Será a primeira vez que se publica um livro de memórias de um pontífice em funções. Originalmente, a ideia era ser divulgado apenas depois da morte do líder máximo da Igreja Católica, mas o Papa Francisco quis alterar os planos e aproveitar a celebração do Jubileu. A obra, “Hope”, está a ser escrita há seis anos e será publicada daqui a três meses, anunciou a editora Penguin Random House.
No livro “Hope”, que será publicado em 80 países no dia 14 de janeiro do próximo ano, será contada a história de vida do Papa Francisco, desde as suas raízes italianas e a emigração dos seus familiares para a América do Sul, passando pela sua infância e adolescência, escolha de vocação e vida adulta, havendo ainda espaço para abordar todo o seu tempo enquanto Papa até aos dias de hoje, escreve o The Guardian.
“O livro da minha vida é a história de um caminho de esperança, um caminho que não posso separar do caminho da minha família, do meu povo, de todo o povo de Deus. Em cada página, em cada passagem, é também o livro dos que viajaram comigo, dos que vieram antes, dos que virão depois”, explicou Papa Francisco. E acrescentou: “Uma autobiografia não é a nossa história privada, mas sim a bagagem que trazemos connosco. E a memória não é apenas o que recordamos, mas o que nos rodeia. Não fala apenas do que foi, mas do que será”.
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Escrever “Hope” — e selecionar o conjunto de fotos que irá preencher as páginas deste livro — tem sido uma “longa e intensa aventura”, diz o italiano Carlo Musso, escolhido pelo Papa Francisco para o acompanhar na elaboração da obra, que está há seis anos em construção. Mas o trabalho está quase a chegar ao fim, uma vez que o líder da Igreja Católica quis aproveitar a oportunidade de o divulgar no ano em que se realiza o Jubileu — celebração que acontece a cada quarto de século e se foca no perdão e renovação espiritual — argumentando ainda que o mundo, como hoje o conhecemos, “necessita” da sua palavra, de acordo com a Penguin.
A editora acrescenta ainda que “ao relatar as suas memórias com uma força narrativa íntima e ao refletir sobre as suas paixões, o Papa Francisco aborda, sem rodeios, alguns dos momentos cruciais do seu papado e escreve de forma franca, corajosa e profética sobre algumas das questões mais importantes e controversas dos nossos tempos”.