O Skoll foi batizado de Happy mal chegou à nova casa por ser feliz e falador — “Fala connosco a miar”, explica Lisia Martins, de 46 anos. Há sensivelmente um ano, a cozinheira num lar da terceira idade adotou o gato branco através da campanha “Alimente um animal”, do OLX, atualmente na quarta edição.

“O meu filho tinha um gatinho, o Minau, que faleceu antes de completar um ano. O Ricardo ficou muito magoado”, conta Lisia Martins ao Observador.  O adolescente nunca se esqueceu do companheiro e, de lá para cá, lembrava a mãe do quanto queria voltar a ter um Minau. Não foi preciso procurar muito e tudo mudou com um clique: “Foi a patroa que me chamou para ver o gato no OLX. Era igual ao outro. Levei o Ricardo à associação onde este estava e, assim que ele viu o animal, vieram-lhe as lágrimas aos olhos”, recorda. Foi um achado feliz, literalmente. Hoje em dia, à parte de roer os cabos elétricos lá de casa, é o novo membro da família.

O Happy é apenas um exemplo dos muitos animais que já foram adoptados graças à campanha do OLX, a decorrer até dia 13 de julho e que quer alimentar animais abandonados através da angariação online de ração. Mas também convida à adoção. O prazo foi alargado (inicialmente terminava a 4 deste mês) e a iniciativa contempla seis instituições que são, na sua maioria, escolhidas tendo em conta as dificuldades que apresentam e a respetiva geografia – Fundação São Francisco de Assis, Associação Ecologista e Zoófila de Aljezur, Associação Animais da Quinta, Associação de Proteção aos Cães Abandonados, Associação Bianca e Associação Senhores Bichinhos.

Para participar, basta escolher um ou mais animais e clicar no botão “alimente”. À medida que os visitantes vão clicando, um gráfico com um osso ou uma espinha, consoante o bicho, vai sendo preenchido — assim que estiver estiver completo, a associação de onde o cão ou o gato é proveniente recebe um quilo de ração. O modelo é concebido também com o propósito de incentivar a adoção, mas para tal é preciso entrar em contacto direto com as respetivas instituições.

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Os resultados são reais: na primeira edição, em 2011, foram angariadas 2,9 toneladas de ração, para uma associação de onde saíram 11 cães; em 2013 contaram-se 9,4 toneladas e foi dada uma nova vida a 18 animais. As rações, por seu turno, são inteiramente compradas e entregues às associações pelo portal de classificados. Apesar disso, este ano os números de acolhimento são baixos — das quatro instituições com que o Observador falou, apenas uma diz já ter concretizado adoções, muito embora sejam vários os contactos de pessoas a manifestar interesse.

Maria João Pudilo, da Fundação São Francisco de Assis, em Alcabideche, explica que “Não há dinheiro envolvido, apenas quilos de ração que são angariados através de uma espécie de likes”. E, tendo em conta que as pessoas são obrigadas a ver os animais que estão disponíveis para adoção, “muitos delas interessam-se e entram em contacto direto connosco”. Este ano ainda nenhum foi adotado através do OLX, apesar de os muitos telefonemas de interessados. Os números do ano passado no que à comida diz respeito também ainda não foram alcançados. “Talvez por isso tenham alargado o prazo da campanha”, questiona.

Em 2013, e a propósito do OLX, a respetiva fundação recolheu 2,5 toneladas de ração. Considerando que são precisas 12 toneladas por ano, divididas entre cães e gatos, isso significa dois meses e meio de comida gratuita, o que pesa numa instituição sem fins lucrativos e que vive à custa dos apoios da Câmara Municipal de Cascais. Em termos de adoção, seis cães foram levados para novas casas, num total anual de 453 adoções (cães e gatos). Os números são bons até porque, segundo Maria Pulido, 2013 foi um ano complicado à conta da crise económica: “Muitas pessoas largaram as moradias para ir viver para T0 e, depois, de T0 para quartos. Ou, então, foram para o estrangeiro…” Por essa razão, receberam muitos animais e as instalações ficaram, por várias vezes, lotadas.

As adoções parecem, até agora e de forma geral, estarem em suspenso. Maria Pulido admite que não está a ser fácil e manda para o ar uma possível razão — “se calhar é o rescaldo do ano passado”. Mas a campanha “Alimente um Animal” dura até dia 13 e, até lá, os números podem mudar. Indepentemente do que acontecer, é uma iniciativa para continuar. Segundo Rita Marques, do OLX, “enquanto podermos apoiar iremos fazê-lo, colocando a nossa plataforma bem como a nossa grande audiência [5,5 milhões de visitantes mensais e 650 milhões de páginas por mês] ao serviço desta causa. O sucesso da campanha faz-nos crer que é para continuar”.