Depois das históricas 10 vitórias em 10 jornadas, Portugal começava o tranquilo caminho em direção ao Campeonato da Europa. A menos de três meses do início do Euro 2024, a Seleção Nacional não tem de disputar qualquer playoff, qualquer repescagem, qualquer última oportunidade de estar na fase final — pode apenas cumprir jogos particulares, preparar-se para um torneio onde surge como candidata à vitória e testar opções. E o primeiro ensaio acontecia esta quinta-feira.

Em Guimarães, no Estádio D. Afonso Henriques, Portugal recebia uma Suécia que não conseguiu qualificar-se para o Euro 2024 e que estreava um selecionador, Jon Dahl Tomasson, antigo avançado dinamarquês que foi campeão europeu com o AC Milan. Roberto Martínez convocou 32 jogadores, abrindo a porta às estreias de Dany Mota, Francisco Conceição, Samuel Soares e Jota Silva, perdeu Trincão, Diogo Costa e Raphael Guerreiro por lesão e dispensou oito elementos da partida com os suecos, incluindo Cristiano Ronaldo, Diogo Dalot, Vitinha e João Félix.

Ficha de jogo

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Portugal-Suécia, 5-2

Jogo particular

Estádio D. Afonso Henriques, em Guimarães

Árbitro: Ricardo de Burgos Bengoetxea (Espanha)

Portugal: Rui Patrício, Nélson Semedo (João Mário, 82′), Pepe (António Silva, 45′), Rúben Dias, Nuno Mendes (Toti Gomes, 45′), João Palhinha, Matheus Nunes (João Neves, 63′), Bruno Fernandes, Rafael Leão (Bruma, 45′), Bernardo Silva, Gonçalo Ramos (Jota Silva, 63′)

Suplentes não utilizados: José Sá, Samuel Soares, Gonçalo Inácio, Diogo Leite, Francisco Conceição, Dany Mota

Treinador: Roberto Martínez

Suécia: Robin Olsen, Emil Holm (Emil Krafth, 60′), Isak Hien, Lindelöf, Ludwig Augustinsson, Mattias Svanberg (Simon Gustafson, 70′), Jens Cajuste (Simon Olsson, 75′), Kulusevski, Alexander Isak, Anthony Elanga (Emil Forsberg, 60′), Gyökeres (Gustaf Nilsson, 70′)

Suplentes não utilizados: Viktor Johansson, Kristoffer Nordfeldt, Linus Wahqvist, Hjalmar Ekdal, Anton Salétros, Carl Starfelt, Jacob Ondrejka, Gabriel Dudmundsson

Treinador: Jon Dahl Tomasson

Golos: Rafael Leão (24′), Matheus Nunes (33′), Bruno Fernandes (45′), Bruma (57′), Gyökeres (58′), Gonçalo Ramos (61′), Gustaf Nilsson (90′)

Ação disciplinar: nada a registar

“Não falamos de favoritismo. O Europeu é uma competição de detalhes. Trabalhar com o grupo, com muita competitividade, com um ambiente saudável, isso é importante. Estamos apurados, o passo agora são estes dois jogos para tomar decisões para a lista e tentar ter o melhor nível nos três primeiros jogos. Depois avaliamos como estamos e a relação com outras seleções. As expectativas são normais, o trabalho de Portugal nos últimos anos é espetacular. Os jogadores têm expectativas e esperamos estar ao mais alto nível”, indicou o selecionador nacional na antevisão da partida.

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Assim, neste contexto, Roberto Martínez não promovia estreias no onze inicial desta quinta-feira e era até bastante conservador: num 4x3x3 claro, Pepe e Rúben Dias surgiam no eixo defensivo ladeados por Nuno Mendes e Nélson Semedo, Bruno Fernandes juntava-se a Matheus Nunes e Palhinha no meio-campo e Rafael Leão e Bernardo surgiam no apoio a Gonçalo Ramos no ataque. Do outro lado, Jon Dahl Tomasson lançava o crónico Gyökeres, destacando-se ainda a presença de Anthony Elanga, Alexander Isak e Kulusevski na seleção sueca, para além do ex-Benfica Lindelöf.

