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Ao contrário das edições anteriores, os participantes neste Sínodo dos Bispos não são só bispos e trocaram um auditório formal por uma sala com mesas redondas

AFP via Getty Images

Ao contrário das edições anteriores, os participantes neste Sínodo dos Bispos não são só bispos e trocaram um auditório formal por uma sala com mesas redondas

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"Deus não manda uma cartinha escrita, dá-nos o espírito para pensar." Sínodo dos Bispos termina em Roma com temas fraturantes fora da agenda

Após um processo mundial de escuta dos católicos, o sínodo termina em Roma, mas sem temas como celibato ou ordenação de mulheres. Dois bispos portugueses que participarão falam das suas expectativas.

Mais de quatro anos depois do primeiro anúncio, vai terminar nas próximas semanas, em Roma, aquele que foi já descrito como “o acontecimento eclesial mais importante desde o Concílio Vaticano II”. A segunda sessão do Sínodo dos Bispos sobre o tema da sinodalidade arranca esta quarta-feira, com 368 participantes de todo o mundo (incluindo 96 que não são bispos e dezenas de mulheres) envolvidos nos trabalhos desta reunião magna do universo católico com o Papa Francisco, que se prolongam até ao dia 27 de outubro.

Com um tema difícil de definir em cima da mesa (o que é, afinal, a sinodalidade?) e vários temas fraturantes a emergirem na primeira fase (como a ordenação sacerdotal de mulheres ou o fim do celibato dos padres), alguns dos participantes ouvidos pelo Observador deixam já o aviso: quem espera que esta assembleia resolva de uma vez por todas estas questões poderá ficar frustrado quando ler os documentos finais.

O principal fruto deste sínodo, dizem vários dos participantes, é o próprio sínodo — ou seja, a metodologia sinodal, que implica o envolvimento e a escuta de todos nos processos de tomada de decisão. É um método que desafia séculos de tradição eclesiástica no que toca à autoridade, mas que deve ser implementado desde o Vaticano até à mais pequena das paróquias. Tudo o resto — incluindo a abertura dos lugares de poder às mulheres e aos leigos no geral, a diminuição da autoridade do clero e até uma discussão sobre a obrigatoriedade do celibato sacerdotal — são portas que foram abertas no sínodo e que deverão continuar em discussão nos próximos meses.

“O acontecimento eclesial mais importante desde o Concílio Vaticano II.” Oito perguntas e respostas sobre um sínodo inédito

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Para perceber o que esperar desta reunião magna com a qual se vai concluir um processo de quase quatro anos em que muitos depositaram as esperanças de uma transformação radical da Igreja, o Observador falou com três portugueses que vão estar dentro da sala nas reuniões, que decorrem à porta fechada: o cardeal Américo Aguiar e o bispo José Ornelas (dois dos quatro portugueses com direito de voto), bem como a assessora Leopoldina Simões (que integra a equipa internacional de assistentes e colaboradores do Sínodo dos Bispos).

“Estamos habituados a uma Igreja em que o padre é o motor de tudo”

“Convertermo-nos a um regime sinodal é bom, útil e importante. Ninguém é dono da verdade e ninguém tem a exclusividade das propostas para as soluções”, resume o cardeal Américo Aguiar, que vai participar pela primeira vez numa assembleia sinodal. Não vai como delegado da Conferência Episcopal Portuguesa — a delegação nacional é composta pelo presidente da CEP, José Ornelas (Leiria-Fátima), e pelo vice-presidente, Virgílio Antunes (Coimbra) —, mas foi diretamente convidado pelo Papa para integrar o lote de participantes do Sínodo que lá estão por nomeação expressa de Francisco.

“Quando pertencemos a um grupo, nada mais saudável do que partilhar um problema, ouvir os pronunciamentos de todos e, depois, reconhecer que alguém tem o múnus de tomar uma decisão. O método sinodal é o método que também leva à decisão, alicerça uma decisão que resulta da reflexão de todos”, explica o cardeal, sublinhando que “as coisas podem ser feitas em modo sinodal” na Igreja, “dos grupos maiores à realidade paroquial”. Isto, diz Américo Aguiar, “era uma coisa muito estranha” até há bem pouco tempo. “Mas todos temos de aprender: o pároco aprende, o bispo aprende, o cardeal aprende, o cristão aprende.”

José Ornelas, que já participou na primeira sessão, em outubro de 2023, como delegado de Portugal, explica que, “quando o Papa fala de sinodalidade, quer lançar a Igreja num outro estilo”, procurando um “outro olhar para a Igreja”.

