Tita Maravilha — atriz, performer e cantora — é a vencedora da 5.ª edição do Prémio Revelação Ageas Teatro Nacional D. Maria II (TNDMII), destinado a reconhecer e promover os talentos emergentes no panorama teatral, anunciou a instituição esta quarta-feira à noite, numa cerimónia no São Luiz Teatro Municipal, em Lisboa.
Ao Observador, a artista brasileira afirma não querer “depender da validação”, mas admite que o prémio a “tranquiliza no processo e caminho percorrido”. “É uma felicidade enorme. Portugal tem sido bom comigo”, reage, esperando que “outras portas se abram”. “Sem querer forçar uma coisa da comunidade, sei que de alguma forma quando uma porta se abre para mim se abre uma porta coletiva também”.
Atriz, performer, cantora, Tita Maravilha nasceu em Pirenópolis, Brasil, em 1993. Em adolescente, veio para Portugal viver com a mãe, “pessoa que apoiou drasticamente a [sua] entrada para o teatro” e a quem dedica o prémio. “Morávamos em Alcabideche e aí descobri a Escola Superior de Teatro de Cascais”, recorda sobre o lugar fundador para a sua identidade artística. “É onde começo e reconheço através do mestre Carlos Avilez aquele que é o meu caminho”, assume. De volta ao Brasil, licenciou-se em Artes Cénicas pela Universidade de Brasília e deu os primeiros passos enquanto criadora, mas a eleição de Jair Bolsonaro, em 2018, trá-la pela segunda vez para Portugal, onde está radicada desde então, primeiro a trabalhar em restauração, e em exclusivo da atividade artística nos últimos quatro anos. O seu currículo conta com a colaboração com artistas como Sónia Baptista, Carlota Lagido, Odete, Xana Novais, Raquel André, Keli Freitas, Nádia Yracema, Cigarra, entre outros.
Em 2021, criou um festival de performances com artistas queer, imigrantes e racializadas sobre as desigualdades no setor artístico, um setor precário, mas que é mais precário para uns do que para outros, argumenta. Chamou-lhe #Precárias. A segunda edição, que acontece este ano, já passou por Lisboa, Paris e Porto, está em Viseu esta quarta-feira, 24 de abril, e em Montemor-o-Novo a 8 de junho. Graças ao financiamento da Direção-Geral das Artes (DGArtes), a terceira edição está garantida para 2025.
Enquanto atriz, destaca-se a interpretação de Tita Maravilha em Outra Língua (2022), espetáculo de Keli Freitas que reflete sobre a língua portuguesa, a partir da experiência de falantes de português de diferentes países. Como criadora, a sua primeira obra em nome individual, As três irmãs (2023), uma releitura de Tchékhov à luz dos debates contemporâneos sobre identidade de género e interseccionalidade, venceu a 5ª edição da Bolsa Amélia Rey Colaço, em 2023.
O Prémio Revelação Ageas TNDMII tem um valor pecuniário de cinco mil euros e é atribuído anualmente a profissionais de teatro até 30 anos de idade, cujo trabalho artístico se tenha destacado no ano anterior à atribuição do Prémio. Nas anteriores edições, distinguiu as carreiras de os atores e criadores Sara Barros Leitão e Mário Coelho, a designer de luz Cárin Geada e o cenógrafo Pedro Azevedo.
A escolha do vencedor da 5ª edição deste Prémio ficou a cargo de um júri composto por 15 representantes do meio artístico e cultural português: Álvaro Correia, António Durães, Catarina Barros, Cucha Carvalheiro, Cristina Carvalhal, Isabel Zuaá, John Romão, Mário Coelho, Marta Carreiras, Patrícia Portela, Pedro Barreiro, Pedro Mendes, Rui Pina Coelho, Sara Barros Leitão e Tónan Quito.