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A trivela gourmet de Rafa fez um triunfo fast food antes das grandes refeições (a crónica do Benfica-Portimonense)

15 minutos à Benfica? Não, bastaram cinco: como na teoria do ketchup, encarnados só precisaram do primeiro golo para mostrar que é possível ganhar e marcar sem o velho 9 mas com este novo Rafa (4-0).

Rafa bisou, fez uma assistência e é o único jogador das dez principais ligas com dois dígitos de golos e assistências no Campeonato
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Rafa bisou, fez uma assistência e é o único jogador das dez principais ligas com dois dígitos de golos e assistências no Campeonato

PATRICIA DE MELO MOREIRA

Rafa bisou, fez uma assistência e é o único jogador das dez principais ligas com dois dígitos de golos e assistências no Campeonato

PATRICIA DE MELO MOREIRA

Não tinha falado antes da partida com o Vizela, também optou por não prestar declarações na antecâmara da receção ao Portimonense. O Benfica foi notícia este sábado por inúmeras razões, da entrega dos símbolos por 75, 50 e 25 anos de filiação ao clube com discurso do presidente Rui Costa à presença de Anatoliy Trubin na manifestação organizada pela Associação de Ucranianos em Portugal que assinalou os dois anos da invasão da Rússia à Ucrânia, passando pela situação de João Neves depois daquele que foi o jogo mais complicado da carreira apenas três dias depois de perder a mãe e pelas definições no calendário de encontros das próximas semanas que está a ficar cada vez mais apertado, houve um pouco de tudo menos o que é mais normal na véspera de um compromisso: a antevisão de Roger Schmidt ao próximo adversário. Todavia, existia um ponto de partida para a receção dos encarnados ao Portimonense que começara em Toulouse.

Benfica goleia Portimonense com três golos em cinco minutos e isola-se no topo da Liga antes de jogar em Alvalade e no Dragão

Apesar da passagem, que na verdade é aquilo que mais interessa (daqui a um mês pelo menos 90% ou 95% já não se lembrarão da exibição sobretudo na segunda parte), o Benfica revelou deficiências que antes não tinha ou pelo menos andavam disfarçadas. A nível defensivo, sobretudo pelos corredores laterais, a equipa nunca esteve tranquila. No plano das transições, e após uma primeira parte de algum sucesso nesse particular, a formação da Luz mostrou-se incapaz de fazer aquilo que faz de melhor. No meio-campo, revelou grandes problemas para conseguir agarrar nas rédeas da partir e gerir momentos de jogo (algo que Florentino Luís, que não chegou a sair do banco, poderia ter colmatado). Se a imagem geral que ficara da primeira mão não tinha sido a melhor, a segunda apenas adensou esse cenário. Agora, voltava o Campeonato e em casa.

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Depois de 15 minutos sem remates ou oportunidades, o Benfica necessitou apenas de meia hora para fazer um autêntico “atropelo” ao Vizela e chegar ao intervalo em vantagem por cinco golos. Após o empate cedido (ou resgatado) em Guimarães frente ao Vitória, os encarnados regressavam aos triunfos e mantinham-se na frente do Campeonato com os mesmos pontos do rival Sporting mas um encontro a menos. Agora, com o obstáculo da Liga Europa superado, seguia-se uma receção ao Portimonense a quem tinham ganho sempre desde o regresso dos algarvios ao primeiro escalão à exceção da derrota em 2021/22. E uma receção que antecedia duas deslocações de risco elevado aos adversários mais diretos na luta pelos objetivos nacionais, com um jogo em Alvalade para a primeira mão da Taça e uma partida no Dragão para a Liga.