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O bispo de Leiria-Fátima coloca a tónica nas questões da autoridade. “Estamos habituados a uma Igreja em que o padre é o motor de tudo”, diz, sublinhando que na sua própria diocese estão agora a ser criadas unidades pastorais, que agregam as paróquias para redistribuir o trabalho dos padres. “Se isto for só para mudar a organização, não muda nada. Mas, se dissermos para o padre dividir a sua atuação corresponsavelmente com os fiéis, então isso dá uma outra visão da Igreja. Ele não precisa de estar em todo o lado.” Ornelas dá um exemplo: “Temos tantas paróquias neste país que têm centros paroquiais, que tiram 30%, 40% ou 50% do tempo do padre, quando ele nem sequer é a pessoa mais credenciada para essa função!”

"Estamos habituados a uma Igreja em que o padre é o motor de tudo. (...) Temos tantas paróquias neste país que têm centros paroquiais, que tiram 30%, 40% ou 50% do tempo do padre, quando ele nem sequer é a pessoa mais credenciada para essa função!"
José Ornelas, bispo de Leiria-Fátima e presidente da Conferência Episcopal Portuguesa

Para Ornelas, uma reflexão sobre as questões da autoridade dentro da Igreja será um dos principais resultados do Sínodo dos Bispos. “A autoridade que tem o bispo e o padre não é uma autoridade para tudo”, destaca, posicionando-se frontalmente contra a atitude de clericalismo que se consolidou na Igreja Católica ao longo de séculos (e que esteve, em grande medida, na origem de muitos dos abusos sexuais cometidos por membros do clero). “Sou um ponto de coordenação e de união”, diz Ornelas, sublinhando que o facto de a vocação ser um “dom dado por Deus” não significa que Deus “esteja aí simplesmente para fundar uma teocracia”.

“Não posso dizer simplesmente que eu falo em nome de Deus. E há muitas homilias assim. Não é cada um que diz que fala em nome de Deus. Nem um padre, nem um bispo, nem um cardeal. E mesmo o Papa vai devagar antes de dizer isso”, sublinha o bispo de Leiria-Fátima e presidente da Conferência Episcopal Portuguesa. “Não estamos aqui para lavar a cabeça de ninguém, estamos todos para nos pôr diante de Deus.”

O Sínodo dos Bispos sobre a sinodalidade veio, pela primeira vez, pôr no centro do debate na Igreja Católica a nível global alguns temas que, durante séculos, tinham ficado para segundo plano — mesmo que, para a generalidade das pessoas, o processo possa ter passado relativamente despercebido. Logo à partida, por ser um tema difícil de definir. A palavra “sínodo” tem origem nas palavras gregas “syn” (juntos) e “hodos” (caminho). Traduzindo a ideia de “caminhar em conjunto”, o “sínodo” é um conceito fundador da própria Igreja: nos primeiros séculos do Cristianismo, as comunidades cristãs reuniam-se em “sínodos” com os seus líderes para tomar decisões de grande magnitude.

Ao longo dos anos, esta ideia fundadora do Cristianismo cristalizou-se na sua versão mais formal: os grandes concílios, que ocorriam apenas em ocasiões muito particulares e que, ao longo da história, foram moldando a Igreja Católica. Em 1965, na sequência do Concílio Vaticano II, e inspirado pelos frutos da reunião magna, o Papa Paulo VI quis devolver à Igreja a sua dimensão sinodal dos primeiros séculos e instituiu o Sínodo dos Bispos, com o objetivo de reforçar a colegialidade nos processos de tomada de decisão na Igreja — até então marcados pela autoridade suprema e absoluta do Papa.

Abertura da Assembleia Plenária da CEP, que decorre de 17 a 20 de Abril em Fátima: Bispo D. José Ornelas, atual presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), chega agora ao fim do primeiro mandato de três anos. Apesar de poder ser reeleito, tem surgido notícias que dão conta a sua alegada indisponibilidade para continuar no cargo. Durante os quatro dias de reunião plenária do episcopado, também serão eleitos os restantes membros do Conselho Permanente, e os presidentes das comissões Episcopais. 17 de Abril de 2023, Fátima TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

José Ornelas, bispo de Leiria-Fátima e presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, é um dos representantes portugueses no Sínodo dos Bispos

TOMAS SILVA/OBSERVADOR

Um sínodo inédito

Apesar de ser um organismo estável (“perpétuo na sua natureza”, nas palavras de Paulo VI), o Sínodo dos Bispos reúne-se com uma periodicidade variável a pedido do Papa e é composto por bispos de todo o mundo, sempre diferentes, consoante o tema que é colocado no centro do debate pelo Papa. Já houve sínodos sobre temas como a família, os jovens, a formação dos sacerdotes, a Europa, o Médio Oriente ou a Amazónia e os desafios ambientais. É no contexto do Sínodo dos Bispos que, por vezes, se têm aberto portas para a discussão dos temas mais controversos: foi no Sínodo sobre a Amazónia (2019), por exemplo, que se colocou em cima da mesa a possibilidade de abrir exceções ao celibato dos padres.

