Até 1994, Warren Buffett fazia os seus voos de negócios a bordo do avião privado da Berkshire Hathaway, a sociedade que serve de veículo aos investimentos do guru da bolsa. Quando teve conhecimento da NetJets (que então se chamava Executive Jet Aviation), ficou convencido em 15 minutos. Resultado: “Vendi o avião da Berkshire e faço agora todos os voos de negócios, bem como os particulares, com a equipa da NetJets”, assumiu na carta aos acionistas de 1998.

Foi nesse ano que a Berkshire comprou a NetJets, que gere um sistema de fracionamento de aviões. “Com algumas horas de aviso, a [NetJets] disponibiliza o avião ou outro tão bom”, explica Buffett, cuja família fez 300 viagens em quatro anos. “Na prática, pedir um avião é como telefonar para um táxi.”

Os aviões da NetJets efetuam 300 mil viagens por ano para 170 destinos. Na Europa, o centro de operações é em Paço d’Arcos, em Oeiras. A subsidiária portuguesa é a NetJets Transportes Aéreos.

Seguros, comboios e energia

Investir em empresas cotadas na bolsa não é o principal negócio de Warren Buffett, embora seja a única maneira dos pequenos investidores conseguirem acompanhá-lo. A maior parte do dinheiro é aplicada na aquisição da maioria do capital de empresas. Se estiverem listadas na bolsa, Buffett tenta retirá-las através de uma oferta pública de aquisição.

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Foi assim que o guru da bolsa acelerou o crescimento da Berkshire através do setor segurador. “Essa indústria tem sido o motor que propulsionou a nossa expansão desde 1967”, recorda Warren Buffett na última carta aos acionistas (pdf). A unidade seguradora inclui a Berkshire Hathaway Reinsurance, a General Re e a Geico.

A segunda unidade da Berkshire Hathaway, na visão de Warren Buffett e do seu parceiro Charlie Munger, reúne os negócios regulados de capital intensivo. Inclui a Burlington Northern Santa Fe, que gere a segunda maior rede ferroviária de transporte de mercadorias na América do norte, e a Berkshire Hathaway Energy, que administra redes de eletricidade e de gás.

Todas as restantes subsidiárias não financeiras, incluindo a NetJets, são agrupadas numa terceira unidade. Também incorpora a McLane, uma empresa distribuidora; a Lubrizol, especialista em lubrificantes; a IMC, líder em ferramentas de corte de metal; a Forest River, que produz veículos de lazer; a Borsheims, um retalhista de joias; a See’s Candies, que vende doces, e múltiplas empresas fabricantes de materiais de construção (como a Acme) e outras tantas de vestuário (como a Fruit of the Loom).

As subsidiárias financeiras, basicamente sociedades que financiam a aquisição de casas e de equipamento de construção, estão juntas na unidade mais pequena.

Bem-vindo ao “Woodstock para Capitalistas”

No próximo sábado, 2 de maio, Warren Buffett e Charlie Munger reunirão os acionistas da Berkshire Hathaway para a habitual assembleia geral anual. A maioria das subsidiárias estará presente na feira que acompanha a assembleia, oferecendo descontos aos visitantes. A área de compras é equivalente a mais de dois campos de futebol.

Em 2014, vendeu-se um par de botas Justin a cada 23 segundos, 11 quilogramas de doces por minuto e mais de mil garrafas de ketchup Heinz por hora. Buffett quer bater novos recordes no próximo sábado, porque celebra os 50 anos da sua liderança na Berkshire Hathaway.

No próximo sábado, o Observador estará em Omaha, no Nesbrasca, a medir o pulso ao “Woodstock para Capitalistas”, como Warren Buffett gosta de chamar ao evento. Confirmaremos se o recorde de 39 mil visitantes será ultrapassado.