O Governo português vai disponibilizar dois milhões de euros para a recuperação da Rampa dos Escravos e do edifício que acolherá o Museu da Escravatura em Moçambique, segundo resolução publicada esta sexta-feira em Diário da República.

O montante será desembolsado ao Governo moçambicano até ao final de 2023, “no contexto das comemorações do cinquentenário da Revolução de 25 de Abril de 1974”, adianta a resolução do Conselho de Ministros.

A Rampa dos Escravos e o edifício na zona circundante que será o novo Museu da Escravatura, está situado em Mossuril, zona tampão da ilha de Moçambique, sítio do Património Mundial da Humanidade.

Mossuril foi um ponto de acolhimento e concentração de escravos de várias regiões de Moçambique. A Rampa dos Escravos, em Mossuril, situa-se próximo do edifício do Governo distrital de Mossuril, através da qual os escravos comprados eram encaminhados para as embarcações que os levavam para o continente americano.

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O objetivo deste apoio português é “lembrar que a libertação do povo português e a libertação das antigas colónias são acontecimentos ligados por um nexo causal”.

“Se a revolução portuguesa abriu espaço ao reconhecimento da independência das novas nações africanas, não é menos exato dizer que foram também as lutas dos povos colonizados que permitiram libertar Portugal. Nessa medida, o 25 de Abril de 1974 constitui um património que os dois povos partilham. Só o reconhecimento desta história comum permite alicerçar as relações estreitas e fraternas que hoje se verificam entre Portugal e Moçambique”, lê-se no Diário da República.

A reabilitação da Rampa dos Escravos e a criação do Museu da Escravatura insere-se ainda “numa política de preservação e valorização do património histórico e cultural”.

O encargo financeiro português é assegurado pelo orçamento do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, I. P., por contrapartida de verbas a transferir pelo Ministério das Finanças.