Como a Amazónia pode desencadear a revolução na Igreja Católica (de que já se fala há seis anos)

Mas nunca como agora: em março de 2020, o Vaticano anunciou que o Papa Francisco queria convocar a Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos pela 16.ª vez desde a sua fundação. A reunião deveria ocorrer em outubro de 2022, com um tema inédito em cima da mesa: a própria sinodalidade. “Para uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão”, lia-se no tema proposto pelo Papa para a assembleia, que deveria refletir sobre a própria capacidade da Igreja para envolver todos os cristãos, sem exceção, nos processos de tomada de decisão.

No ano seguinte, o Papa nomeou a irmã Nathalie Becquart, uma religiosa francesa, como subsecretária da Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos. Aquela nomeação foi uma revolução. Pela primeira vez, uma mulher era nomeada para o cargo, o que levantava uma questão: o subsecretário da Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos tem, por inerência, direito de voto no Sínodo. Nathalie seria a primeira mulher a poder votar num Sínodo dos Bispos. A decisão de Francisco não foi meramente acidental: o Papa sabia que estava a abrir uma porta que já não se fecharia.

Numa entrevista ao Observador em 2023, Nathalie Becquart admitiu que a sua nomeação foi “um grande símbolo” para a sociedade contemporânea. A Igreja “já não é apenas um mundo de homens”, sustentou: “Quando penso sobre mim própria e sobre este cargo, [concluo que] não é sobre mim. É através de mim. Sinto-me muito ligada a muitas mulheres que já estão em posições de liderança de muitas formas, a nível local e em conferências episcopais, e também a muitas mulheres que abriram o caminho antes de mim. Se estou aqui hoje também é devido, por exemplo, ao facto de o Papa Paulo VI ter tido esta novidade profética de chamar mulheres como auditoras na fase final do Concílio Vaticano II [1962-1965]. É um processo na história.”

A irmã Nathalie Becquart, freira francesa, é a subsecretária da Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos e tornou-se a primeira mulher com direito de voto num sínodo

TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

Em maio de 2021, o Papa Francisco mudou os planos do Sínodo dos Bispos, mostrando que estava a preparar uma revolução ainda maior do que a que já se antevia. Chegara ao fim a tradição de meio século segundo a qual um Sínodo corresponde a uma Assembleia Geral de um mês em outubro. Agora era o tempo de um processo sinodal alargado, aberto a todos os cristãos. A reunião de outubro de 2022 ficou sem efeito e o plano passava a ser outro: em outubro de 2021, começava o caminho sinodal, abrindo-se uma fase de escuta dos cristãos de todo o mundo.

Até abril de 2022, decorreu a “fase diocesana”, em que todas as dioceses do mundo foram convidadas a realizar o seu próprio Sínodo, a partir das paróquias, dos grupos e dos movimentos. Através de círculos de discussão nas paróquias, nos movimentos e em grupos de fiéis, as várias dioceses iriam recolher os contributos de qualquer fiel que quisesse participar neste processo de diagnóstico da Igreja contemporânea: que problemas são identificados na Igreja? Que respostas procuram as sociedades de hoje na Igreja? A ideia era que todos pudessem falar livremente.

A partir dos contributos das dioceses, as conferências episcopais deveriam elaborar documentos finais nacionais, que seriam submetidos a Roma para a preparação de uma fase continental. Nessa fase, entre setembro de 2022 e março de 2023, representantes dos vários países reunir-se-iam em encontros de nível continental para fazer o mesmo processo — e elaborar um novo documento, igualmente submetido a Roma. Os documentos recebidos das fases continentais seriam, então, usados para preparar a discussão em Roma, em outubro de 2023 — essa mais próxima daquilo que foram, até agora, as assembleias gerais.

Quando deu início a este processo, Francisco pediu que o Sínodo transformasse os católicos em “especialistas na arte do encontro” e que soubessem “olhar os outros nos olhos e ouvir o que eles têm a dizer”, sendo “sensíveis às questões” dos outros. Mais tarde, Francisco anunciou que a assembleia geral seria dividida em duas partes: uma primeira em outubro de 2023 e uma segunda em outubro de 2024, para permitir “um tempo de discernimento mais prolongado”. Entre as duas sessões, as conclusões da primeira seriam novamente colocadas em debate a todos os níveis, desde as paróquias às conferências episcopais.

