Quando a tarefa é complicada, todos querem dar uma mãozinha, mas o excesso de voluntarismo comprometeu Aderllan, o central do Rio Ave que cortou um lance perigoso com o braço e viu o segundo amarelo. Em inferioridade numérica, os vilacondenses não puderam pedir um copo meio cheio, porque, de repente, ficaram completamente no vazio. Não só com as mãos, como também com os pés atados, o final do encontro decorreu numa realidade contrastante com o que se passou durante uma hora, período onde prevaleceu o domínio da equipa de Luís Freire na Luz face a um Benfica que nem a precisar de vencer para responder ao triunfo do Sporting se empolgou.

O Benfica entrou em campo com um onze inicial sem qualquer alteração face à equipa que eliminou o Sp. Braga da Taça de Portugal (3-2). Arthur Cabral, que realizou a melhor exibição desde que chegou ao Benfica frente aos minhotos, segurou um lugar no ataque. Marcos Leonardo ficou no banco de suplentes à espera da estreia com a camisola encarnada. De resto, Roger Schmidt também não realizou mudanças estruturais em relação ao que tem apresentado nas últimas jornadas. Aursnes foi o lateral-direito e Morato fez o mesmo papel, mas à esquerda. Porém, o brasileiro pode em breve deixar de ser adaptado à posição. O rumor de que Álvaro Fernández pode estar a caminho da Luz ganha cada vez mais força e o treinador do Granada, clube que o defesa representou na primeira metade da época, confirmou que o jogador vai mudar de ares, não referindo para onde.

Arthur, o herói cada vez mais provável que viu quem chegou e disse que já cá estava (a crónica do Benfica-Sp. Braga)

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Por sua vez, o Rio Ave, à procura de pontos que permitam abandonar a zona perigosa da tabela, onde se encontra, montou um 3x4x3 com muitos jogadores criativos — Guga, João Graça e Joca — e um elemento móvel na frente, no caso, Emmanuel Boateng. Fábio Ronaldo fez de falso lateral, completando uma linha de cinco em fase defensiva. Luís Freire mudou apenas um jogador em relação ao encontro com o Portimonenses que os vilacondenses venceram interrompendo um ciclo negativo de cinco jogos sem ganharem. Destaque ainda para a presença de Mateo Tanlongo, emprestado pelo Sporting, no banco de suplentes.

Ficha de Jogo

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Benfica-Rio Ave, 4-1

17.ª jornada da Primeira Liga

Estádio da Luz, em Lisboa

Árbitro: Iancu Vasilica (AF Vila Real)

Benfica: Trubin, Aursnes (Tomás Araújo, 86′), António Silva, Otamendi, Morato, João Neves (Chiquinho, 90+2′), Kokcu (Florentino, 63′), Rafa Silva, Di María (Tiago Gouveia, 63′), Rafa Silva, João Mário e Arthur Cabral (Marcos Leonardo, 63′)

Suplentes não utilizados: Samuel Soares, Jurásek, Guedes e Musa

Treinador: Roger Schmidt

Rio Ave: Jhonatan, Costinha, Josué, Aderllan Santos, Miguel Nóbrega (Aziz, 86′), Fábio Ronaldo, João Graça (Zé Manuel, 58′), Amine (Tanlongo, 86′), Guga, Joca (Ventura, 58′) e Boateng (Patrick, 63′)

Suplentes não utilizados: Magrão, Vítor Gomes, Ruiz e Frederico Namora

Treinador: Luís Freire

Golos: Guga (9′), Di María (29′), António Silva (61′), Marcos Leonardo (80′) e João Mário (90+1′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Aderllan (49′ e 58′), Kokcu (57′) e Patrick (90+3′); cartão vermelho a Aderllan (58′)

Taticamente, o Rio Ave demonstrou nuances relevantes. João Graça e Joca apareceram mais abertos do que seria de esperar e, com as subidas de Fábio Ronaldo e Costinha, criaram situações de vantagem junto aos corredores. João Mário e Di María defendiam com os olhos na maior parte do tempo e os médios não compensavam. As relações de jogo exterior dos vilacondenses causaram sérios problemas aos encarnados e foi daí que nasceu o golo de Guga (9′). Boateng falhou o desvio ao cruzamento de Costinha por pouco, mas, mesmo assim, o médio formado no Seixal deixou o Rio Ave na frente.

Nem com este alerta, os jogadores de Roger Schmidt corrigiram a sua postura e, se não fosse a exibição de Trubin, o jogo teria contornos catastróficos nos minutos iniciais. O ucraniano negou com o pé o remate de Fábio Ronaldo e, depois, opôs-se ao cabeceamento de Boateng. Contra a corrente do jogo, uma situação em que Rafa e Di María dispararam em velocidade frente a apenas dois defesas do Rio Ave atenuou os estragos. O desfecho foi o golo do argentino (29′) que garantiu o empate.

No minutos finais da primeira parte, o Benfica equilibrou, mas não conseguiu exercer o domínio que, a jogar em casa, certamente desejaria. O reinício após o intervalo trouxe o Rio Ave que se tinha visto no começo do encontro. No espaço de três minutos, os nortenhos carimbaram dois remates no poste por intermédio de Boateng e de João Graça. Para os encarnados, ficava cada vez mais evidente a dificuldade em defender cruzamentos.

Tudo mudou num ápice, Aderllan foi expulso por acumulação de amarelos, deixando o Rio Ave em inferioridade numérica. Luís Freire ainda não tinha tido tempo para reajustar a defesa com recurso às substituições e António Silva (61′) completou a reviravolta no marcador, beneficiando do desnorte que a equipa dos Arcos estava a sentir. Marcos Leonardo viu o central do Benfica marcar a partir da zona de substituições. O avançado brasileiro vindo do Santos preparava-se para entrar quando o resultado ainda estava empatado. Roger Schmdit não voltou atrás com a decisão e estreou mesmo o internacional jovem pelo Brasil.

O treinador alemão tinha suscitado questões quanto à condição física de Marcos Leonardo. A avaliação permitiu ao jogador de 20 anos entrar nos minutos finais e não foi preciso muito para se perceber que estava pleno de energia. Aursnes, inesgotável, foi ao limite da linha de fundo tirar o cruzamento. Perante a qualidade e precisão do serviço, Marcos Leonardo (80′) cabeceou para o fundo das redes de Jhonatan. O ponta de lança que entrou para o lugar de Arthur Cabral ainda tentou a sorte mais uma vez, mas foi João Mário (90+1′) quem assegurou que a distância para o líder do campeonato se mantinha em apenas um ponto (4-1).