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João Cotrim Figueiredo mostrou-se disponível para o que Rui Rocha quiser
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João Cotrim Figueiredo mostrou-se disponível para o que Rui Rocha quiser

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

João Cotrim Figueiredo mostrou-se disponível para o que Rui Rocha quiser

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

As contas (fáceis) da IL para as europeias: se partido quiser, Cotrim Figueiredo é candidato

Cotrim Figueiredo é o nome mais conhecido da IL e depois de ter deixado a liderança do partido mostrou-se disponível para tudo o que o partido precisar. Se a IL quiser, será o candidato às europeias.

É o nome de quem mais se fala (sem comparação com qualquer outro), é o nome que os liberais desejam, é o nome que, à partida, assegura um melhor resultado e é o nome que vai à Europa em nome da Iniciativa Liberal. Caso o partido assim o deseje, João Cotrim Figueiredo será cabeça de lista nas próximas europeias. A nove meses das eleições, Rui Rocha tem a vida facilitada ao saber que pode contar com o antecessor para ser cabeça de lista.

Ainda o lugar da presidência da Iniciativa Liberal não tinha um novo dono e já se alimentavam narrativas sobre o futuro político de João Cotrim Figueiredo. O ex-presidente liberal, apesar de ter um percurso curto na política — iniciado em 2019 quando conquistou o primeiro lugar de deputado da IL —, tornou-se rapidamente um senador liberal e essa responsabilidade não só lhe pesa nas costas como pode mesmo comprometer o próximo passo, nomeadamente no grande desafio eleitoral que os liberais têm pela frente no pós-Madeira: as eleições europeias.

Há muito que o plano Bruxelas é dado como praticamente fechado nos corredores liberais e Cotrim Figueiredo, sem nunca se assumir como candidato (até porque ainda não há um nome fechado oficialmente pelo partido), foi mostrando disponibilidade para qualquer cenário de que o partido precisasse. Por outras palavras: se a IL quiser, sabe o Observador, Cotrim Figueiredo será cabeça de lista às eleições Europeias.

Em plena Convenção da IL, quando questionado pelo Observador sobre se colocava de parte a hipótese de se candidatar ao Parlamento Europeu, Cotrim deu uma uma resposta ambígua. Passado seis meses repetiu a ideia na SIC: “Não posso deixar de estar disponível para aquilo que o presidente achar que são batalhas importantes”. Reiterou a ideia de que não procura cargos, mas também reconheceu que ao entrar na política (e ao ser presidente da IL) assumia “responsabilidades” que não lhe permitiriam colocar este tipo de desafios “fora dessa questão”. É esse peso da responsabilidade que Cotrim sente e já se terá convencido de que pode ser um valioso trunfo nas eleições agendadas para junho.

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O voo à boleia de um senador

É praticamente consensual (até entre os mais desalinhados da IL) que João Cotrim Figueiredo é o nome capaz de conquistar o melhor resultado na corrida do partido à Europa. É a figura mais popular do partido e o alcance mediático que consegue é incomparável com qualquer outra figura liberal. Carlos Guimarães Pinto poderia competir neste campeonato da popularidade, mas nem sequer é hipótese para este caso em concreto.

O partido faz contas e percebe que tem uma oportunidade de ouro para conseguir um brilharete nas eleições europeias: há espaço para uma penalização do PS depois de um ano difícil para o Governo, o PSD não tem sido capaz de se afirmar nas sondagens e é provável que CDS e PAN percam os lugares que têm no Parlamento Europeu. A esta conjuntura soma-se ainda a incerteza sobre se os eleitores irão ou não penalizar o PCP (que tem dois deputados na Europa) devido ao posicionamento sobre a guerra na Ucrânia. É nesta conjugação de fatores que a IL tem espaço para se afirmar não só a nível nacional, onde já é a quarta força política, como na Europa onde falhou a eleição de um eurodeputado na primeira vez que foi a votos (quando ainda não tinha representação na Assembleia da República).

E o cenário favorável ao crescimento dos liberais vai consolidando ambições. Se na moção estratégica de Rui Rocha estava traçado o objetivo de eleger um eurodeputado (ainda que estivesse escrito que havia a ambição de chegar aos dois), o presidente da IL chegou a dizer ao Observador que o partido vai mesmo “fazer tudo” para conquistar essa meta mais ambiciosa. E também aí a escolha de Cotrim pesa, mais uma vez ao alimentar a narrativa de que será praticamente impossível o partido conseguir um resultado melhor com quem quer que seja.

