Que se aplaudam sempre as atitudes solidárias e os momentos em que os seres humanas se juntam por uma causa comum, porque raro é quando sem colocam onze cabeças a pensar em sintonia (basta verificarem no grupo de WhatsApp onde querem marcar um jantar). O Farense conseguiu fazê-lo. A bola, descontente com a forma como Mattheus Oliveira cuidou dela, tergiversou para parte incerta. Aí se viu a união dos algarvios que devem ter saído para procurar o destino final daquele remate, pois, ao mesmo tempo, viraram todos costas ao jogo.

O FC Porto, aliviado pela mão de Fábio Cardoso dentro de área não ter sido penalizada com um golo sofrido, não encontrou resistência à altura na reta final de uma primeira parte cheia de incidências. Quase como se não tivesse adversários pela frente, Galeno conduziu em velocidade pela esquerda. No momento certo, o extremo soltou em Evanilson (35′) que marcou pelo quarto jogo consecutivo. Ainda antes do intervalo, Alan Varela (41′), de fora de área, finalizou uma jogada que nasceu de um canto curto. Castigo pesado para o sétimo classificado do campeonato à entrada para a jornada 19.

Ficha de Jogo

Mostrar Esconder

Farense-FC Porto, 1-3

19.ª jornada da Primeira Liga

Estádio São Luís, em Faro

Árbitro: João Pinheiro (AF Braga)

Farense: Ricardo Velho, Pastor, Gonçalo Silva, Zach Muscat, Talocha, Caseres (Vítor Gonçalves, 60′), Cláudio Falcão, Mattheus Oliveira (Fabrício Isidoro, 89′), Caseres (Vítor Gonçalves, 60′), Marco Matias (John Velásquez, 73′), Elves Baldé (Belloumi, 73′) e Bruno Duarte (Zé Luís, 89′)

Suplentes não utilizados: Luiz Felipe, Fran Delgado, Igor Rossi e Cristian Ponde

Treinador: José Mota

FC Porto: Diogo Costa, João Mário, Pepe, Fábio Cardoso, Wendell (João Mendes, 89′), Alan Varela, Nico González (Eustáquio, 89′), Pepê, Galeno (Iván Jaime, 79′), Francisco Conceição (Romário Baró, 89′) e Namaso, 90+1′)

Suplentes não utilizados: Cláudio Ramos, Zé Pedro, André Franco e Toni Martínez

Treinador: Sérgio Conceição

Golos: Evanilson (35′ e 76′), Alan Varela (41′) e Bruno Duarte (60′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Gonçalo Silva (25′)

Mas isto nem sempre foi assim. Enquanto o Farense marcou presença no jogo, o FC Porto teve oposição de bom nível, tal como tinha acontecido na primeira volta. Sérgio Conceição acredita que o futebol é simples, mas não tenhamos ilusões, porque se tudo fosse como diz o treinador do FC Porto — “há uma baliza para atacar e outra para defender” — o técnico dos dragões tinha escolhido treinar em campos onde esse tal sítio onde de marcam golos é construído pelo jogador mais apto para a concretização de obras públicas com uma pedra solta da calçada. Se funcionasse assim, Conceição não teria precisado de tantas folhas amassadas e colocadas para o lixo para encontrar um onze no qual pode confiar com a regularidade com que nasce o dia: sempre.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Marcano não deixou o seguro morrer de Velho entre as saudades de Otávio (a crónica do FC Porto-Farense)

Nos onzes iniciais apresentados nos últimos três jogos, todos vencidos pelo FC Porto, Sérgio Conceição promoveu apenas uma alteração. Por força do castigo de Nico González, foi Eustáquio quem ocupou uma das posições de meio-campo frente ao Moreirense (5-0). No entanto, para a jornada 19, na visita ao Farense, o médio espanhol voltou a ser lançado como opção inicial por troca com o internacional canadiano.

Galeno e Francisco são a prova de que a pressa nem sempre é inimiga da perfeição (a crónica do FC Porto-Moreirense)

A receita era repetida, mas não quer dizer que já esteja perfeitamente oleada e por isso causou um susto. Uma vez que, defensivamente, o FC Porto continua a conceder algum espaço para os contra-ataques dos adversários, o Farense aproveitou o livre-trânsito para que Bruno Duarte fizesse a bola circular da esquerda para a direita onde estava Elves Baldé que atirou à barra da baliza de Diogo Costa. Nesta fase, ainda com o jogo empatado a zero, o extremo dos leões de Faro foi protagonista principal a atacar e a defender. O jogador formado no Sporting cortou um lance de golo iminente a Galeno e, depois, fez o mesmo a Evanilson. O árbitro do encontro, João Pinheiro, ainda assinalou grande penalidade, mas, ao ver as imagens, o juiz da AF Braga reverteu a decisão.

Sérgio Conceição, que desejava que a equipa voltasse a vencer fora para o campeonato, algo que não tinha acontecido nos dois encontros anteriores, tentou expor ao máximo os onze titulares. Aos 80 minutos, quando o treinador azul e branco fez a primeira alteração ao colocar Iván Jaime no lugar de Galeno, a vitória por 1-3 já estava definida e, à condição, os dragões, terceiros classificados, iam posicionar-se a dois pontos do líder Sporting. Porém, o caminho para aí chegar não foi linear. Alan Varela cometeu nova grande penalidade por falta sobre Mattheus Oliveira. O Farense mudou o responsável pela cobrança e foi bem-sucedido. Bruno Duarte (60′) deixou o marcador na margem mínima, o que não fazia jus ao que o FC Porto estava a apresentar. Evanilson (76′), de novo com uma diagonal curta a atacar as costas dos centrais Gonçalo Silva e Zach Muscat, recebeu o passe de Pepê e bateu o guarda-redes Ricardo Velho, marcando o sétimo golo em quatro jogos.