Não era um encontro decisivo, valia pelo menos um passo de gigante para assegurar no mínimo dos mínimos o playoff de qualificação para a fase final do Campeonato da Europa Sub-21. Após as quatro vitórias noutros tantos encontros, a última das quais frente à Grécia no Estádio Dom Afonso Henriques, a Seleção deslocava-se agora a Tripoli para defrontar os helénicos podendo deixar um dos adversários diretos a sete pontos tendo menos um jogo realizado. E era esse o principal objetivo da formação comandada por Rui Jorge, que neste ciclo teve apenas um compromisso ao contrário do que aconteceu nas duas últimas concentrações.

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“À partida iniciaremos o jogo em 4x3x3, a não ser que aconteça alguma coisa que não estejamos à espera, mas, acima de tudo, é a forma como normalmente jogamos e queremos continuar a jogar. A velocidade que imprimimos ao jogo, a qualidade que os nossos jogadores devem demonstrar, e que costumam demonstrar, é o que esperamos para o encontro. Foi uma semana boa, um exemplo daquilo que tem sido a norma. É verdade que tivemos mais tempo, sem jogos pelo meio e acredito que estamos preparados para o jogo”, comentara o técnico da formação nacional Sub-21, que fez este domingo 13 anos no presente cargo.

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“Não consigo colocar um melhor momento e um pior momento. Vivi momentos muito bons, também momentos de grande dor, de grande sofrimento. Mas foram muito mais aqueles de que gostei e desfrutei de estar aqui. É verdade, é uma data completamente anormal naquilo que é o futebol, mesmo a nível de seleções. No entanto, é um espaço onde gosto de estar. Já o disse mil vezes, onde continuo a fazer tudo para que as pessoas também gostem de aqui me ver. E tudo em prol dos jogadores que vão passando por este espaço, para que mais tarde me sinta satisfeito também a vê-los noutros patamares”, acrescentou Rui Jorge.

Rui Jorge cumpre 100 jogos nos sub-21 centrado mais no percurso do que nos resultados

Também por isso, esta partida com a Grécia surgia quase como uma possibilidade de coroar da melhor forma um caminho sem precedentes e que colocou os Sub-21 não só a ter uma identidade de jogo alheia a todos os seus intérpretes mas também a servir de rampa de lançamento para todos os talentos mais jovens que estão agora no conjunto principal, sendo João Neves o último exemplo disso mesmo. No entanto, o filme foi quase oposto: Portugal entrou mal, andou longe daquilo que é a sua matriz, sofreu logo a seguir a um rasgo de génio de Francisco Conceição e não evitou a reviravolta na segunda parte, consentindo a primeira derrota nesta fase de qualificação para o Europeu e colocando um outro peso naquilo que serão os jogos com a Croácia com aquele que foi o primeiro insucesso num encontro de apuramento desde 2019.

Com apenas duas mexidas em relação ao último onze que entrou frente aos helénicos, com as entradas de Tiago Morais e Henrique Araújo para os lugares de Carlos Borges e Fábio Silva, Portugal não conseguiu ter o bom início de outros encontros também por mérito da Grécia, que criou duas boas oportunidades nos dez minutos iniciais com Samuel Soares a evitar por duas vezes o golo de Tzolis, primeiro na sequência de um erro de Tomás Araújo (2′) e depois em mais uma saída rápida para o ataque com trabalho individual (10′). As soluções helénicas eram simples: defender bem, juntar linhas, colocar as transições na esquerda do ataque. E era isso que a Seleção via sem travar, também pela falta de “gelo” com mais posse que deixava o jogo ir partindo num cenário que favorecia mais os visitados. Até quando as coisas pareciam acalmar surgiam os lapsos individuais, desta vez com Rodrigo Gomes a permitir que Tzolis voltasse a ameaçar o golo (15′) e o central Konstantopoulos a aproveitar um canto para surgir sozinho na área a desviar de cabeça ao lado (17′).

Henrique Araújo ainda teve uma possibilidade de remate na sequência de um lançamento lateral mas o tiro ficou prensado na defesa contrária e não chegou sequer à baliza de Tzolakis (22′). Com quase meia hora de jogo, Portugal continuava à procura do seu jogo mas só mesmo em termos individuais encontrou esse rasgo de génio, com Francisco Conceição a fazer a diagonal da direita para o meio antes do remate de pé esquerdo de fora da área que entrou no ângulo da baliza grega (30′). Mesmo sem justificar, a Seleção passava para a frente mas a equipa quase não quis aceitar esse destino, voltando a facilitar em termos defensivos e sofrendo o empate logo no minuto seguinte com Darelas a assistir Tzolis para o remate na área para o 1-1 (31′), sendo que até ao intervalo foi a Grécia que ficou próxima de voltar a marcar com Kourfalidis a atirar às malhas laterais na sequência de um canto (42′). Rui Jorge tinha muito para falar com a equipa ao intervalo.

Logo no reatamento, o técnico mexeu na equipa lançando Mateus Fernandes e Tiago Tomás para as vagas de Vasco Sousa e Henrique Araújo (que já tinha um amarelo) e pareceu haver um sinal de que Portugal poderia ter outro controlo do jogo mas a primeira transição da Grécia conduzida por Kitsos resultou no 2-1, com o cruzamento ao segundo poste a terminar com um remate cruzado de Panagidis sem hipóteses para Samuel Soares (50′). Logo a seguir, Darelas falhou sozinho de cabeça aquele que teria sido um golpe quase fatal nas aspirações nacionais (52′) e Niarchos viu Samuel Soares evitar também o 3-1 quando surgiu isolado na área (54′). Rui Jorge tinha mesmo de avançar para o plano B, recuperando o 4x4x2 losango com Fábio Silva na frente e Francisco Conceição como falso 10, e os helénicos lançavam um terceiro central em campo.

Numa perspetiva “positiva”, a saída de Panagidis e a quebra física de Tzolis faziam com que a Grécia tivesse menos opções para sair em transição como até aí; numa ótica mais “negativa”, a barreira defensiva ficava mais densa antes do assalto final pelo menos ao empate. Foi neste esquema que surgiu a melhor jogada em termos coletivos em toda a partida, com Fábio Silva a descair na direita para cruzar atrasado e Francisco Conceição rematar na passada para defesa de Tzolakis antes da recarga também desviada de Tiago Tomás para canto (67′). Ainda assim, os minutos que se seguiram trouxeram uma versão mais dominadora mas nem por isso mais esclarecida, o que fez com que Portugal não fosse a tempo de evitar a derrota.