As cartas não estavam todas lançadas. Sérgio Conceição tinha pegado no baralho que se lhe apresentava no banco de suplentes e escolhido as melhores soluções para pôr num encontro que não estava a ser favorável ao FC Porto. Vinham lá Francisco Conceição, Galeno e Evanilson, mas o ás de trunfo de início que estava nas quatro linhas. Enquanto o trio ainda se preparava para entrar no encontro, João Mário mostrou fazer parte do naipe mais valioso.

Sérgio Conceição trazia até outros truques na manga. “Cabe-me encontrar soluções, nuances, variações. Já as trabalhámos e fazemos, mas depende da estratégia para o jogo. Contra o Chaves, podem encontrar algo diferente”, projetava o treinador do FC Porto. O técnico foi ao fundo do baú desencantar Toni Martínez que não era titular há cerca de quatro meses nos azuis e brancos, numa derrota com estrondo, em casa, frente ao Arouca. Para o lado esquerdo da defesa, aí com mais naturalidade, entrou Wendell que, apesar de tudo, não alinhava de início na equipa de Sérgio Conceição desde outubro.

O Chaves, lanterna vermelha do campeonato, remediou com cinco alterações o onze que cedeu (1-3) na receção ao Casa Pia na jornada anterior. Moreno montou uma defesa a quatro com Sandro Cruz a atuar como central e Bruno Langa com lateral-esquerdo. Sempre que necessário, Rúben Ribeiro também deu uma ajuda na salvaguarda de um flanco canhoto, onde o FC Porto colocou João Mário sempre que André Franco procurava o corredor central.

Ficha de Jogo

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FC Porto-Chaves, 1-0

15.ª jornada da Primeira Liga

Estádio do Dragão, no Porto

Árbitro: Gustavo Correia (AF Porto)

FC Porto: Diogo Costa, João Mário, Zé Pedro, Fábio Cardoso, Wendell (João Mendes, 80′), Alan Varela (Francisco Conceição, 62′), Eustáquio, Pepê, André Franco, Taremi (Galeno, 62′) e Toni Martínez (Evanilson, 62′)

Suplentes não utilizados: Cláudio Ramos, Grujic, Iván Jaime e Namaso, Romário Baró

Treinador: Sérgio Conceição

Chaves: Rodrigo Moura, João Correia (Carraça, 79′), Bruno Rodrigues, Sandro Cruz, Bruno Langa, Kelechi (Benny, 63′), Guima, Hélder Morim (Cafú Phete, 70′), Leandro Sanca (Paulo Victor, 70′), Rúben Ribeiro e Héctor Hernández (Jô, 63′)

Suplentes não utilizados: Hugo, João Pedro, Steven Vitória e Lameiras

Treinador: Moreno Teixeira

Golos: João Mário (58′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Rúben Ribeiro (25′), Toni Martínez (41′), Bruno Rodrigues (50′), Alan Varela (51′), João Correia (75′), Paulo Victor (85′), Sandro Cruz (88′) e Fábio Cardoso (89′)

Numa fase em que as oportunidades de golo se multiplicavam (por zero), foi o duelo entre Rúben Ribeiro e André Franco que causou faísca até quase explodir. O árbitro do encontro, Gustavo Correia, colocou alguma água na fervura, conversando com os dois jogadores. Ao contrário do tom usado pelo juiz enquanto os jogadores arrazoavam sobre a situação, a vozearia das bancadas pedia a expulsão de Rúben Ribeiro.

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A equipa de Moreno não conseguia sair de forma organizada para o ataque, mas anulava as ações dos dragões no último terço. O povoamento do corredor central com Guima, Kelechi e Hélder Morim dava pouco espaço aos atacantes do FC Porto para manobrarem. Mesmo que a bola entrasse na dupla de avançados do emblema azul e branco, os apoios frontais eram negados pelos médios. A estratégia adequada para enfrentar a equipa que à entrada para a jornada 15 estava a três pontos do líder Sporting e procurava voltar a vencer depois da derrota no clássico (2-0) ajudou os transmontanos a só terem uma nódoa no pano no final da primeira parte. Um passe longo de Alan Varela para o pouco espaço nas costas da defesa acabou nos pés de Pepê que viu o golo negado por João Correia em cima da linha.

A combatividade transmontana quebrou na segunda parte. Pepê intrometeu-se por completo junto dos avançados e teve espaço até para virar e abrir em João Mário que, como habitualmente, estava projetado no enfiamento da grande área. O camisola 23 simulou com o pé direito, rematou com o esquerdo e encontrou o fundo da baliza (58′). João Correia ainda tentou voltar a fazer as vezes de Rodrigo Moura.

Apesar do susto da primeira parte e da sequência de substituições que os dois treinadores começaram a operar, Rúben Ribeiro sobrevivia à expulsão e foi até à zona de ataque, o que raramente tinha acontecido até então. O criativo cruzou e encontrou Benny que cabeceou sozinho na pequena área. Valeu a Diogo Costa que a tentativa acabou na barra. Já no período de compensação, o guarda-redes azul e branco teve mesmo que intervir e desviar para canto uma grande ocasião de Jô Batista.

O golo solitário serviu para o FC Porto vencer o último jogo do ano (1-0) e alcançar os 34 pontos. O triunfo serve de resposta à vitória do Benfica e pressiona o Sporting.