Houve um pouco de tudo naquele gesto de Ronaldo. Frustração, irritação, desespero, tristeza. Longe do topo do Campeonato e afastado da Liga dos Campeões asiática após a derrota nas grandes penalidades frente ao Al Ain de Hernán Crespo (que assegurou a qualificação para a final da prova continental), Ronaldo tinha nas duas taças nacionais as únicas possibilidades de ganhar mais títulos depois da Taça dos Campeões Árabes. Por isso, e a perder por 2-0 frente ao Al Hilal, o internacional português “perdeu a cabeça”. Empurrou um defesa, viu vermelho, depois ainda teve um gesto evitável com o árbitro, saiu a pedir a todos os adeptos para baterem palmas pelo que se estava a passar. Como não poderia deixar de ser foi castigado. E já depois de um regresso a “meio gás” com o Al Khaleej para o Campeonato, voltava com a “corda toda” para a Taça.

Sem mais objetivos para atingir, o Al Nassr de Luís Castro apostava tudo no encontro em casa diante de um dos conjuntos sauditas com maior representação nacional entre o treinador Pedro Emanuel e os jogadores Fábio Martins, Ivo Rodrigues e Pedro Rebocho. Apostava o Al Nassr, apostava Ronaldo. E a forma como ia pedindo o apoio de todos os adeptos antes do início da partida era quase o sinal de uma “segunda vida” na temporada que o avançado procurava tendo em vista o final da época… e a fase final do Europeu.

Parecia que estava escrito e não falhou: de novo titular numa equipa que só não contou com os lesionados Talisca e Ghareeb, Ronaldo voltou aos golos com um bis, chegou aos 44 em 46 jogos na presente época e está apenas a 13 de alcançar a fasquia dos 900 em toda a carreira, contribuindo de forma decisiva para a qualificação para a final da Taça do Rei saudita onde irá defrontar mais uma vez o Al Hilal de Jorge Jesus.

O português não demorou a deixar sinais de que o regresso aos golos era uma questão de tempo, primeiro com um remate forte para defesa de Ibrahim Sehic (5′) e depois com um desvio de cabeça por cima depois de um canto (9′). O Al Khaleej ainda teve um lance de perigo por Khaled Narey mas o Al Nassr controlava o jogo e, depois de mais um remate com perigo de Otávio (12′), Ronaldo inaugurou o marcador, aproveitando uma zona de pressão alta que conseguiu intercetar um passe com o guarda-redes fora da baliza com o remate de primeira de pé esquerdo do português a fazer o 1-0 (17′). Não ficaria por aí: já depois de mais duas defesas “impossíveis” de Sehic a remates de Ayman Yahya (20′) e Sadio Mané (26′), o mesmo Mané assumiu uma grande penalidade “cedida” por Ronaldo e aumentou para 2-0 ainda antes do intervalo (37′).

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O segundo tempo começou com menos motivos de interesse e com Ayman Yahya, a principal novidade entre as opções iniciais, a tentar mostrar serviço com uma série de iniciativas que mereciam golo. O 3-0 não surgiu aí mas também não iria demorar muito mais: após um cruzamento da direita, Ronaldo apareceu ao segundo poste para o desvio, ainda viu Sehic travar o primeiro remate mas nada conseguiu fazer na recarga (57′). Se a partida já estava resolvida, a partir daí deixou de haver discussão, com os visitantes a reduzirem ainda a desvantagem por Fawaz Al-Torais, num desvio ao segundo poste (82′), e o Al Nassr a ver um golo anulado a Abdulaziz Al-Aliwa após assistência de Mané (84′) e um cabeceamento de Laporte ao poste (90′).