A Cinemateca Portuguesa, em Lisboa, divulgou alguma da programação pensada para os meses de setembro a dezembro, abrindo com uma homenagem ao realizador britânico Terence Davis, “um autor raro que trouxe um olhar muito pessoal e poético ao realismo social britânico” e que morreu em 2023.

Ainda em setembro, a Cinemateca aponta o foco para Monique Rutler, autora francesa radicada em Portugal desde os anos 1960, e que já fez um pouco de tudo no cinema português, nomeadamente assistente de realização, argumentista, montadora e realizadora.

“Vista de forma agregada, a obra de Monique Rutler, apesar de curta, revela o seu incessante envolvimento em causas sociais e políticas”, nomeadamente “os dramas da condição feminina”, sublinha a Cinemateca Portuguesa, lembrando que “foi a principal responsável pelo imensamente polémico” documentário “O aborto não é um crime” (1975), que levaria a jornalista Maria Antónia Palla ao banco dos réus.

Realizadora de “Velhos são os trapos” (1979) e “Jogo de mão” (1983), Monique Rutler teve carta branca para programar na Cinemateca, tendo escolhido apenas filmes realizados por mulheres.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Em outubro, ainda no rasto das comemorações dos 50 anos da revolução de Abril de 1974, a Cinemateca vai apresentar uma retrospetiva dedicada ao realizador José Nascimento, 76 anos, “um dos cineastas mais engajados durante o período revolucionário”.

A obra de José Nascimento não se cinge a “Tarde demais” (1999), o filme mais conhecido, revela um “olhar eclético” e inclui “filmes de época, ‘noirs’, dramas realistas, comédias musicais, aventuras infantojuvenis, documentários etnográficos, telediscos, filmes-performance”.

Em dezembro, haverá sessões sobre cinema experimental português, com obras fílmicas de artistas que incorporaram o cinema na sua prática artística. Entre eles estão Ana Hatherly, Luís Noronha da Costa, António Palolo, Carlos Calvet, Julião Sarmento, Ernesto de Sousa e Ângelo de Sousa.

Até ao final do ano, a Cinemateca Portuguesa volta a ser parceira dos festivais Queer Lisboa e DocLisboa, dedicando ciclos ao artista plástico William E. Jones e ao cineasta mexicano Paul Leduc, respetivamente.

Com a Festa do Cinema Francês, a Cinemateca fará em novembro uma retrospetiva integral da obra do cineasta, fotógrafo, viajante e escritor francês Chris Marker (1921-2012), o realizador de “La Jetée”.

Em novembro, a investigadora Maria do Carmo Piçarra conclui o ciclo sobre cinema colonial português, com o foco em Angola, depois de já ter passado pela cinematografia de Moçambique e da Guiné-Bissau.