A subida do nível das águas do mar e a ondulação do rio Tejo, em consequência das alterações climáticas, têm vindo a danificar a base da Torre de Belém, com pedras partidas, molhes erodidos e juntas sem argamassa. O monumento nacional e Património Mundial da UNESCO enfrenta assim o risco de inundação no futuro. O alerta foi dado no jornal Expresso pela arquiteta norte-americana Barbara Judy que está a coordenar o estudo do impacto das alterações climáticas no Mosteiro dos Jerónimos e na Torre de Belém, em Lisboa.

Segundo Barbara Judy, é urgente que no prazo de 3 a 5 anos a Torre de Belém sofra intervenções, tanto na estabilização do seu interior — em zonas que sofrem um maior impacto da ondulação — como no aumento da monitorização do edifício para evitar os estragos progressivos no edifício histórico.

Também o calor é um motivo de alerta, com a arquiteta a afirmar que o impacto das temperaturas naquele monumento tem de ser mitigado. Entre as soluções estão o aumento da arborização nas zonas junto à Torre de Belém e a mudança de pavimento: “alterar o tipo de pavimento que circunda os monumentos, retirando a superfície de asfalto escura que absorve o calor e o irradia de volta”, reduz a “ilha de calor urbana”, sugere Barbara Judy.

Para além da Torre de Belém, também o Mosteiro dos Jerónimos preocupa a invertigadora. Por baixo dos terrenos do segundo monumento está um aquífero, utilizado para a rega dos jardins, e cuja humidade e salinidade podem alterar a capacidade de carga do solo. “É preciso pensar em projetos de engenharia para toda a zona ribeirinha”, recordou.

“Bastaria uma percentagem da receita de bilheteira destes dois monumentos” para avançar com as intervenções necessárias, afirmou Barbara Judy. No entanto, “não é retida qualquer percentagem da receita gerada e é urgente e imperativo promover práticas de sustentabilidade”, acrescentou.

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