Quando, em 2022, o Vaticano anunciou o elenco final dos participantes na primeira sessão da 16.ª Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos, entre os 365 membros com direito de voto havia 54 mulheres e cerca de uma centena de não-bispos. Era o sinal mais claro, até ao momento, de que Francisco queria mudar as coisas. Nathalie Becquart não estaria sozinha: mais de meia centena de mulheres poderiam, pela primeira vez, votar num Sínodo dos Bispos. Uma delas foi a teóloga espanhola Cristina Inogés Sanz, que integrou o lote de participantes diretamente nomeados pelo Papa Francisco. Numa entrevista ao Observador a poucos dias do Sínodo, foi tão longe quanto possível na questão da ordenação sacerdotal de mulheres: “Sou partidária do sacerdócio feminino. Não há razões teológicas que o impeçam.”

Cristina Inogés Sanz, uma das primeiras mulheres a votar num Sínodo dos Bispos. “Não há razões teológicas que impeçam” ordenação de mulheres

Um ano depois, os participantes voltam a reunir-se em Roma para uma assembleia geral de mais de três semanas que deverá produzir um documento final, que por sua vez será entregue ao Papa Francisco. Os participantes são praticamente os mesmos da primeira sessão (há apenas 25 substituições, uma delas representada pela entrada de Américo Aguiar) — e o método de discussão, marcado pelas icónicas mesas redondas que substituíram o grande auditório, será também o mesmo. Alguns temas, sobretudo os mais controversos, deverão contudo ficar de fora dos debates: o Papa quer que o Sínodo se concentre, efetivamente, na sinodalidade e que não fique refém dos temas fraturantes.

Temas fraturantes ficam para grupos de trabalho paralelos

Logo em 2021, quando o processo sinodal foi apresentado à generalidade do universo católico, surgiram várias dúvidas, com uma pergunta essencial à cabeça: afinal, o que é mesmo a sinodalidade? O processo de escuta sinodal das comunidades católicas teve um sucesso apenas relativo: o relatório compilado pela Conferência Episcopal Portuguesa a partir dos contributos das paróquias, movimentos e dioceses do país reconheceu que “o alcance da escuta sinodal ficou restringido à realidade diocesana, em parte devido a uma débil estratégia de divulgação, enfraquecida pela incapacidade de simplificar a explicação sobre a relevância e a dinâmica da consulta sinodal”.

“As comunidades que tiveram pouca ou nenhuma informação sobre o sínodo, e que não estavam enquadradas nas realidades eclesiais, apesar de serem compostas por cristãos, não se organizaram espontaneamente”, lê-se no documento então produzido pela CEP. “Ficou em falta uma divulgação cuidada a nível nacional, que facilitasse a convocatória daqueles que não frequentam o espaço eclesial e que não estão por dentro da dinâmica paroquial. (…) Por esta razão, a escuta valeu-se dos grupos já com algum caminho percorrido dentro da paróquia, surgindo o sacerdote como uma importante figura, não só na constituição das equipas, por conhecer melhor a sua comunidade, mas também na divulgação do processo.”

A própria Nathalie Becquart, em entrevista ao Observador, admitiu o desafio de organizar uma “escuta alargada” da Igreja, indo além das “organizações católicas existentes, só com as pessoas que já estão muito envolvidas com a paróquia”.

"Este Sínodo quer preparar a Igreja para enfrentar as questões de um modo diferente. Isto significa ter métodos de trabalho e discernimento que sejam fruto de uma nova metodologia."
José Ornelas, bispo de Leiria-Fátima e presidente da Conferência Episcopal Portuguesa

A dificuldade em traduzir e operacionalizar o conceito de “sinodalidade” levou a que uma boa parte da consulta às comunidades católicas resultasse num feedback altamente crítico, centrado numa mão cheia de questões controversas. Basta olhar, novamente, para o relatório português, segundo o qual os católicos vêem a Igreja como “demasiado hierárquica, clerical, corporativa, pouco transparente, estagnada, resistente à mudança”. Ouvindo as bases, a Igreja viu-se caracterizada como “pouco disponível para discutir de forma aberta e descomplexada a possibilidade de tornar opcional o celibato dos sacerdotes e a ordenação de homens casados e das mulheres”, pouco transparente nos processos de tomada de decisão e de escolha de líderes, incapaz de “fazer caminho com os jovens” devido a uma “mentalidade retrógrada e desajustada dos tempos” atuais, “pouco inclusiva e acolhedora” sobretudo na discriminação de “divorciados, recasados e pessoas com diferentes orientações sexuais, identidades e expressões de género (grupo LGBTQi+)”, mas também dos mais pobres e marginalizados.

