Em janeiro haverá um novo Rei na Malásia. Não há motivos de tristeza, à partida, apenas de celebração. O país goza de um sistema único no mundo segundo o qual o cargo de Rei é ocupado durante cinco anos por um dos nove reis que gerem diferentes estados do país. Na passada sexta-feira, dia 27 de outubro, a Conferência de Governantes do país reuniu-se e o Palácio Nacional em Kuala Lumpur informou que foi eleito um novo soberano. O escolhido foi o sultão Ibrahim Iskandar, de Johor, estado no sul do país que faz fronteira com Singapura.

A Malásia é uma democracia parlamentar que tem no monarca o chefe de Estado. O país tem nove famílias reais que governam os nove estados do país, há mais dois estados e dois territórios federais. E é de entre os líderes destes clãs que é escolhido o Rei da Malásia que assume o trono, alternadamente, para mandatos de cinco anos.

O país mantém este sistema, único no mundo, desde 1957, quando se tornou independente da Grã-Bretanha. Enquanto ocupa o trono, o Rei reside no palácio nacional, em Kuala Lumpur. O papel do soberano é sobretudo cerimonial, mas a instabilidade política dos últimos cinco anos (que já conta com quatro primeiros-ministros) tem-no levado a um maior protagonismo e a exercer poderes que raramente usa, explica a Reuters.

O novo Rei será o sultão Ibrahim Iskandar tem 64 anos e vai subir ao trono a 31 de janeiro de 2024 para um período de cinco anos, segundo informou o palácio num comunicado, referido na Associated Press. A sucessão tem tido uma rotação regular e Iskander, o governante de Johor, era o seguinte nesta linha de sucessão. Segundo a AP a sua eleição era amplamente esperada. O novo Rei tem falado abertamente sobre política, ao contrário dos governantes tradicionais, e também afirmou ser um bom amigo do atual primeiro-ministro, Anwar Ibrahim. Segundo revela a Reuters, Ibrahim Iskandar é conhecido por ter uma grande coleção de carros e motas de luxo e tem muitos interesses comerciais que vão do mundo imobiliário até à mineração.

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Com um novo Rei há também uma nova rainha, ou seja,“permaisuri”, e a consorte do sultão Ibrahim Iskandar é Raja Zarith Sofiah. Nasceu em 1959 e é filha dos sultões do estado de Perak. Casou-se com o atual marido em 1982, que se tornou chefe da casa real de Johor em 2010, e são pais de seis filhos. Raja Zarith Sofiah fala inglês, chinês, italiano e francês e tem defendido o ensino do inglês na Malásia, é autora de livros infantis e presidente de uma fundação de beneficiência, conta a Vanity Fair. Estudou arte na universidade de Oxford e, mesmo depois de ser sultana, manteve-se como colunista do jornal britânico Daily Star Sunday. Foi anfitriã da rainha Camilla, quando ainda era duquesa da Cornualha e esteve com o então príncipe de Gales numa visita a Singapura, Malásia, Brunei e Índia, em 2017. A antecessora e atual rainha é Tunku Azizah Aminah Maimunah Iskandariah, que é mulher do atual Rei e irmã do novo soberano.

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Raja Zarith Sofiah, a rainha de Johor, será a próxima rainha consorte da Malásia. Esta imagem foi tirada em novembro de 2017, quando acompanhou Camilla, a então duquesa da Cornualha em vista à Ásia, a uma escola © Getty Images

Ainda no cargo de Rei da Malásia está o sultão Abdullah Sultan Ahmad Shah, que governava o estado central de Pahang. Estudou no Reino Unido e era uma figura destacada em organismos desportivos. Foi eleito em 2019 e teve um reinado especialmente atribulado, não só pela pandemia de Covid 19, mas também por um período de instabilidade política que fez o país ter quatro primeiros-ministros desde as eleições gerais de 2018.

O atual soberano foi coroado como o 16º Rei da Malásia em janeiro de 2019 depois da abdicação súbita do seu antecessor. O sultão Muhammad V tinha 49 anos quando a 6 de janeiro desse mesmo ano resignou ao cargo, apenas dois anos depois de chegar ao trono. Esta foi a primeira abdicação da história da Malásia, sem que fosse revelado um motivo oficial. Especulou-se que o casamento com uma miss russa de 25 anos em novembro de 2018 poderia estar na base da decisão.