Quem não conhece o Porto deve reservar na agenda os dias 18 e 19 de junho. Quem mora na Invicta e acha que a conhece, deve fazer o mesmo e deixar-se surpreender. A segunda edição do Porto Open House traça um roteiro com 51 edifícios de Matosinhos, Porto e Gaia que, nesse fim de semana, se abrem a visitas guiadas gratuitas.

11 mil pessoas aderiram no ano passado à primeira edição portuense desta festa da arquitetura — a Lisboa Open House já se realiza desde 2012. Para o regresso, o objetivo passa por “pelo menos manter os mesmos visitantes”, disse esta segunda-feira Nuno Sampaio, presidente da Casa da Arquitectura, que juntamente com a Trienal de Lisboa e a parceria das autarquias do Porto, Matosinhos e Vila Nova de Gaia organizam o evento.

Parece um objetivo humilde, dado que há mais nove locais para visitar face ao ano passado. No entanto, há edifícios como casas particulares que não têm capacidade para receber grupos grandes. Nesses grupos, os organizadores querem ver gente curiosa pelas suas cidades. “A iniciativa é desenhada para pessoas de cá“, por oposição ao número crescente de eventos que nesta altura são criados a pensar nos turistas, disse o presidente da Trienal de Arquitectura, no salão nobre da Câmara Municipal do Porto. “Convida as pessoas, os estudantes e os académicos de cá a conhecerem aquilo que pensam que conhecem.”

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O Terminal de Passageiros do Porto e Leixões é um projeto de Luís Pedro Silva e é o mais recente dos 51 em visita. © Egídio Santos / Divulgação

“Aquilo” são 51 edifícios, entre os quais alguns que fizeram com que a chamada “Escola do Porto” tenha alcançado prestígio internacional, através de obras de Álvaro Siza Vieira ou Eduardo Souto de Moura, ambos premiados com um Pritzker. Estão no roteiro a Quinta da Conceição, a Piscina das Marés, e a Casa de Chá da Boa Nova, mas também bairros que normalmente escapam ao olhar exterior, como o Lagarteiro e Lordelo do Ouro.

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Também há paragem prevista nas Quatro Casas, aquela que foi a primeira obra de Álvaro Siza Vieira, projetada ainda antes de terminar o curso, e que foi alvo de polémica quando um jornal a apresentou como “a vergonha da terra”.

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As Quatro Casas chegaram a ser apresentadas como “a vergonha da terra”, ainda Siza Vieira não tinha terminado o curso. © Casa da Arquitectura

Todos os locais foram escolhidos a dedo pelos arquitetos Jorge Figueira e Carlos Machado e Moura. Fazem parte também do mapa, por exemplo, o Palácio do Bolhão, a Torre Medieval, a Escola Francesa, o Grande Hotel do Porto, o Teatro Nacional São João, o antigo Matadouro e o Cenáculo do Espírito Santo (vulgo Catedral da Igreja Universal do Reino de Deus), no Porto.

Em Matosinhos será possível visitar o edifício da Câmara, o Farol da Boa Nova, em Leça da Palmeira, a própria Casa da Arquitetura e as Casas-Pátio de Eduardo Souto de Moura, entre outros. Em Gaia, o Mosteiro e o Quartel da Serra do Pilar prometem ser alguns dos destinos mais requisitados.

Algumas visitas fazem-se por ordem de chegada, outras requerem inscrição prévia. Todos os locais integrados no Porto Open House, assim como os horários de abertura, podem ser consultados online, incluindo aqueles que estão preparados para receber pessoas com mobilidade reduzida e invisuais.