A ronda negocial da Associação Sindical Portuguesa dos Enfermeiros (ASPE) com o ministério da Saúde voltou a ser suspensa, depois de a tutela recusar negociar, e os sindicatos estudam alargar a greve de setembro a mais unidades de saúde.

Segundo a presidente da ASPE, Lúcia Leite, a reunião de quinta-feira não aconteceu e foi recusada pela tutela com o argumento de que não negociava com movimentos com pré-aviso de greve marcados, para 2 de setembro, argumento que já tinha usado na última reunião com a associação em 18 de julho, também suspensa.

Lúcia Leite lembrou que foi o Governo que, em 23 de julho, contactou a ASPE para anunciar um reatar das negociações em 01 de agosto mas a reunião de hoje, segundo a associação sindical, foi um voltar ao cenário de dia 18 em que o ministério se recusou a negociar.

“É uma coisa inédita. Agora os trabalhadores não têm direito a greve porque senão ficam fora das negociações”, comentou Lúcia Leite à Lusa, considerando a atitude do Governo uma desculpa e uma razão muito pouco válida para afastar a ASPE das negociações.

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A sindicalista concluiu que não há nenhuma negociação neste momento com a ASPE, que houve uma “rutura liminar das negociações” não estando nenhuma reunião agendada para os próximos meses.

“A negociação é zero com a ASPE e os outros sindicatos”, disse Lúcia Leite, concluindo que os enfermeiros não são prioridade para o Governo.

Quanto ao reforço de formas de luta, em resultado da falta de negociações, a presidente explicou que eventualmente haverá alargamento a outras unidades locais de saúde da greve agendada para setembro, tema que será debatido pela direção da ASPE em 12 de agosto.

Lúcia Leite destacou como o mais negativo neste processo perceber que há uma prepotência por parte do Governo que não quer negociar e que quer fazer crer que está em negociações mas efetivamente não está.

Também o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) anunciou na quarta-feira, depois da ronda negocial com o Ministério da Saúde, que ía manter a greve nacional marcada para sexta-feira, alegando que a classe tem razões acrescidas para aderir à paralisação.

Ainda na quarta-feira, a plataforma que reúne cinco sindicatos de enfermeiros anunciou que o Ministério da Saúde retirou a proposta que tinha apresentado sobre as tabelas salariais e que ficou de analisar a contraproposta apresentada por estas estruturas sindicais.