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O novo sistema caído do céu com toque de um Ángel (a crónica do Arouca-Benfica)

Schmidt encarou contexto de maus resultados e lesões com a mudança para o 3x4x3 que teve uma entrada a todo o gás e controlou depois a vantagem em Arouca com a melhor versão de Ángel Di María (0-2).

Ángel Di María marcou o segundo golo de livre direto desde que chegou à Luz, o 13.º na carreira, e abriu caminho à vitória do Benfica em Arouca
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Ángel Di María marcou o segundo golo de livre direto desde que chegou à Luz, o 13.º na carreira, e abriu caminho à vitória do Benfica em Arouca

Miguel Pereira

Ángel Di María marcou o segundo golo de livre direto desde que chegou à Luz, o 13.º na carreira, e abriu caminho à vitória do Benfica em Arouca

Miguel Pereira

Na vida, em casa, no futebol ou em qualquer atividade, o primeiro passo para corrigir um problema é admitir que existe um problema. Após a derrota do Benfica frente à Real Sociedad na Luz, num encontro onde todos perceberam como os bancos mostraram futebol para dar e vender frente a um conjunto encarnado a anos luz do melhor que apresentou na última temporada, foi isso que Roger Schmidt fez. Falou da falta de ligação na equipa, admitiu erros, levou as palavras mais longe ao admitir sem rodeios que era o momento mais difícil que tinha passado desde que chegou a Portugal. O alemão deu aquele primeiro passo para a redenção e não ficou por aí, introduzindo alterações que mais não eram do que corretores de um caminho ziguezagueante nas derradeiras partidas. Resultados? Muito poucos. E o empate com o Casa Pia espelhou isso mesmo.

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“É frustrante. Se virem o jogo percebem que temos de ganhar. Tivemos uma boa reação desde o início, a jogar bom futebol, mas não foi fácil criar oportunidades porque eles são bons a jogar com defesa muito baixa. Mas, mesmo assim, conseguimos encontrar várias soluções para criar oportunidades na primeira parte. O que nos esquecemos foi de decidir, marcar mais do que um golo. O futebol é mesmo assim: errámos, não aproveitámos as chances que tivemos e deu empate. O que podemos fazer? Temos de trabalhar. Acho que estamos a fazer coisas bem feitas. Se precisamos de tantas chances para decidir não é bom porque o futebol é assim, por vezes és punido por não aproveitar as oportunidades que tens. É trabalhar, melhorar individualmente e como equipa. É o que temos de fazer…”, comentou o técnico alemão após essa igualdade.

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Na ótica de Schmidt, ficou sobretudo na retina aquele que foi o forcing final dos encarnados em busca do 2-1, incluindo uma bola nos ferros de António Silva. Na perspetiva dos adeptos, como se viu e ouviu, a análise foi mais extensível ao que se viu não só no resultado mas também ao longo dos 90 minutos e nem mesmo essa última imagem foi aquela que ficou entre assobios e alguns lenços brancos (poucos, em comparação com o que se viu num passado não muito longínquo). Quando Schmidt pediu uma reação em força depois de mais um encontro a perder e sem marcar na Champions, complicando e muito mais uma passagem à fase seguinte da prova, houve erros repetidos, a mesma dificuldade em ligar setores e pontos perdidos na Liga.

Desta vez, e pela primeira ocasião, Roger Schmidt acabou por não fazer conferência de antevisão à partida em Arouca e também não falou ao canal do clube, como tinha acontecido por exemplo antes da deslocação dos encarnados aos Açores para defrontar o Lusitânia. Também por isso, poucos poderiam adivinhar o que o alemão queria dizer quando falou em alterações para a equipa melhorar. Com Jurásek e Bernat aptos em termos físicos, um deveria ser titular. Mesmo sem Musa, lesionado, entre Arthur Cabral e Tengstedt jogaria de início pelo menos um (ou os dois, como aconteceu na Taça de Portugal). Mais: se existisse uma mudança mais substancial, a mesma poderia passar pela aposta em Chiquinho no meio-campo, como se viu na partida frente ao Estoril, ou pela introdução de Tiago Gouveia de início após bons sinais deixados como suplente utilizado. Na teoria, deveria ser assim; na prática, foi ao contrário. E as mudanças foram profundas.

