservado aos convidados para o Castelo de Santa Maria da Feira, edifícios fundados e construídos pelos Condes da Feira, uma das linhas ancestrais do noivo, de acordo com a Fundação Hoapili Baker, que representa e gere as atividades filantrópicas da casa real havaiana. Este foi o primeiro casamento real a acontecer no monumento medieval que data ao século X, de acordo com a mesma fundação. As celebrações em Santa Maria da Feira contaram com o apoio da autarquia.

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Os noivos à saída do Convento dos Lóios. Este foi o primeiro casamento real a ter lugar no monumento nacional

Após a cerimónia no Convento dos Lóios, o casal chegou ao Castelo de Santa Maria da Feira num automóvel clássico MG de 1953. Doug Tolentino, primo da noiva e artista havaiano reputado, atuou durante o cocktail de receção interpretando mele (cânticos havaianos), incluindo uma música composta pela filha para a noiva, de acordo com a mesma fundação. Ao Jornal de Albergaria, o noivo contou que Tolentino cantaria também o Canto Real, um ritual tradicional em homenagem aos antepassados. Ao cocktail, seguiu-se um jantar.

Em nome dos príncipes de Gales, o Palácio de Kensington enviou uma das “mensagens muito graciosas” que a família real havaiana recebeu a propósito do casamento, ainda segundo a fundação. No post onde lista uma série de convidados que “agradeceram o convite e lamentaram sinceramente não poder estar presentes”, lê-se o nome do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, dos Duques da Calábria, do primeiro-ministro suíço, Guy Parmelin, de Leonel Vieira — “famoso realizador de cinema português”—, entre “uma série de outros amigos nos Estados Unidos, Espanha, Itália, Grécia e Portugal”.

O Conde do Rio Grande, Filipe de Bragança e Bourbon de Mendóça, os Duques de Loulé, e a Viscondessa de Messines, Ana Botte Bramão de Mello, foram escolhidos para padrinhos nupciais.

Além de ter um papel ativo na Fundação Hoapili Baker, o casal está envolvido na associação A.M.T. –  Acção Monárquica Tradicionalista

A princesa usou um vestido de crepe branco e brocado dourado, com uma cauda de brocado de 2,5 metros, decorada com motivos de túlipa. O véu de cauda a condizer saía da tiara de diamantes personalizada, com uma pérola de água salgada do Pacífico ao centro. O bouquet em cascata que segurou foi desenhado pelo mesmo primo, Douglas Tolentino, e composto por rosas brancas, botões de camélia e folhagens dos jardins da casa do noivo, em Aveiro.

Alfredo Côrte-Real conheceu a princesa Idony durante uma investigação histórica sobre o Reino do Havai e as suas dinastias, tendo sido convidado para pertencer à Fundação da Casa Real do Havai, de acordo com o Jornal de Albergaria. As primeiras conversas aconteceram por videochamada e acabaram por se conhecer, finalmente, em Albergaria-a-Velha há quatro anos, numa visita da princesa a Portugal e Espanha.

“O namoro é recente, mas sólido”, declarou o português ao mesmo jornal. O recém-casal vai viver entre Angeja e Honolulu. Ambos são membros do Finisterra – Festival Internacional de cinema, e partilham uma paixão pela sétima arte. Além de terem papéis ativos na Fundação Hoapili Baker, também estão envolvidos na associação A.M.T. –  Acção Monárquica Tradicionalista.

Idony Punahele é neta do príncipe George I’i, descendente do Rei Kalakaua, e atual chefe da Casa Real do Havai. Nascido em Coimbra, Alfredo Côrte-Real é o fundador da Confraria da Raça Marinhoa e publicou vários livros, entre eles “A Verdadeira Casa Real de Portugal Legitimidade ao Trono de Portugal”. De acordo com a Fundação Hoapili Baker, é descendente de D. Afonso Henriques, de Egas Moniz, do navegador Nicolau Coelho e dos navegadores Côrte-Real, entre “muitos outros notáveis”.