Uma loja de um hotel-restaurante numa estância de ski perto de Davos, na Suíça, afixou um aviso em que anunciava ter deixado de alugar equipamento desportivo aos “irmãos judeus” na sequência do que apelidou como “incidentes muito aborrecidos”, como alegados roubos. O cartaz foi, entretanto, retirado, a loja pediu desculpa, mas a polícia do país já anunciou que vai investigar o caso.

Segundo a Sky News, o anúncio estava escrito em hebraico. Inicialmente, o proprietário da loja indicou à imprensa local que os equipamentos são frequentemente deixados ao abandono nas pistas ou não são devolvidos. Mais tarde, ao site Blick, garantiu que o anúncio “não tem nada a ver com antissemitismo” e que recebe muitos hóspedes judeus “maravilhosos”. Ainda assim, pediu desculpa e retirou o cartaz 24 horas depois de o afixar.

Para a Federação suíça de Comunidades Judaicas, o cartaz é “indiscutivelmente discriminatório” e “antissemita”. E acusa: “Todo um grupo de turistas estão a ser coletivamente rotulados devido à sua aparência e origem”.

Jonathan Kreutner, presidente da federação, que aguarda os resultados da investigação antes de decidir avançar para a justiça, diz que Davos tem sido cada vez mais procurado por elementos da comunidade judaica, que ali se sentem “confortáveis”.

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A Sky News escreve que o presidente da agência de turismo de Davos foi citado num jornal local a dizer que alguns turistas judeus “têm claramente dificuldade em aceitar e respeitar as regras de convivência”. Recentemente, de acordo com a BBC, foi criada uma taskforce para responder à crescente tensão entre turistas e anfitriões, que se têm queixado de incidentes.

Mas associações anti-racistas têm criticado que se esteja a tentar relacionar as queixas com a presença de turistas da comunidade judaica e sugerem que, para prevenir roubos ou danos nos equipamentos, em vez de um cartaz como o que foi afixado, a loja deveria pedir aos clientes um documento de identificação e os dados do cartão de crédito, tal como muitos outros estabelecimentos já fazem.

O porta-voz do turismo de Davos defendeu ao Blick que o cartaz foi um “incidente infeliz” e garante que não há um “problema sistémico” de antissemitismo na região. O presidente da Câmara de Davos — que alberga o Fórum Económico Mundial — frisa que “todas as formas de antissemitismo, racismo e discriminação devem ser condenadas. Não há espaço para isto em Davos”. A polícia da região de Graubunden anunciou uma investigação por suspeitas de discriminação e incitação ao ódio.