Quase que a confirmar aquelas que são nesta fase as principais lacunas do Benfica, muito ligadas nesta fase com a incapacidade de “pegar” das unidades novas à exceção de Di María, Schmidt apostou numa espécie de sistema alternativo onde disfarçava os problemas nas laterais com a colocação de João Neves e Aursnes como falsos alas com uma linha de três atrás, procurava ganhar o critério que se foi perdendo no meio-campo pela lesão de Kökçü com a colocação de João Mário ao meio e tentava materializar em golos o caudal ofensivo com uma solução mais assente na mobilidade prescindindo de uma unidade mais posicional para colocar Gonçalo Guedes na frente. No final, o Benfica não conseguiu manter o mesmo rendimento mas justificou por completo o regresso aos triunfos com duas formas de atacar diferentes consoante os três jogadores da frente mas com Di María a fazer a diferença e Tiago Gouveia de novo a pedir mais tempo. Mérito de Schmidt: percebeu a fase de maus resultados e lesões, mudou o sistema, ficou bem melhor e ganhou bem.

Ficha de jogo

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Arouca-Benfica, 0-2

2.ª jornada do grupo B da Taça da Liga

Estádio Municipal de Arouca

Árbitro: Hélder Carvalho (AF Santarém)

Arouca: Thiago Rodrigues; Tiago Esgaio, Montero (Galovic, 82′), Rafael Fernandes, Weverson (Milovanov, 46′); Sylla, David Simão (Lawal, 66′), Eboué (Oriol Busquets, 82′); Jason (Cristo, 46′), Trezza e Mujica

Suplentes não utilizados: Arruabarrena, Puche, Bukia e Pedro Santos

Treinador: Daniel Ramos

Benfica: Trubin; Aursnes, António Silva (Tomás Araújo, 86′), Otamendi, Morato; Florentino Luís (Bernat, 77′), João Neves; Di María (Tengstedt, 55′), Rafa (Tiago Gouveia, 55′), João Mário e Gonçalo Guedes (Arthur Cabral, 55′)

Suplentes não utilizados: Samuel Soares, Jurásek, João Victor e Chiquinho

Treinador: Roger Schmidt

Golos: Di María (26′) e Arthur Cabral (73′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Montero (25′), António Silva (35′), Rafael Fernandes (40′), Gonçalo Guedes (44′) e Eboué (57′)

A apresentação das opções iniciais abriam essa possibilidade de mudança em termos táticos, o arranque do jogo acabou por confirmar o cenário. Assim, o 4x2x3x1 habitual com nuances diferentes de posicionamento consoante o adversário transformou-se num 3x4x3 como cada vez mais se vê nas equipas europeias, tendo Morato a juntar-se a António Silva e Otamendi numa linha de três, João Neves e Aurnes a fazerem as laterais mas com muitos movimentos por dentro de forma alternada consoante o centro do jogo como se vai vendo por exemplo na Seleção (sendo que a origem da ideia foi o Manchester City de Pep Guardiola, que por sua vez se inspirou naquilo que a Laranja Mecânica do Futebol Total nos tempos de Cruyff e companhia esboçava), João Mário a voltar ao corredor central um pouco mais à frente de Florentino Luís e Rafa e Di María no apoio a Gonçalo Guedes, com mobilidade a ser uma palavra de ordem entre as três unidades da frente.

