Orkun Kokcu não era titular desde outubro, vinha rotulado como o próximo Enzo Fernández e pretendia-se que fosse uma das grandes contratações do Benfica para esta temporada. Não se pode dizer que Roger Schmidt não se tenha esforçado para encontrar soluções que dessem a volta às contrariedades. No onze inicial para defrontar o Farense, lá estavam os laterais improvisados Aursnes e Morato, mas o que o Benfica anda a precisar é de um seguro contra todos os riscos que jogue a ponta de lança e não falhe nos momentos decisivos.

Numa época periclitante, após a vitória no dérbi com o Sporting, o Benfica assumiu a liderança do campeonato de forma até pouco condizente com o momento conturbado da equipa. Foi sol de pouca dura. O empate a zero em Moreira de Cónegos atirou de novo os encarnados para a segunda posição. O treinador do Benfica assumiu que, no meio de todos os problemas, o emblema da Luz está numa missão de sobrevivência. “Tivemos problemas nas últimas semanas, mas acho que estamos numa boa situação apesar de tudo”, disse técnico na antevisão à jornada 13.

Roger Schmidt preveniu todos aqueles que achavam que o Benfica ia ter as mesmas facilidades para ser campeão que teve no ano passado, assumindo que os encarnados estão a fazer o melhor que podem com os recursos que têm. “Claro que nesta fase não estamos perfeitos, até porque há algumas semanas que não podemos contar com jogadores importantes, como o Neres ou o Bah. Perdemos jogadores de topo em relação ao ano passado, mas ganhar 29 em 36 pontos no campeonato. Merecemos todos os pontos que ganhámos até agora. Nós fomos melhores do que as equipas. Estamos a jogar muito bem e vejo com muito bons olhos o que os jogadores estão a fazer, dão sempre o seu melhor, lidam sempre muito bem com a pressão de estarem no Benfica”.

Esta é uma postura de quem se reveste de naturalidade no convívio com os desaires. No entanto, perder pontos em casa com o Farense, que já tinha dificultado a vida a FC Porto e Sporting, podia ser fatal. Apesar de existir a possibilidade de voltarem a assumir a liderança do campeonato à condição, os encarnados entravam em campo com os mesmo pontos que o Sp. Braga, sendo que os minhotos já tinham batido o Vizela nesta jornada.

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Ficha de Jogo

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Benfica-Farense, 1-1

13.ª jornada da Primeira Liga

Estádio da Luz, em Lisboa

Árbitro: Miguel Nogueira (AF Lisboa)

Benfica: Trubin, Aursnes, António Silva, Otamendi, Morato, João Neves (Guedes, 61′), Kokcu (Arthur Cabral, 89′), Di María, Rafa, João Mário e Tengstedt (Musa, 61′)

Suplentes não utilizados: Samuel Soares, Chiquinho, João Victor, Tomás Araújo, Tiago Gouveia e Florentino

Treinador: Roger Schmidt

Farense: Ricardo Velho, Pastor, Zach Muscat, Gonçalo Silva, Talocha, Cláudio Falcão, Mattheus Oliveira (Seruca, 90+3′), Vítor Gonçalves (Caseres, 74′), Belloumi (Elves Baldé, 74′), Marco Matias (Rafael Barbosa, 87′) e Bruno Duarte (90+3′)

Suplentes não utilizados: Luiz Felipe, Francisco Delgado, Igor Rossi e Artur Jorge

Treinador: José Mota

Golos: Cláudio Falcão (51′) e Rafa (71′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Zach Muscat (36′), Otamendi (78′), João Mário (82′), Pastor (90′) e Caseres (90′)

O Benfica entrou bem em campo para evitar voltar a somar prejuízos. João Mário forçou o guarda-redes dos algarvios, Ricardo Velho, a aplicar-se logo no primeiro minuto, mas o empate manteve-se. A ligação Di María/Rafa foi a que mais dividendos trouxe ao ataque das águias com o argentino a deixar quase invariavelmente o português em boa posição para marcar. A oposição de Ricardo Velho continuava a ser responsável pelo nulo, mas não só. Casper Tengstedt, que voltou a ser titular, foi capaz de introduzir a bola na baliza, mas o lance acabou por ser anulado devido ao fora de jogo do dinamarquês.

O Farense também teve momentos de protagonismo que deixaram o guarda-redes do Benfica, Trubin, em apuros. Nesse aspeto, o ucraniano travou um duelo muito particular com Mattheus Oliveira, médio que ia fazendo uso do remate de longa distância para lançar o pânico. A situação em que tal ficou mais evidente foi um livre em que o brasileiro fez a bola contornar o lado de fora da barreira com uma trajetória perfeita e com a qual Trubin não contava.

Os testes a Ricardo Velho eram tantos que estava na altura dos remates do Benfica deixarem de ser protótipos para passarem a ser um projeto final. Não aconteceu antes de Cláudio Falcão (51′) colocar o Farense na frente do marcador ao desviar um canto de Mattheus Oliveira. Ainda se ouvia o eco dos assobios a Schmidt – por ter retirado João Neves e Tengstedt do encontro para lançar Guedes e Musa – quando Rafa (71′) acalmava a contestação dos adeptos com o golo do empate. Os ânimos acalorados transformaram-se então em apoio para tentarem promover a cambalhota no marcador.

Se contra o Moreirense, na segunda parte, o Benfica pouco fez para merecer um resultado que não o empate, frente ao Farense não se pode dizer que a situação tenha sido a mesma. O Benfica acabou por não ir além do 1-1, mas terminou a partida com 37 remates, sendo que o guarda-redes do Farense acumulou 13 defesas. Os encarnados saem da Luz com 30 pontos, apenas mais um do que o Sp. Braga e com a possibilidade de serem ultrapassados pelo FC Porto e verem a liderança, que pertence ao Sporting, ficar a quatro pontos.