O sucesso do fenómeno Diogo Ribeiro em grandes provas internacionais, que teve prolongamento agora nos Mundiais absolutos de Doha com uma histórica medalha de ouro nos 50 metros mariposa (distância onde tem o recorde mundial de juniores), é a face mais visível do “salto” da natação portuguesa mas não encerra apenas em si todo o desenvolvimento que se tem registado nos últimos anos. Gabriel Lopes é um exemplo disso mesmo, sobretudo pela medalha de bronze conquistada nos 200 metros estilos dos Europeus de Roma, em 2022, onde se sagrou apenas o quarto português a chegar ao pódio da competição depois de Alexandre Yokochi, Alexis Santos e o próprio Diogo Ribeiro. No entanto, o nadador do Louzan trabalhou para mais.

Quinto, sétimo, mais uma medalha histórica: Gabriel Lopes de bronze nos 200 metros estilos dos Europeus

Em Fukuoka, depois de uma marca nas eliminatórias que abria boas expetativas para a discussão de uma vaga na final, Gabriel Lopes acabou por ter uma meia-final “falhada” na distância, não conseguindo baixar da barreira dos dois minutos (muito abaixo do tempo que lhe valeu a medalha em Roma-2022, 1.58,34). Esse dia não correu bem, os seguintes mostraram que o potencial estava lá. Nos Jogos Mundiais Universitários, que se realizaram umas semanas depois, o nadador português sagrou-se campeão dos 200 metros estilos com o tempo de 1.59,12, lamentando apenas no final que não tivesse a oportunidade ouvir o hino.

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“Sei que é uma medalha internacional mas não de uma competição do nível de um Europeu ou Mundial. No entanto, não se deve tirar-lhe o valor que a competição tem. Considero que a medalha do Europeu continua a ser o maior feito da carreira, já esta… Se calhar ponho-a em segunda no ranking. Fazer os mínimos para os Jogos era o grande objetivo desta época. Não consegui. Voltará a sê-lo na próxima. Quanto ao que temos de fazer, teremos de pensar uma coisa de cada vez”, comentou depois desse resultado na China num 2023 que fechou com bons resultados ainda que noutras especialidades no Meeting Internacional do Algarve.

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Recomeçava agora em Doha esse “projeto” de chegar aos Jogos, com resultados promissores na qualificação dos 200 estilos. Gabriel Lopes venceu de forma destacada a quarta eliminatória com o tempo de 1.59,80, que lhe valeu a sexta melhor marca entre os 16 qualificados para as meias-finais da tarde desta quarta-feira à frente por exemplo de Duncan Scott, prata nos últimos Mundiais de Fukuoka e único medalhado na distância presente face às ausências de Léon Marchand e Tom Dean, sendo certo que uma qualificação direta para os Jogos de Paris, mais “puxada” nesta disciplina, “obrigaria” a bater o recorde nacional de Alexis Santos (sendo que nos 100 metros costas o atleta do Louzan acabou por não chegar às meias, com o 24.º tempo).

Como se tem percebido ao longo destes primeiros dias de Mundiais, o Aspire Dome não está propriamente para fazer grandes marcas (Pan Zhanle, na estafeta dos 4×100 metros livres, furou essa “regra”). Gabriel Lopes não foi exceção a nível de tempo mas ficou muito perto de segurar uma vaga direta para a final dos 200 metros estilos, passando em segundo na mariposa, nas costas e nos bruços antes de quebrar naquele que continua a ser o principal calcanhar de Aquiles, os últimos 50 metros livres. Assim, com 2.00,27, o português teria de ficar de calculadora na mão como Diogo Ribeiro nos 100 metros livres, sendo que não era provável que a final fechasse acima dos dois minutos. Não foi mesmo. E sobrou um 12.º lugar na prova.

O britânico Duncan Scott (1.57,83) e o japonês Daiya Seto (1.57,85) foram os únicos qualificados para a corrida decisiva na primeira meia-final contra uma segunda meia-final bem mais rápida que apurou os norte-americanos Carson Foster (1.57,13), Shaine Casas (1.57,62), o italiano Alberto Razzetti (1.58,21), o canadiano Finlay Knox (1.58,50), o neozelandês Lewis Clareburt (1.58,59) e o chinês Zhanshuo Zhang (1.58,98).

Também Mariana Cunha chegou às meias-finais dos 200 metros mariposa, melhorando a marca de qualificação nas eliminatórias de 2.12,59 para 2.12,52, mais próximo do recorde pessoal que tem de 2.12,16, mas não indo além da 13.ª posição entre as 16 nadadoras (sétima da sua série). A dinamarquesa Helena Rosendahl Bach foi a mais rápida nas meias-finais com 2.07,45, seguida de Rachel Klinker (EUA, 2.07,70), Laura Stephens (Grã-Bretanha, 2.07,97), Boglarka Kapas (Hungria, 2.08,48), Yonghui Ma (China, 2.08,73), Dalma Sebestyen (Hungria, 2.09,14), Sujin Park (Coreia do Sul, 2.09,22) e Lana Pudar (Bósnia, 2.09,42).