O retrato duríssimo feito pelos católicos em Portugal é semelhante ao que surgiu nos relatórios de muitos outros países. O protagonismo destes temas nos relatórios enviados para o Vaticano (sobretudo a questão da discriminação das mulheres na Igreja), bem como a decisão do Papa Francisco de incluir mais de 50 mulheres com direito de voto no Sínodo, levou a muita especulação em torno dos potenciais resultados da primeira sessão da Assembleia Geral: sairia dali alguma decisão concreta sobre as mulheres na Igreja? Talvez até um caminho concreto para que, num futuro próximo, fosse permitida a ordenação sacerdotal de mulheres?

O documento final daquela primeira sessão, contudo, desiludiu todos os que esperavam decisões concretas: em nome do consenso, foram procuradas formulações vagas e abstratas que não acrescentaram qualquer novidade. A questão dos direitos das pessoas LGBTQ+ nem sequer foi mencionada no documento (termos como “LGBTQ+”, “homossexualidade” ou “mesmo sexo” surgem zero vezes no texto), havendo apenas uma referência indireta às questões “relativas à identidade de género e à orientação sexual”, incluídas entre um lote de questões que levantam “questões novas” à Igreja (outras questões incluem a inteligência artificial ou as questões do fim da vida).

Sobre o papel das mulheres na Igreja, o documento foi ligeiramente mais longe, sublinhando que é “urgente garantir que as mulheres podem participar nos processos de tomada de decisão e assumir papéis de responsabilidade no cuidado pastoral e de ministério”. Sobre o acesso das mulheres às ordens sagradas, o documento reconheceu apenas posições contraditórias e não apontou qualquer caminho, limitando-se a propor que o tema continue a ser estudado. As propostas mais concretas disseram respeito ao “uso de uma linguagem que considere igualmente homens e mulheres” e à possibilidade de as mulheres serem “juízas em todos os julgamentos canónicos”.

O cardeal Américo Aguiar, que organizou a JMJ de Lisboa, foi diretamente convidado pelo Papa Francisco para integrar o Sínodo dos Bispos

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Um ano depois, os temas mais fraturantes nem sequer surgem no documento de trabalho para a segunda sessão do Sínodo. A opção do Papa Francisco foi outra: criou dez grupos de trabalho destinados a aprofundar dez temas que emergiram durante o processo sinodal, mas que devem agora trabalhar em paralelo ao Sínodo dos Bispos. Um dos grupos é justamente dedicado às questões do ministério sacerdotal e envolvem o tema concreto da ordenação das mulheres. Estes grupos têm até ao verão de 2025 para apresentar as conclusões das suas reflexões (que devem ser feitas segundo os métodos do Sínodo dos Bispos) e vão prestar contas sobre o andamento dos seus trabalhos nesta assembleia. Contudo, não é de esperar qualquer conclusão sobre estes temas quentes este ano.

O objetivo do Papa Francisco é evitar que o Sínodo dos Bispos fique refém de três ou quatro temas fraturantes, focando-se efetivamente no tema da sinodalidade.

“Deus não nos vai mandar uma cartinha escrita”

Antes de partir para Roma, o bispo José Ornelas — que também faz parte de um destes dez grupos de trabalho, concretamente do que se debruça sobre as questões da vida consagrada — reconhece ao Observador que o facto de os temas mais fraturantes não estarem agora em cima da mesa “pode levar à frustração daqueles que não seguiram isto desde o início”.

“Este Sínodo quer preparar a Igreja para enfrentar as questões de um modo diferente. Isto significa ter métodos de trabalho e discernimento que sejam fruto de uma nova metodologia”, diz Ornelas, sublinhando que os temas controversos que surgiram na primeira fase do Sínodo não podem resumir-se agora numa discussão de três semanas. “Qualquer destes temas é demasiado importante e tem de ser estudado de uma forma nova.”

Concretamente sobre a questão das mulheres na Igreja, José Ornelas mostra-se claramente favorável a uma transformação do pensamento. “Que não há impedimentos teológicos [à ordenação de mulheres], isso toda a gente está mais ou menos de acordo. Há é outras questões, que remontam a Jesus — e isto é muito questionado pelos biblistas: há quem diga que se Jesus pudesse ter discípulas, tinha tido. Ora, isto tanto vale para dizer que sim como para dizer que não. Claramente, Paulo diz que não há homem nem mulher.”

Lembrando que este tema, possivelmente o mais quente de todo o Sínodo, “é visto de forma muito diferente num país ocidental, em África, na América Latina ou na Ásia”, José Ornelas diz que “o Papa está muito atento” ao debate sobre o assunto e “não quer que isto divida a Igreja”. O facto de o Papa ter criado os dez grupos de trabalho, considera Ornelas, é um sinal de que Francisco “quer que este processo continue”.