Com uma possível e natural gestão física de alguns elementos por Roger Schmidt, até em termos anímicos a margem de erro era curta ou quase nula, tendo em conta o que um desaire frente ao conjunto de Portimão poderia significar para as partidas que se seguiam até à paragem para compromissos das seleções (além de Sporting e FC Porto haverá a eliminatória com o Rangers na Liga Europa e a receção ao Estoril, que afastou os encarnados da final da Taça da Liga nas grandes penalidades). Quando assim é, nesse contexto, a entrada na partida faz toda a diferença. Era aí que estavam centradas as atenções, numa fase em que o Benfica tinha oito triunfos consecutivos jogando em casa entre Liga, Taça de Portugal, Taça da Liga e Liga Europa.

A entrada foi boa, o prolongamento nem por isso, os momentos antes do intervalo voltaram a melhorar mas em cinco minutos ficou escrita a história da partida. Se até aos 55 minutos a eficácia era o grande problema, a partir daí o encontro entrou na toada do cada tiro, cada melro e a goleada chegou de forma inevitável e com números curtos para o que aconteceu na segunda parte. Entre os destaques, com Kökçü à cabeça jogando em posições mais adiantadas do que é normal, surgiu Rafa. Que inaugurou o marcador de trivela para o 1-0, que “fechou” o jogo com uma assistência de trivela para o 3-0. Foi como aquela velha teoria do ketchup que um dia o Bibota Fernando Gomes referiu e que mostrou que é possível golear sem jogar com um ‘9’ de raiz mas com esta nova versão do avançado que está cada vez melhor e mais completo a terminar contrato numa partida que deu o mote para um calendário que terá agora Sporting (Taça) e FC Porto (Liga).

Ficha de jogo

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Benfica-Portimonense, 4-0

23.ª jornada da Primeira Liga

Estádio da Luz, em Lisboa

Árbitro: Miguel Nogueira (AF Lisboa)

Benfica: Trubin; Bah, António Silva (Tiago Gouveia, 79′), Otamendi, Aursnes; João Neves (Florentino Luís, 65′), Kökçü; Di María, João Mário (Arthur Cabral, 79′), David Neres (Tiago Gouveia, 65′) e Rafa (Marcos Leonardo, 89′)

Suplentes não utilizados: Samuel Soares, Álvaro Carreras, Morato e Rollheiser

Treinador: Roger Schmidt

Portimonense: Nakamura; Alemão, Pedrão, Filipe Relvas; Guga (Igor Formiga, 80′), Carlinhos, Dener (Fukui, 80′), Gonçalo Costa (Seck, 68′); Hélio, Jasper e Heriberto (Tamble, 68′, e Rodrigo Martins, 80′)

Suplentes não utilizados: Vinícius, Mvoué, Luan e Alcobia

Treinador: Paulo Sérgio

Golos: Rafa (55′ e 75′), David Neres (57′) e Di María (59′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Hélio (69′)

Os minutos iniciais do encontro tiveram como principal ponto de interesse perceber os possíveis resultados das alterações de Roger Schmidt na equipa. Na verdade, o resultado de uma alteração em específico, tendo em conta que a aposta de Aursnes na esquerda de defesa mais não era do que o colocar o norueguês a jogar bem e a dar rendimento ao coletivo mas noutra posição. Assim, e desde o arranque, Kökçü recuperou aquelas posições mais adiantadas no terreno que tantas vezes pisou no Feyenoord, apoiando de forma mais direta Rafa num esquema que promovia a mobilidade e colocava os laterais quase como alas e a aparecerem ainda na área para finalização. Com o Portimonense praticamente sem capacidade de saída e acantonado no seu meio-campo, essa liberdade de movimentos entre os homens da frente não demorou a dar frutos, com David Neres a cruzar na esquerda após uma finta curta, Di María a ver o remate prensado num defesa contrário e Kökçü, isolado na pequena área, a fazer o mais difícil com Nakamura a brilhar na “mancha” (9′).

