Os fabricantes de automóveis europeus que, ao longo das últimas décadas de produção de veículos com motores de combustão, se apoiaram na sua sólida tecnologia e venerada história, dão por si a serem obrigados a proceder a grandes alterações e em várias áreas. Quem o afirma é Michael Mauer, o designer que desde 2004 é responsável do centro de estilo da Porsche e que recentemente assumiu a liderança da Volkswagen nesta matéria, ao admitir que “a concorrência forçou a fazer as coisas de forma completamente diferente”.

Mauer referia-se especificamente aos chineses e às marcas que recentemente surgiram no mercado pela mão de startups dinâmicas, como é o caso da Tesla, Lucid, Rivian ou Rimac. De acordo com o designer germânico, estes novos players estão a “obrigar os construtores alemães a terem uma mente mais aberta”. Defende Mauer que “estas startups não têm herança” e que isso lhes permite  “fazer as coisas de forma completamente distinta”. Esta é uma vantagem que, segundo o referido responsável, se pode transformar numa desvantagem.

As declarações de Michael Mauer foram efectuadas numa entrevista à Bloomberg, com o responsável pela Porsche e VW a suportar a sua posição no facto de os fabricantes chineses terem duplicado a sua presença no Salão da Mobilidade de Munique deste ano, comparativamente a 2021, tendo a BYD, a Geely e a Saic aí surgido com novos modelos concebidos já para agradar aos europeus.

Mauer encara com bons olhos esta nova realidade, acolhendo-a com prazer. “Ainda que a concorrência esteja a evoluir rapidamente, como designer considero que isto é algo positivo, uma vez que leva a administração a dar provas de uma mente mais aberta”, defende. Por enquanto, esta postura dos responsáveis alemães não tem evitado que as marcas chinesas e as resultantes de startups tenham conquistado importantes percentagens do mercado aos construtores que, até aqui, dominavam a indústria.

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