"A metodologia de escuta do outro é muito importante. Então para nós bispos, cardeais, padres, que estamos mais habituados a ser ouvidos. (...) Gosto muito quando o Papa Francisco chama a atenção para não entendermos o Sínodo como um parlamento em que há maiorias e minorias, conservadores e progressistas, etc."
Américo Aguiar, cardeal e bispo de Setúbal

Aliás, o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa acrescenta mesmo que o facto de o tema da possível ordenação sacerdotal das mulheres continuar a ser discutido é já um ponto positivo. “Podemos dizer que não chegámos a um acordo sobre isto, mas que não tirámos isto de cima da mesa. Sobre estes assuntos, não chegámos ainda a acordo. Foi aquilo que Paulo fez em Antioquia: vamos perguntar à Igreja. Mas perguntar à Igreja, hoje, tem outros modos. Para se ser fiel ao Espírito, é preciso perguntar a cada dia o que ele quer. Deus não nos vai mandar uma cartinha escrita, mas vai dar-nos o espírito para pensar nisso.”

Entre as tarefas do grupo de trabalho número 5 está justamente uma reflexão sobre o nono capítulo do relatório que surgiu da primeira sessão do Sínodo: “As mulheres na vida e na missão da Igreja.” Nesse capítulo, são lançadas várias questões a aprofundar, incluindo sobre o acesso das mulheres às ordens sacras: um “passo inaceitável” ou um regresso a uma “prática da Igreja das origens”? Uma “resposta apropriada e necessária aos sinais dos tempos” ou uma “perigosa confusão antropológica”? O grupo deverá apresentar as conclusões até junho de 2025.

Outro dos temas mais sensíveis — a questão do celibato dos padres — também deverá ter o mesmo tratamento. Trata-se de um assunto que deverá ser aprofundado pelo grupo de trabalho número 4, que se está a debruçar sobre outro capítulo do relatório da primeira sessão do Sínodo. Nesse capítulo, que se dedica ao papel dos padres e diáconos na Igreja contemporânea, é explicitamente questionada a obrigatoriedade do celibato: “Foram expressas diferentes avaliações sobre o celibato dos presbíteros. Todos apreciam o seu valor, carregado de profecia, e o testemunho de conformação a Cristo; alguns perguntam se, na Igreja latina, a sua conveniência teológica com o ministério presbiteral deve traduzir-se necessariamente numa obrigação disciplinar, sobretudo nos lugares em que os contextos eclesiais e culturais o tornam mais difícil.”

Também neste tema, o bispo José Ornelas defende que é necessário fazer uma reflexão séria e lembra que já existem exemplos de padres casados sem que isso seja um problema: é o caso dos padres católicos do “rito greco-católico, de características bizantinas”, que têm uma disciplina própria que permite o casamento, e também dos padres anglicanos casados que optaram por se converter ao Catolicismo e a quem foi permitido manter o casamento.

Ornelas deixa, porém, um alerta: o celibato dos padres não pode ser abandonado apenas como forma de resolver o problema da falta de vocações. “A igreja oriental, que tem padres casados, não resolveu o problema das vocações. Se fizermos isto para resolver um problema, não vai dar certo”, diz, sublinhando que é necessário estudar efetivamente a disciplina do celibato para perceber se ela se adequa ou não à Igreja contemporânea. “Noutras igrejas, constituem-se padres homens casados. Na Igreja latina, tem faltado vontade.”

Ainda assim, diz José Ornelas, o estudo não se pode prolongar indefinidamente. “No Sínodo da Amazónia foi dito que era preciso estudar. Não se pode passar a vida a estudar”, diz o bispo, sublinhando de novo o prazo de junho de 2025 para a conclusão do trabalho dos vários grupos.

Américo Aguiar, que participará nesta assembleia sinodal apesar de não ter estado presente na primeira sessão, fala com menos detalhe sobre estes assuntos. Diz-se “curioso e expectante” sobre os trabalhos do Sínodo dos Bispos e garante que está a “fazer o trabalho de casa”, que passa pela leitura dos documentos produzidos até agora. “Para, depois, de acordo com a metodologia que foi indicada, ouvir com respeito, ter as nossas participações, mas ouvir muito. A metodologia de escuta do outro é muito importante. Então para nós bispos, cardeais, padres, que estamos mais habituados a ser ouvidos.”