Há muito que o plano Bruxelas é dado como praticamente fechado nos corredores liberais e Cotrim Figueiredo, sem nunca se assumir como candidato (até porque ainda não há um nome fechado oficialmente pelo partido), foi mostrando disponibilidade para qualquer cenário que o partido precisasse. Por outras palavras: se a IL quiser, sabe o Observador,Cotrim Figueiredo será cabeça de lista às eleições Europeias.

Belém fora de contas e os novos rostos da IL

A hipótese Belém também chegou a ser apontada ao ex-presidente do partido, em particular pelo facto de Cotrim Figueiredo ser visto como o senador do partido. Aliás, na entrevista ao Observador durante a convenção, o ex-líder liberal até chegou a reconhecer que havia uma vantagem nessa hipótese: “É menos provável eu ser eleito Presidente da República portanto é mais fácil eu fazer uma campanha presidencial do que uma europeia.”

Mas na balança de Cotrim, se uma não eleição para Belém lhe permitir ficar afastado da política ativa, uma candidatura à Europa pode funcionar como um trampolim para os liberais — e o ex-presidente assume que está disponível em ajudar o partido numa altura em que os astros se alinharam para o desafio eleitoral europeu. A corrida a Belém é um problema para resolver no futuro.

Se Cotrim é o joker da IL para as europeias, a Iniciativa Liberal deve apostar numa mulher para o segundo lugar e tentar implementar a estratégia de lançar novos rostos para os desafios eleitorais. Fê-lo com Ricardo Arroja nas europeias de 2019, com Tiago Mayan Gonçalves nas presidenciais de 2021 e, ao escolher um peso pesado do partido para cabeça de lista às europeias, procurará apostar em alguém pouco conhecido do público para o segundo lugar, tentando manter a tradição.

Neste sentido, a aposta para que um outro deputado liberal, além de Cotrim Figueiredo, vá para Bruxelas também estará fora de questão para o partido, até porque a saída do ex-líder já deixará a bancada sem o parlamentar mais popular, pelo que a decisão poderia fragilizar ainda mais a bancada da IL.

Nos lugares seguintes na lista de Lisboa, pela qual foi eleita o ex-presidente, estão Leonor D’Argent (ex-chefe de gabinete que deixou o cargo no final de 2022 por motivos pessoais e a primeira opção para substituir Cotrim Figueiredo), Bruno Mourão Martins e André Abrantes Amaral (membros da Comissão Executiva).

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As contas de Cotrim na hora da saída

No dia em que anunciou que não se ia recandidatar à presidência da IL, o que levou o partido a antecipar eleições internas num ano em que a convenção não iria ser eletiva, o agora ex-líder fez as contas à vida. Partiu de uma premissa clara de que não estaria disponível para ser candidato às legislativas de 2026, olhou para o restante calendário nacional e concluiu que a nova liderança já devia preparar o ciclo eleitoral que começa agora na Madeira — o que não aconteceria sem eleições internas antecipadas.

Mais do que isso, Cotrim Figueiredo entendeu que, se fosse o rosto da IL nas próximas legislativas, estaria há sete anos à frente do partido e juntando os do seguinte mandato seriam 11, o que não considera normal para um partido liberal. “O partido não pode ser apanhado desprevenido e ter uma liderança que no meu caso não se podia prolongar além de 2026, por uma questão de idade e de disponibilidade minha”, justificava nessa altura. Já na convenção, quando questionado pelo Observador sobre a questão da idade no caso de ir para a Europa, Cotrim Figueiredo resumia desta forma: “Está-me a dar um bom motivo para estar ainda menos disponível.”

Mas umas europeias não são umas legislativas e uma coisa é Cotrim ser eurodeputado (e assinar o feito de levar a IL pela primeira vez ao Parlamento Europeu, como já fez a nível nacional) e outra era estar à frente do partido mais de 10 anos — um cenário que descartou e que, no fim de contas, abriu portas a que a IL vá a votos com um peso pesado na Europa.

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