Os acionistas da Stellantis validaram com 70% dos votos o aumento da remuneração do presidente executivo do grupo automóvel, Carlos Tavares, numa assembleia-geral que decorreu esta terça-feira em Amesterdão.

O voto não é vinculativo, mas tem estado no centro das atenções devido à controvérsia suscitada pelo montante em causa, que pode atingir 36,5 milhões de euros, segundo o relatório financeiro anual da empresa relativo a 2023.

A remuneração de Carlos Tavares, 65 anos, integra um prémio de 10 milhões de euros pela “transformação” do grupo criado em 2021 com a fusão da PSA e da Fiat-Chrysler.

O montante envolve ainda pensões de reforma que serão pagas a longo prazo, mas também bónus atribuídos apenas se alcançar os objetivos fixados para 2025, último ano do seu mandato atual.

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No exercício financeiro de 2023, o gestor português tem direito inicialmente a 23,5 milhões de euros. Pago em grande parte em ações, esta remuneração também aumenta quando sobe o valor das ações do grupo, como aconteceu nos últimos três anos.

O grupo, que integra 14 marcas, como Peugeot, Citroën, Fiat, Dodge e Opel, anunciou que obteve um lucro recorde em 2023 de 18,6 mil milhões de euros, um aumento de 11% em termos homólogos. O seu volume de negócios aproximou-se de 190 mil milhões de euros.

Carlos Tavares foi criticado em 2022 pelo Presidente francês, Emmanuel Macron, que considerou “chocante e excessivo” o salário “astronómico” que o gestor recebe.

A Stellantis argumenta que esta remuneração deve ser comparada com empresas como a Boeing nos Estados Unidos cujo líder, Dave Calhoun, recebe 33 milhões de dólares relativos a 2023. O grupo realiza a maior parte das suas vendas na Europa, mas obtém o essencial dos seus lucros no mercado norte-americano.

Carlos Tavares, que se deslocou na segunda-feira a uma fábrica do grupo, assumiu essa remuneração. “Tem uma dimensão contratual entre mim e a empresa como a de um jogador de futebol e um piloto de Fórmula 1”, afirmou.

Noventa por cento do meu salário faz parte dos resultados da empresa (…), o que prova que os resultados não são maus”, acrescentou em declarações à rádio France Bleu Lorraine Nord. “Se acham que não é aceitável, façam uma lei e mudem a atual que eu vou respeitá-la”.

O presidente do grupo socialista na Assembleia Nacional, Boris Vallaud, anunciou que vai apresentar de novo uma proposta de lei de 2020 que visa limitar as disparidades de remuneração nas empresas.