O Presidente polaco empossou, esta segunda-feira, um governo minoritário liderado pelo partido Lei e Justiça (PiS, direita nacionalista), mas que tem escassas possibilidades de sobreviver a uma moção de confiança no Parlamento prevista para dentro de 15 dias.

Após o provável revés do governo PiS, politicamente alinhado com o Presidente Andrej Duda, será a vez de a maioria pró-europeia, chefiada pelo líder da Coligação Cívica (PO, centro), Donald Tusk, também antigo presidente do Conselho Europeu, nomear um candidato ao cargo de primeiro-ministro.

A posse do novo governo de Mateusz Morawiecki (no cargo desde 2017), constitui, refere a agência Associated Press (AP), uma “manobra tática” que permite ao PiS manter-se no poder por mais algum tempo e fazer mais nomeações para órgãos estatais.

Segundo a Constituição polaca, Morawiecki e o seu gabinete terão 14 dias para enfrentar um voto de confiança no Parlamento.

É quase certo que o executivo empossado perca a votação porque Morawiecki não tem parceiros de coligação, depois de o seu partido nacionalista e conservador ter também perdido a maioria parlamentar e nenhuma outra força política querer juntar-se ao Governo.

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Morawiecki diz que está a tentar encontrar parceiros para governar, mas ele próprio coloca as suas hipóteses em “10% ou até menos”.

Outros membros do novo Governo de Morawiecki também prestaram juramento. O ministro da Defesa, Mariusz Blaszczak, manteve-se no cargo, mas a maioria dos outros ministérios, incluindo os dos Negócios Estrangeiros, da Justiça e da Educação, foi ocupada por novos membros. É provável que alguns veteranos políticos não queiram fazer parte de um governo que se espera venha a fracassar.

O novo governo conta com muitas mulheres e jovens, facto elogiado por Duda, que lembrou que já conhece a maior parte deles, não como ministros, mas “como especialistas, como pessoas que até agora trabalharam na segunda linha”.

A 22 deste mês, os partidos da oposição polaca rejeitaram uma proposta de Mateusz Morawiecki para formar um governo de coligação que impediria Tusk de ser nomeado chefe do governo.

Na altura, Morawiecki, na qualidade de primeiro-ministro designado para formar governo, convidou os líderes do A Esquerda e Terceira Via (oposição), para, em reuniões separadas, discutirem um possível acordo, apesar de ambas as formações já terem manifestado apoio a Tusk.

Na carta enviada por Morawiecki e partilhada pelo líder parlamentar do A Esquerda, Krzystof Gawkowski, é sublinhado que o objetivo da reunião era o de promover uma “coligação para os assuntos polacos”, cujo objetivo seria implementar as promessas eleitorais de cada partido.

“Em nome de A Esquerda, gostaria de informar que não vamos a lado nenhum [com Morawiecki]”, disse Gawkowski nas redes sociais, enquanto a coligação Confederação da Liberdade e Independência (KON) também rejeitou o convite, argumentando que o primeiro-ministro não é “fiável”.

Morawiecki venceu as últimas eleições parlamentares polacas, realizadas a 15 de outubro, com 35,3% dos votos e 194 deputados. No entanto, a adesão dos partidos da oposição à Plataforma Cívica de Tusk (30% dos votos e 157 deputados) impede um novo mandato do primeiro-ministro.

Tusk, juntamente com a Terceira Via (14,1% dos votos e 35 deputados) e A Esquerda (8,6% e 26 lugares), teria os 231 assentos necessários para se tornar primeiro-ministro.