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Antes e depois. O Papa mudou o Sínodo, que deixa de funcionar num auditório e passa a privilegiar a discussão à volta da mesa em pequenos grupos. O próprio Papa senta-se numa dessas mesas

Mondadori Portfolio via Getty Im

“Gosto muito quando o Papa Francisco chama a atenção para não entendermos o Sínodo como um parlamento em que há maiorias e minorias, conservadores e progressistas, etc. Temos de ir de coração aberto e ser capazes de perceber o que é que o Espírito Santo quer. Vamos juntos para aquilo para que a maioria dos padres se inclinam, mas também não me repugna irmos junto com aquilo que um grupo minoritário pensa”, diz Américo Aguiar.

Tanto José Ornelas como Américo Aguiar sublinham um aspeto essencial do Sínodo dos Bispos: a universalidade. “A Igreja Católica é universal. Nos continentes, culturas, sociedades, pode haver um tema que gera unanimidade entre uns e não noutra geografia”, diz o cardeal que é atualmente bispo de Setúbal. “Lembro-me que no Sínodo da Família um dos nossos bispos contava que, da parte dos padres sinodais da Europa, se falava da questão do divórcio. E um bispo africano dizia que não entendia a urgência, porque, para ele, a urgência era a poligamia, que era o problema na geografia dele. Ficou tudo mais vivo no olhar e no coração de cada um: a presença da Igreja no planeta significa que temos de olhar para cada temática e cada cultura.”

Durante os trabalhos do Sínodo dos Bispos, os participantes são agrupados em mesas redondas por grupos linguísticos, mas transversais a todo o planeta, o que permite a cada um cruzar-se com experiências radicalmente diferentes das suas. Para os bispos europeus, é uma oportunidade como poucas para abandonar uma visão eurocêntrica da Igreja. “Na mesa onde eu estava havia gente de todo o mundo e com experiências muito válidas de testemunho de fé”, lembra José Ornelas, falando da primeira sessão. “Conseguíamos ver, entender o ponto de vista do outro. Isso já nos dá a capacidade de olhar as coisas.”

O bispo de Leiria-Fátima frisa que este contacto com as realidades de todo o mundo é muito importante para os bispos europeus, que vivem num continente “que está a ser permeado por gente que chega de todo o mundo” e que é hoje marcado pela “multiculturalidade”, que “está presente em toda a Europa”. “Os imigrantes já são 10% do país, isto é uma realidade nova e é um desafio para a Igreja, que deve ser pioneira em acolher”, destaca Ornelas, acrescentando que a Igreja tem um papel no combate aos “populismos” que atacam a imigração. “A mim, dói-me quando há pessoas que dizem que fazem isso em nome de ser cristãos. É uma negação do que é ser cristão.”

Concretamente sobre a possibilidade de o celibato deixar de ser uma obrigação disciplinar para os padres, José Ornelas considera que o tema deve ser aprofundado, mas que não deve ser tomada qualquer decisão neste Sínodo. “Não deve ser este Sínodo que deve tomar essa decisão. Deve deixá-la em aberto. Deve ser uma decisão tomada explicitamente. Faça-se outro Sínodo para esse tema”, sugere Ornelas. “São coisas demasiado importantes para estarem a ser metidas no meio disto.”

Américo Aguiar, que diz estar “em modo sinodal, de oração e reflexão e não de pronunciamento”, limita-se a dizer-se “curioso” com o modo como os vários temas vão ser abordados. “O Santo Padre e os vários responsáveis vão referindo que o Sínodo é sobre a sinodalidade. Ponto. Mas algumas temáticas foram sublinhadas com urgência. Foram avaliadas e referenciadas”, diz o cardeal. “Nestes meses e anos, o Santo Padre tem criado, paralelamente, oportunidades para reflexão e aprofundamento desses temas, para salvaguardar o Sínodo sobre a sinodalidade.”

Como “filho deste povo”, Américo Aguiar diz que se “identifica” com as principais preocupações que foram expressas pelos católicos ouvidos durante o processo sinodal. “Entendo a prioridade, entendo a urgência. Sou fruto e resultado dessas expectativas”, destaca. “Olhamos para o território e vemos velocidades diferentes na aplicação. Tenho a certeza de que quando todos nos convertermos ao método sinodal, estaremos mais seguros e mais fortes. Temos mais retorno ao irmos por aqui porque resulta da reflexão de todos do que ao irmos por aqui porque eu quero.”

Fóruns teológico-pastorais vão ser abertos ao público

Além dos quatro bispos participantes portugueses no Sínodo dos Bispos (José Ornelas e Virgílio Antunes como delegados da CEP, Américo Aguiar por nomeação pontifícia e José Tolentino Mendonça por pertencer à Cúria Romana), estarão na assembleia outros dois portugueses: a assessora Leopoldina Simões e o padre Paulo Terroso. Ambos integram a equipa internacional de assistentes e colaboradores da Secretaria Geral do Sínodo e estarão a trabalhar na área da comunicação.

