A Polícia Federal (PF) do Brasil está disponível para ajudar o Equador a combater a vaga de violência provocada por grupos de crime organizado no país, disse na quarta-feira o diretor-geral da instituição.

Numa entrevista à agência de notícias EFE, Andrei Rodrigues, também secretário executivo da associação de Polícias da América (Ameripol), ofereceu o apoio da organização e da representação brasileira na Interpol.

Rodrigues disse que a ideia é conseguir “um grande ambiente de cooperação” no continente americano, onde a troca de informações e o trabalho de inteligência sejam a base inicial de apoio, ao invés do envio de pessoal ou armas ao país. “Muito mais do que armas e munições, a inteligência é importante”, disse o dirigente.

O líder da PF lembrou que, como o Brasil não tem fronteira com o Equador, convocou os adidos policiais na Colômbia e do Peru “para acompanharem [a situação] e seguirem de perto toda a movimentação na região e os possíveis impactos” para o Brasil. Desde outubro, revelou ainda Rodrigues, está destacado um agente policial equatoriano no Centro de Cooperação Policial Internacional, no Rio de Janeiro.

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Presidente do Equador: “Estamos em estado de guerra e não podemos ceder a estes grupos terroristas”

O agente do Equador “está a trabalhar em conjunto com a nossa equipa e com [representantes de] outros países da região, o que também nos permite uma troca fluida de informações”, afirmou.

Na terça-feira, a ministra da Segurança da Argentina, Patricia Bullrich, disse estar disponível para enviar membros das “forças de segurança, se necessário, para ajudar” o Equador numa “questão continental”.

Entretanto, o Governo do Peru impôs na quarta-feira o estado de emergência em toda a fronteira de 1.500 quilómetros com o Equador e enviou as forças armadas para vigiar a área em conjunto com a polícia.

O chefe do Comando Conjunto das Forças Armadas do Equador, Jaime Vela, anunciou na quarta-feira que as operações realizadas no dia anterior resultaram na detenção de “329 terroristas” e na morte de cinco. Numa conferência de imprensa, Vela disse que não há soldados feridos ou mortos, embora dois agentes policiais tenham sido mortos e um gravemente ferido.

O dirigente anunciou que as autoridades conseguiram capturar 28 reclusos que tinham escapado e libertar 41 guardas e funcionários sequestrados durante motins em cinco prisões do Equador, na segunda-feira. Vela indicou que ainda há 139 pessoas em cativeiro nas prisões do país.

O militar disse que as autoridades formaram um “grupo de elite” para procurar José Adolfo Macías, conhecido como ‘Fito‘ e líder do grupo de crime organizado ‘Los Choneros’, cuja fuga da prisão desencadeou a vaga de violência.

Fito, o líder de um dos maiores gangues da América que estudou advocacia, gravou um videoclipe e tem o Equador à sua procura

O Equador viveu, na terça-feira, um dia de terror que provocou pelo menos dez mortos em diversos atos violentos, como a tomada temporária de um canal de televisão por um grupo armado, carros incendiados e ameaças contra universidades, instituições estatais e empresas.

O Presidente do Equador, Daniel Noboa, decretou estado de “conflito armado interno”.