António Costa e Poiares Maduro envolveram-se numa troca de acusações, tudo por causa do dinheiro da União Europeia. Tudo começou com uma acusação do autarca de Lisboa na quinta-feira a dizer que Portugal não ia aproveitar fundos “por opção” o que irritou o ministro. Poiares Maduro respondeu, acusando-o de má fé e Costa voltou a fazer uma conferência de imprensa marcada em cima da hora para responder ao ministro. Não ficou sem nova resposta acusando-o de cometer uma “gaffe”. Começa assim a relação entre o Governo e o futuro líder do principal partido da oposição sobre um assunto em que queriam um compromisso alargado.

Tudo começou na quinta-feira quando António Costa disse que “não obstante a enorme oportunidade que o Fundo de Coesão e o Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional [FEDER] e o Acordo de Parceria [2014-2020] nos dão, para crescer com energia” e para “diminuir a fatura externa que Portugal paga com a energia, estamos em risco de não a aproveitar por opção nacional” e tudo porque dizia que o país terá “menos 50% de fundos em execução” por opção do Governo.

Poiares Maduro, o ministro que tutela os fundos europeus não gostou e criticou Costa por andar a ver mal os números. Na resposta, o ministro fez um “apelo” para que Costa “não procure fazer dos fundos” um “instrumento de combate político”. E acusou o autarca de “má-fé”.

Mas a quezília entre os dois não ficava por aqui. Este sábado de manhã, António Costa marcou uma conferência de imprensa em cima da hora para responder ao governante. Munido de documentação, Costa atirou de novo ao ministro: “Eu não utilizo os fundos comunitários como combate político, o senhor ministro é que não utiliza os fundos comunitários como os devia utilizar, que é para aumentar o investimento, aumentar a riqueza produzida no país e aumentar a criação do emprego”.

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E quanto a números disse que existe “um enorme atraso na execução do QREN e, sobretudo, uma confissão antecipada do Governo que vai ter uma baixíssima execução do novo quadro comunitário que devia estar a ser utilizado”. E mais, diz, “o Governo, no desenho dos programas operacionais, não está a aproveitar as oportunidades que a União Europeia criou, designadamente em matéria de reabilitação urbana, que seria da maior importância para a dinamização de uma indústria que colapsou há cerca de três anos”, acrescentou.

Voltou a não ficar sem resposta. Ao que parece, de acordo com o ministro, António Costa viu mal os números e confundiu um quadro que revela os valores de tesouraria entre a União Europeia e Portugal e não o quadro que diz respeito ao investimento: “Não sei se as afirmações do dr. António Costa nesta matéria é porque está mal aconselhado ou é por ligeireza. Relativamente à questão do próximo ano, quem o aconselhou ou ele próprio, parece ter confundido os fluxos e os movimentos de tesouraria entre o Estado português e a União Europeia, que são o quadro que está no Orçamento do Estado para 2015, com o volume de investimento dos fundos que é uma coisa totalmente diferente”, disse nas jornadas parlamentares conjuntas entre o PSD e o CDS.

“A nossa expetativa ter 5% do novo quadro, em conjugação com a finalização da execução do QREN, já executado no final do próximo ano”, adiantou, comparando esta taxa de execução com “os 1,9% em igual período” atingidos pelo anterior governo PS.

Poiares Maduro acrescentou que a expetativa do Governo é também ter até ao final do ano 87% de execução dos fundos do anterior quadro comunitário, acima da taxa de execução de 63% da média europeia.