Ao Observador, Leopoldina Simões explica que recebeu o convite para integrar a equipa depois de ter trabalhado com o diretor de comunicação da Secretaria Geral do Sínodo em duas edições da Jornada Mundial da Juventude, em Cracóvia e no Panamá. Devido ao carácter internacional, estes grandes eventos organizados pela Igreja Católica exigem uma grande equipa de comunicadores para cobrirem uma grande quantidade de línguas.

"Sem dúvida que esses temas mais controversos e polarizadores foram aqueles em que a comunicação social, tanto a generalista como a confessional, mais pegou. (...) Nas próprias votações do documento final da primeira sessão, onde houve menos concordância foi precisamente nesses temas."
Leopoldina Simões, assessora que integra a equipa de assistentes e colaboradores do Sínodo dos Bispos

“Na primeira sessão do Sínodo, colaborávamos na produção de uma newsletter enviada para os participantes e para o mundo inteiro, ajudávamos na preparação das conferências de imprensa, na ligação para as redes sociais, na escolha das frases-chave. No meu caso, para a língua portuguesa”, explica Leopoldina Simões. “Neste ano, vamos focar-nos mais na comunicação interna aos participantes, mas também na comunicação externa ao povo de Deus, a toda a gente que queira acompanhar o que lá acontece.”

Leopoldina Simões reconhece que os temas mais fraturantes, como o papel da mulher na Igreja ou o celibato dos padres, foram aqueles que mais atraíram a atenção mediática durante todo o processo sinodal. “Sem dúvida que esses temas mais controversos e polarizadores foram aqueles em que a comunicação social, tanto a generalista como a confessional, mais pegou”, explica.

“O nosso objetivo era, e tem de continuar a ser, mostrar que os temas da assembleia sinodal são muito mais do que esses, juntar os outros temas e mostrar a dimensão espiritual. Mas, como comunicadora, basta-me ver que nas próprias votações do documento final da primeira sessão, onde houve menos concordância foi precisamente nesses temas”, acrescenta. “Portanto, a comunicação social não esteve completamente alheada.”

A responsável de comunicação lembra que, apesar de os temas mais polémicos ficarem de certa forma ausentes das discussões do Sínodo, “vão continuar a ser falados de forma aberta ao público em quatro fóruns teológico-pastorais” que vão decorrer durante as semanas do Sínodo dos Bispos, mas abertos aos jornalistas.

Para já, o Sínodo dos Bispos deverá mesmo focar-se nos temas próprios da sinodalidade. O documento de trabalho para esta sessão parte do tema “Como ser Igreja sinodal missionária” e, de acordo com o que já foi divulgado, os trabalhos vão dividir-se em cinco módulos. Cada um destes módulos vai consistir em sessões plenárias, congregações gerais e discussões em grupos de trabalho de 10 a 12 pessoas. No final, será produzido um documento que será entregue ao Papa. “O Documento Final não constitui o ponto final do processo sinodal, mas reúne a orientação da Assembleia sobre os temas abordados, que é transmitida ao Santo Padre, a quem cabe decidir como relançá-lo a toda a Igreja”, explica a Secretaria Geral do Sínodo.

“Isto não é um parlamento para nos pôr de acordo por maioria”, repete José Ornelas. “Estamos aqui para ver o que Deus está a dizer à Igreja. A Igreja está aí para transformar o mundo e para estar ao serviço de uma sociedade nova. Que caminhos é que Deus está a indicar à Igreja?”

Ao Observador, a irmã Nathalie Becquart explicava justamente que “o maior fruto deste Sínodo é, na verdade, a metodologia sinodal” — ou seja, independentemente das conclusões substanciais da assembleia, o principal objetivo é que estes métodos de escuta e envolvimento de todos os crentes passem a ser aplicados em todos os processos de tomada de decisão na Igreja. “Temos de ser uma comunidade onde se tenha vez e voz, onde se dê a palavra”, concorda Ornelas, sublinhando que, à exceção da “celebração da eucaristia e do perdão dos pecados”, a maioria das funções dos sacerdotes podem ser partilhadas com os leigos.

A segunda sessão da Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos arranca na quarta-feira e prolonga-se até ao dia 27 de outubro. Para este período, além dos trabalhos normais dos padres sinodais, estão também agendadas algumas iniciativas paralelas, incluindo uma celebração penitencial na Basílica de São Pedro em que o Papa e os bispos vão escutar vítimas da guerra e dos abusos sexuais e ainda aqueles que sofreram “o pecado da indiferença perante o drama presente no fenómeno crescente de todas as migrações”. A meio do Sínodo, haverá também uma oração ecuménica com representantes de várias religiões.

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