O Chefe do Estado-Maior da Força Aérea, general Cartaxo Alves, propôs esta quinta-feira que o Dia da Defesa Nacional seja “focado no recrutamento” sem estar “preso a modelos pré concebidos” e quer debater “novas perspetivas” sobre esta iniciativa.

A Força Aérea ambiciona um Dia da Defesa Nacional focado no recrutamento, que não seja estático nem preso a modelos pré concebidos. Antecipamos um Dia da Defesa Nacional que potencie a atratividade das Forças Armadas de forma atenta, ativa, inovadora e ao mesmo tempo que esteja comprometido com os grandes desígnios do país”, defendeu o general Cartaxo Alves.

O chefe militar falava na Base Aérea n.º 1, em Sintra, na cerimónia de lançamento da 20.ª edição do Dia da Defesa Nacional, atividade cívica de caráter obrigatório que visa sensibilizar os jovens que atingem a maioridade sobre a temática da Defesa Nacional e o papel das Forças Armadas.

“A intenção da Força Aérea é apresentar aos outros ramos uma proposta para que, em conjunto com a Direção-Geral de Recursos da Defesa Nacional (DGRDN), se discutam novas perspetivas do Dia da Defesa Nacional, criando uma oportunidade de partilha de encontro e ação reflexiva sobre as mais diversas questões onde se explorem temas contemporâneos e de elevado interesse para o país e para os jovens, e que permitam também projetar o recrutamento para os patamares mencionados”, propôs.

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Na sua intervenção, o general João Cartaxo Alves alertou que “os constrangimentos decorrentes do momento que as Forças Armadas atravessam, e a Força Aérea em particular, confluem para uma situação em que são efetivamente necessárias metodologias de trabalho inovadoras, processos ágeis e ações realmente centradas no recrutamento”.

Como tal, o Dia da Defesa Nacional, pela importância que tem, não deve nem pode ficar de fora desta equação”, considerou, sugerindo que se reflitam em “formas de cumprimento híbridas em que os jovens obteriam todo o conhecimento teórico ‘online’ e a presença no Dia da Defesa Nacional passaria a ser uma ação de recrutamento e de interação com as valências que os três ramos colocam ao seu dispor durante este dia”.

O general Cartaxo Alves disse estar consciente de que o recrutamento “não é o propósito com que o Dia da Defesa Nacional foi criado”, contudo, lembrou, “em 2014 foi possível experimentar um novo modelo no qual se reforçou a ligação da comunidade à componente militar pela realização do mesmo em unidades militares”.

O chefe militar recordou também que, “em 2016, já foi possível o Dia da Defesa Nacional ir ao encontro dos cidadãos portugueses residentes no estrangeiro” e defendeu que hoje é “possível e necessário dar um novo salto, um novo impulso, uma nova forma de atuação” a esta iniciativa.

“É importante que, definitivamente, se perceba que vivemos uma época em que ocorrem cada vez menos nascimentos, que os jovens prosseguem os seus estudos até mais tarde, que cada vez menos se identificam com os valores e propósitos das Forças Armadas pelo que esta é, provavelmente, a melhor ou talvez a única grande oportunidade para recrutar ou atrair”, salientou.

O recrutamento e retenção de militares é um dos maiores desafios das Forças Armadas, tendo este chefe militar alertado, em outubro, a ministra da Defesa Nacional, Helena Carreiras, que a situação de efetivos na Força Aérea é “a mais grave dos últimos 50 anos”.