O presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares (APAH) alertou esta quinta-feira que o facto de o plano de inverno estar “prestes a sair”, como foi anunciado na última quarta-feira, não é garantia de que não haverá problemas.

Em entrevista telefónica à agência Lusa, um dia depois do diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde (DE-SNS) ter anunciado que tem o plano de inverno pronto e “prestes a sair”, Xavier Barreto alertou: “Este planeamento com tanta antecedência é bom, mas que não se crie a ideia de que não vamos ter problemas”.

O presidente da APAH aplaudiu os anúncios de Gandra D´Almeida fez, em entrevista ao Expresso, sobre a reorganização de urgências e sobre o plano de inverno, entre outras medidas, mas pediu cautela.

“Não gostava que embandeirássemos em arco achando que por termos o plano de inverno divulgado com três ou quatro meses de antecedência que isso é garantia de um inverno sem problemas. Isso não é verdade, lamento dizê-lo. Os nossos recursos vão continuar a faltar no próximo inverno e talvez no próximo verão”, referiu.

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Para Xavier Barreto, “a não ser que se façam mudanças estruturais com impacto como a reforma da rede de urgências, o enceramento de algumas urgências ou a alteração das equipas tipo, não se resolve o problema”.

O presidente da APAH considerou que “cumprindo os requisitos de qualidade, é possível uma redução das equipas”, mas alertou para a dificuldade em prever o que acontecerá no inverno.

“A DE SNS pediu, e bem, ontem [quarta-feira] à noite aos hospitais que informem quais são as escalas que têm previstas para o inverno. Mas com quatro meses de antecedência não é possível fazer previsões. Há profissionais que não sabem se daqui a quatro meses estão doentes ou de licença”, exemplificou.

O responsável lembrou, ainda, que parte significativa das escalas dos hospitais é garantida por prestadores de serviço, profissionais sem vínculo que se faltarem não podem ser responsabilizados disciplinarmente.

“Em alguns hospitais, mais de metade dos turnos são garantidos por prestadores de serviço (…) Se faltarem, legalmente não há consequências. Podemos não contratar, mas não podemos agir disciplinarmente. Há muitos fatores de incerteza”, disse.

Ressalvando que a situação na saúde “não é culpa da DE SNS”, mas “sim das políticas de saúde de vários governos em vários anos”, Xavier Barreto resumiu: “Vamos continuar a ter problemas e cá estaremos para os resolver”.