“Já fui muito feliz nesta Casa do Alentejo. Ainda bem que as paredes não falam ou eu não seria cabeça de lista nesta altura”. Cotrim de Figueiredo já não é formalmente o líder do partido, depois de ter saído pelo seu próprio pé há um ano quando achava que vinham aí mais 4 anos de maioria absoluta — mas para muitos liberais continua a ser uma espécie de líder espiritual.
Nota-se a empatia que mantém com os 200 simpatizantes, que o ouvem com atenção, que se entusiasmam a aplaudir nos momentos certos e se riem quando ouvem suas graças inesperadas.
Discursou antes do líder e despachou rapidamente as razões para alguns indecisos não quererem votar PS: “Olham para o PS e percebem que não é daí que vem solução. Se não resolveu em todos estes anos, não é agora. Por favor saiam da frente e não atrasem mais”. E arrumou o Chega chamando-lhe um “circo de gritaria e infantilidade, sem fim de promessas, tão estatista como o PS”.
Depois centrou a parte maior do discurso emotivo a explicar que faltam à AD cabeça, mãos e coração para “mudar Portugal a sério”. E vincou que “só a IL pode dar à AD o que falta”.
Primeiro a cabeça: “Um país muda-se a sério com ideias novas, que possam tomar o lugar de ideias gastas, que já se viu que não funcionam. À AD falta isto, não traz ideias novas para pôr o país a crescer. Quem traz é a IL”, afirmou, entre aplausos.
A seguir as mãos: “É preciso muito trabalho e competência para propor o que já se provou que funciona e para executar. E determinação e coragem para vencer a resistência daqueles que nunca querem que nada mude. Isto também falta à AD. Quem tem essa coragem é a IL”.
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Por fim o coração, que começou com uma caricatura a imitar uma expressão de Pedro Nuno Santos muito gozada no programa de Ricardo Araújo Pereira: “É preciso eeeempaaaatia”. Disse-o a arrastar a voz, a tentar imitar o candidato socialista, levando mais uma vez a audiência liberal às gargalhadas. Mais a sério: “É preciso apelar com o coração ao melhor que os portugueses têm. Mostrar enorme confiança nas suas capacidades. Esperança num futuro melhor. E nunca nos resignarmos a este medíocre estado de coisas a que o PS conduziu o país. À AD também falta isto.”
Cotrim de Figueiredo deixou ainda um elogio ao sucessor que apoiou: “Os voluntários têm sido coordenados por uma extraordinária equipa de campanha liderada por Rui Rocha, que tem sido incansável na luta, foi impecável nos debates e todos os dias tem conquistado a confiança de mais e mais portugueses”.
O ataque de Rocha a Pedro Nuno: “Se fosse numa empresa, não voltaria a ter responsabilidades”
Aqueceu a sala para Rui Rocha, que aproveitou no seu discurso para acusar a AD de “falta de coragem” para mudar a reforma eleitoral sem depender do PS numa revisão constitucional.
Voltou ainda a atacar a AD por causa das declarações em que Paulo Núncio admitiu um novo referendo ao aborto: “Eu não quero um pais onde se admite como tese remota que os direitos das mulheres sejam postos em causa”. Um momento muito aplaudido de pé por toda a sala.
O essencial do discurso do presidente da IL foi a defender a reconciliação de Portugal com os seus jovens, para evitar que tenham de emigrar em busca de melhores salários. Falou ainda sobre as propostas para a saúde e sobre a baixa do IRS e apelou a todos os pais e avós para que votem na IL e ajudem a criar condições para os filhos e netos ficarem em Portugal, com salários mais altos.
Deixou também um duro ataque a Pedro Nuno Santos: “Em rigor o PS não tem um candidato, nem obra, nem programe eleitoral. Não tem candidato porque Pedro Nuno Santos, da forma como saiu do governo, se fosse numa empresa, não voltaria a ter responsabilidades. Perdeu mesmo as responsabilidades no Governo. Como pode aspirar a ser primeiro-ministro de Portugal?”
A campanha da IL passa esta noite na estrada, a fazer o caminho entre Lisboa e Porto, onde já esta quarta de manhã começa com as ações de campanha ao longo de todo o dia, até terminar às 23h com uma arruada em Braga, círculo por onde Rui Rocha é cabeça de lista. Os três últimos dias da campanha vão ser muito compridos para a Iniciativa Liberal, a dar tudo para contrariar o apelo ao voto útil da AD.