A Suécia até foi a primeira equipa a criar perigo, com Isak a desequilibrar na direita e a tirar um cruzamento que Rúben Dias desviou (2′), mas depressa se percebeu que Portugal não tinha de acelerar muito para ferir o adversário. A seleção portuguesa arrancou com pés de lã, testando algumas opções de saída para o ataque e lançando a velocidade essencialmente em transição ofensiva, e os suecos raramente conseguiam responder com a mesma assertividade.

Matheus Nunes teve a primeira oportunidade do jogo, com um remate forte de fora de área que Olson defendeu (15′), e Portugal tinha no lado esquerdo o verdadeiro abono de família. Nuno Mendes acelerava da melhor maneira, utilizando o corredor praticamente sem oposição, e Rafael Leão combinava com o lateral de forma perfeita, tanto em movimentos interiores como exteriores, assumindo o papel de grande desequilibrador da equipa.

Foi assim que a Seleção acabou por chegar ao golo. Bernardo surgiu na direita e tirou Lindelöf da frente para rematar ao poste, com a bola a sobrar para Leão e o avançado do AC Milan a rematar forte e certeiro para o canto superior direito da baliza de Olson (24′). A Suécia só reagiu através de um livre de Kulusevski que Rui Patrício encaixou (28′) e o jogo mantinha-se a um ritmo morno que só era intensificado sempre que Portugal tinha a bola e pretendia aproximar-se da baliza adversária.

O segundo golo surgiu depois da meia-hora, com Matheus Nunes a aproveitar uma autêntica avenida que a Suécia abriu para entrar na grande área e rematar rasteiro (33′), e Bruno Fernandes ainda aumentou a vantagem já perto do intervalo ao desviar para a baliza deserta após incursão de Nélson Semedo na direita (45′). No fim da primeira parte, Portugal mostrava-se totalmente superior a uma Suécia onde Gyökeres surgia sem grande protagonismo e muito tapado por Palhinha e Rúben Dias.

Roberto Martínez fez três substituições ao intervalo, trocando Pepe, Nuno Mendes e Rafael Leão por António Silva, Toti Gomes e Bruma, e a Suécia teve as duas primeiras situações de perigo da segunda parte com um cabeceamento de Gyökeres que passou ao lado (48′) e um remate de Cajuste que Rui Patrício segurou (49′). Portugal demonstrava algumas dificuldades para ultrapassar a primeira fase de pressão do adversário, mas acabou por carimbar a goleada por intermédio de Bruma ao aproveitar um erro defensivo letal (57′).

A Suécia reagiu rapidamente, com Gyökeres a reduzir a desvantagem ao desviar para a baliza após assistência de Holm (58′), e Gonçalo Ramos contribuiu para a fase mais caótica do jogo ao assinar o quinto golo português com uma finalização simples depois de um passe de Nélson Semedo (61′). Logo depois, Roberto Martínez voltou a mexer e lançou João Neves e Jota Silva, promovendo a estreia absoluta do avançado do V. Guimarães na Seleção Nacional.

Já pouco aconteceu até ao fim, à exceção do segundo golo dos suecos já perto dos descontos por Nilsson (90′) e da entrada de João Mário, com Francisco Conceição, Samuel Soares, Diogo Leite e Dany Mota a não saírem do banco e a adiarem a primeira internacionalização. No fim, Portugal goleou a Suécia em Guimarães e manteve o registo perfeito de Roberto Martínez, que tem agora 11 vitórias em 11 jogos como selecionador nacional — e tudo num dia em que Bruno Fernandes fez 90 minutos, voltou a marcar e voltou a assistir e deixou claro que tem o condão de ser o mais novo dos mais experientes e o mais experiente dos mais novos, tornando-se a figura de proa do futuro português.