Roberto Martínez surpreendeu no onze inicial, surpreendeu quando manteve Bernardo e tirou Leão para lançar Jota e voltou a surpreender quando esperou até aos 90′ para apostar em Neto, Conceição e Semedo. No fim, no meio da surpresa e do sofrimento português a que terá de começar a habituar-se, ganhou. E nem sequer escondeu que estava mais contente com o resultado do que com tudo aquilo que tinha acontecido em campo.

Depois do apito final, na zona de entrevistas rápidas e aos microfones da RTP, o selecionador nacional sublinhou a “luta” da Seleção. “A República Checa teve muitos problemas para controlar o jogo. Não tinham essa intenção, mas o nosso jogo puxou-os para defender baixo. Hoje não é para falar do aspeto técnico e tático, hoje é sobre a resiliência que demonstrámos. É a primeira vez que damos a volta a um resultado. Hoje acreditámos, mostrámos uma personalidade incrível. O balneário mostrou valores que são essenciais para demonstrar talento e ganhar jogos”, começou por dizer.

Afinal, a água (da chuva) não apaga brasas, nem quem as espalha (a crónica do Portugal-Rep. Checa)

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Mais à frente, Roberto Martínez abordou o facto de os jogadores que saltaram do banco terem sido cruciais para a vitória, entre o golo de Francisco Conceição e a assistência de Pedro Neto e até a finalização anulada de Diogo Jota. “A preparação que tivemos faz sentido. Posso dizer que os 26 jogadores, ou os 23 de campo, tinham chances de estar no onze. É porque a preparação foi muito boa. Os jogadores merecem estar cá, hoje foi uma vitória de grupo, de equipa”, atirou.

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O selecionador nacional sublinhou ainda que “os adeptos não mereciam perder o jogo” e pouco depois, já em declarações à SIC, voltou a deixar claro que este não é um jogo para avaliar “do ponto de vista tático, técnico e físico”. “Hoje ganhámos porque mostrámos resiliência, vontade e acreditar. Os valores de um balneário que quer dar tudo por Portugal”, acrescentou, repetindo a ideia de que Francisco Conceição é “um espalha-brasas” porque tem “faro de golo”.

Mais tarde, já na sala de imprensa da Red Bull Arena de Leipzig, Roberto Martínez foi questionado sobre os festejos efusivos de Francisco Conceição — e sobre se são uma resposta ao momento que o pai, Sérgio, tem estado a atravessar. “Não. O Chico tem família, como têm os outros, o Bernardo, o Cristiano. É um sacrifício pelo qual passam todas as famílias. É fácil ter uma opinião de fora porque conhecemos o pai do Francisco Conceição. O Pedro Neto também entrou depois de uma época muito difícil, com lesões e muitas horas de recuperação em silêncio. Mostrámos que somos uma família”, afirmou, deixando uma última análise ao jogo.

“Fizemos um grande jogo, defendemos muito bem. Eles só tiveram um remate à baliza. O que me agrada mais é que fomos uma equipa. Mostra a estrutura fundamental de Portugal. Temos muitos dos nossos jogadores nas grandes ligas e o que mais aprecio é a disciplina. A perder, controlámos, fomos solidários, sem individualidades. Fomos solidários como equipa e isso foi importante para pensar no próximo jogo”, indicou.

Por fim, comentou ainda a exibição de Vitinha, que foi eleito o melhor jogador em campo. “Vitinha foi muito importante nos três amigáveis, no relvado e fora. E importante é o que fazem nos treinos. É importante ter opções como o Vitinha, que pode ter controlo do jogo. É fácil mostrar coração e mostrámos com disciplina. A controlar, a não deixar a República Checa utilizar o golo. É bom ver Vitinha ao melhor nível de sempre que vi na Seleção”, terminou.