Em termos ofensivos, há muito que o Benfica não tinha um futebol ofensivo tão desenvolto e capaz de criar oportunidades de golo, mais concretamente quatro nos 20 minutos iniciais: Ángel Di María deixou o aviso inicial numa daquelas diagonais da direita para o meio com remate em arco ao poste mais distante que saiu perto do alvo (2′), Gonçalo Guedes teve a ameaça seguinte após um passe de João Mário na profundidade que colocou o avançado a ganhar no choque a Montero antes do remate forte mas ao lado (7′), Rafa ganhou uma segunda bola na área após corte de Montero para puxar para o meio mas ver a tentativa a sair ao lado (11′), Aursnes fez um daqueles movimentos interiores para surgir no corredor central, receber perto da entrada da área após combinação ofensiva mas atirar também ao lado (17′). Aqui sim, era uma questão de eficácia. E até a reação à perda, bem mais intensa e agressiva, mostrava uma “outra” equipa em campo.

[Clique nas imagens para ver os melhores momentos do Arouca-Benfica em vídeo]

Faltava apenas o golo para o Benfica fazer as pazes com a sua matriz desde que Schmidt assumiu o comando da equipa, mesmo com um outro figurino tático, e esse momento acabou por surgir em mais um rasgo de magia do maior desequilibrador de todos: após “ganhar” um livre à entrada da área na sequência de outro slalom da direita para o meio, Ángel Di María viu o posicionamento de Thiago um pouco mais ao meio da baliza e colocou a bola em arco no lado do guarda-redes, marcando o segundo livre direto da época (26′). A partir daí, o encontro entrou numa toada mais morna, sendo que os encarnados apenas por uma vez permitiram que o Arouca aparecesse no último terço e com David Simão a tentar um remate de fora da área numa segunda bola para defesa fácil de Trubin (32′). Mujica ainda teve um cabeceamento fraco à figura do guarda-redes ucraniano mas o intervalo chegaria com o Benfica na frente pela margem mínima (0-1).

O segundo tempo arrancou sem tantos motivos de interesse (muito longe disso), com o Arouca “reforçado” por Milovanov e Cristo a ter uma potencial oportunidade que não chegou a ser num remate de Sylla que fez um ressalto no relvado em muito mau estado e impediu que Mujica conseguisse desviar para a baliza de Trubin e o Benfica a marcar na primeira chance de golo criada com Di María na direita a procurar um bom movimento na profundidade de João Mário que não falhou perante a saída de Thiago mas viu o lance ser invalidado por um fora de jogo no início da jogada (55′). Logo de seguida, sem pensar na legalidade ou não desse lance, Schmidt trocou todo o ataque para lançar Tiago Gouveia, Tengstedt e Arthur Cabral, com o ala português que esteve emprestado ao Estoril na última temporada a não demorar a mostrar serviço ao contrário dos outros avançados mais posicionais que tentavam mostrar que podem ser os verdadeiros ‘9’.

Na primeira vez que o Benfica desceu um pouco mais as linhas sem posse, o Arouca criou perigo depois de um grande corte de Florentino Luís à entrada da área que sobrou para o remate de primeira de Cristo para defesa segura de Trubin (68′). Por estratégia própria ou incapacidade de chegar tão bem e tantas vezes na frente, os encarnados pareciam ter outra abordagem ao jogo e os visitados acabaram por cair nesse “engano”, com Tiago Gouveia a aparecer bem no meio para lançar nas costas da defesa contrária Arthur Cabral e o brasileiro, que partiu antes da linha de meio-campo, a correr 50 metros até rematar sem hipóteses na saída da baliza de Thiago (73′). A vitória estava no bolso e a partir daí viu-se um Benfica a controlar com bola de forma mais assumida, sendo que nem assim Tiago Gouveia deixou de procurar a baliza contrária como aconteceu num remate de fora da área que passou muito perto da trave (81′) antes de mais um remate após jogada individual da esquerda para o meio que saiu com menos força e ao lado da baliza de Thiago (86′). Só nos descontos o Arouca teve uma oportunidade flagrante mas Trubin travou o remate de Mujica (90+1′).

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