[Clique nas imagens para ver os melhores momentos do Benfica-Portimonense em vídeo]

Aos poucos, com o passar dos minutos, o Portimonense foi conseguindo um melhor “encaixe” na forma como o Benfica atacava: reforçou o corredor central, tirou ainda mais espaço entre linhas, começou a perceber que a melhor forma de ter saída era lançar Hélio Varela nas costas de Bah, antecipou mais os movimentos de Di María e David Neres. Com isso, e apesar do domínio e controlo total dos encarnados bem visível nos 70% de posse, foram os algarvios a terem as tentativas seguintes no último terço do ataque com Hélio Varela a ter um remate muito desenquadrado (20′) e Carlinhos a aproveitar uma segunda bola perante a cerimónia da defesa dos visitados em aliviar a bola depois de uma boa incursão de Hélio Varela pela esquerda para atirar para defesa fácil de Trubin (23′). Se a entrada foi boa, os 30 minutos iniciais fechavam com aquele futebol curto e apoiado a carecer de algo mais como referência no centro do ataque para dar outro tipo de opções.

Era neste contexto que se caminhava para o intervalo, com o guarda-redes Nakamura a voltar a estar gigante a sair dos postes numa segunda bola após um livre onde Kökçü aproveitou o desposicionamento da defesa algarvia para isolar Otamendi com um fantástico passe (31′) e Rafa a experimentar outra forma de bater o japonês com um chapéu que saiu com aba demasiado larga após passe no corredor central de David Neres (36′). Foi nessa fase que o Benfica conseguiu aproveitar erros posicionais do Portimonense para criar oportunidades de golo, havendo ainda um remate de David Neres cortado por Pedrão (40′) e uma tentativa de Di María pelo corredor central travada por Nakamura (44′), mas pertenceu aos visitantes o último sinal de perigo da primeira parte, com Heriberto a jogar no meio após uma saída 3×3 para o remate de Jasper que saiu ao lado da baliza de Trubin (45+1′). Apesar do domínio encarnado, o nulo mantinha-se.

Havia essa dúvida se, tal como já aconteceu noutras partidas, Roger Schmidt ia ou não mexer ao intervalo, a ganhar tempo para algo que parecia inevitável. Não aconteceu. Talvez “empurrado” pela capacidade de criar oportunidades nos derradeiros 15 minutos, Arthur Cabral e Marcos Leonardo mantiveram os exercícios de recriação normais no descanso e o alemão acreditou que estava encontrada a fórmula para desconstruir a muralha algarvia juntando à tal mobilidade as variações rápidas do centro do jogo que conseguiam colocar mais vezes as unidades ofensivas em situações de 1×1 onde era mais fácil desequilibrar. Já o Portimonense, também sem mexer, tentava ter mais bola e em meio-campo contrário para evitar situações de maior sufoco em que a pressão alta dos encarnados asfixiava a saída dos algarvios. Foi sol de pouca dura. E nunca aquela famosa expressão do ketchup fez tanto sentido, com tudo a mudar em menos de cinco minutos.

Numa jogada de insistência na área depois de um remate de Di María que ficou prensado num defesa, Bah foi mais rápido a reagir e conseguiu encontrar com um simples toque Rafa mais descaído sobre a direita, com o avançado a arriscar uma trivela que pareceu não ter a orientação pretendida para o poste contrário mas que conseguiu trair Nakamura para o 1-0 (55′). Logo de seguida, perante uma tentativa de subida dos algarvios, Kökçü teve um fantástico passe na profundidade para David Neres que, arrancando atrás da linha do meio-campo, aguentou a pressão, passou o guarda-redes e encostou isolado para o 2-0 (57′). Não haveria duas sem três: num momento de total desorientação dos visitantes, Rafa foi lançado na esquerda em velocidade, fez o cruzamento de trivela para o flanco direito e Di María encostou de primeira para o 3-0 (59′). Não estando tudo decidido, estava tudo “decidido”. E a partir daí pensou-se mais no dérbi de quinta-feira, sendo que Rafa ainda foi a tempo de bisar após assistência de Kökçü numa grande jogada de Tiago Gouveia (75′).

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