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O avançado português entrou em cima do fim do tempo regulamentar e marcou o golo da vitória nos descontos
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O avançado português entrou em cima do fim do tempo regulamentar e marcou o golo da vitória nos descontos

Getty Images

O avançado português entrou em cima do fim do tempo regulamentar e marcou o golo da vitória nos descontos

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Um ano de revolução, um mês de emoção, um instante de explosão: como Francisco passou de perdido a herói que se encontrou

Há um ano, não sabia se ficava no Ajax. Há um mês, foi convocado mas ainda tinha o pai como treinador. Esta terça-feira, deu a vitória à Seleção e entrou em três listas históricas dos Europeus.

Terceiro mais novo de sempre a marcar por Portugal num Campeonato da Europa. Segundo golo mais tardio de sempre a dar a vitória a Portugal num Campeonato da Europa. Segundo filho cujo pai também marcou num Campeonato da Europa. Francisco Conceição entrou aos 90′, marcou aos 90+2′ e festejou aos 90+5′: pelo meio, entrou para três listas históricas no dia em que se estreou em fases finais de competições internacionais.

O avançado do FC Porto continua a coroar uma temporada onde explodiu no Dragão depois de uma passagem complicada pelo Ajax e contou com o apoio do pai, Sérgio Conceição, nas bancadas da Red Bull Arena de Leipzig. Deu a vitória à Seleção instantes depois de entrar, festejou já sem camisola e muito à sua maneira e após o apito final, já na zona de entrevistas rápidas e com o ritmo cardíaco mais controlado, era a cara da felicidade.

O regresso a casa no Jamor, o jogo da viragem e os Conceição como os Veloso: como Francisco foi do Erasmus em Amesterdão ao Europeu

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“É uma felicidade tremenda, sabemos que estamos a representar o nosso país. Quis ajudar a equipa da forma que podia e, felizmente, consegui. É uma felicidade tremenda e um orgulho estar aqui a minha família toda. Queria dar esta alegria aos portugueses, mas principalmente à minha família, que sofre muito. Esta vitória é para eles”, disse o jogador, que há um ano ainda não era internacional A e nem sequer sabia se ia ficar no Ajax, sair para outro sítio ou regressar a casa.

O jovem jogador foi muito acarinhado por Cristiano Ronaldo no momento do golo e na altura do apito final

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Um ano de revolução na vida de quem já não se livra de ser espalha-brasas

Há menos de um mês, quando Francisco Conceição foi convocado para o Euro 2024, escrevemos que não seria titular, que faz parte de uma segunda linha da Seleção Nacional, um elemento que foi convocado para ser mais uma solução. Ainda assim, acrescentámos, dificilmente o avançado sairia do mesmo Euro 2024 sem deixar a sua marca. E dificilmente poderiam existir palavras mais premonitórias.

No primeiro jogo de Portugal no Campeonato da Europa, Francisco Conceição não foi mesmo titular. Aliás, só saltou do banco ao minuto 90′, acompanhado por Pedro Neto e Nélson Semedo, logo depois de um golo de Diogo Jota ter sido anulado e quando as esperanças portuguesas começavam a escassear. Apareceu na área, aproveitou o ressalto depois da assistência de Neto e rematou certeiro para garantir a primeira vitória da Seleção no Grupo F do Euro 2024. Marca deixada, assinada e enviada.

[Já saiu o sexto e último episódio de “Matar o Papa”, o novo podcast Plus do Observador que recua a 1982 para contar a história da tentativa de assassinato de João Paulo II em Fátima por um padre conservador espanhol. Ouça aqui o primeiro episódio, aqui o segundo, aqui o terceiro, aqui o quarto episódio e aqui o quinto episódio.]

O jogador de 21 anos foi uma das novidades na lista de Roberto Martínez para o Euro 2024, mantendo a aposta do selecionador nacional depois de se ter estreado nas convocatórias e nas internacionalizações em março, no duplo compromisso particular contra a Suécia e a Eslovénia. Francisco Conceição foi recompensado pela segunda metade de temporada muito acima da média, onde conquistou a titularidade no FC Porto e foi constantemente o melhor elemento da equipa, e entrou na lista para o Europeu em detrimento de Francisco Trincão, Pedro Gonçalves, Ricardo Horta ou Jota Silva.

"É uma felicidade tremenda, sabemos que estamos a representar o nosso país. Quis ajudar a equipa da forma que podia e, felizmente, consegui. É uma felicidade tremenda e um orgulho estar aqui a minha família toda. Queria dar esta alegria aos portugueses, mas principalmente à minha família, que sofre muito. Esta vitória é para eles."
Francisco Conceição

Na conferência de imprensa do dia da convocatória, logo depois de anunciar a lista final, Roberto Martínez explicou detalhadamente o porquê de ter chamado o avançado. “Ainda não falei com o Chico. Acho que foi um jogador diferente de janeiro até ao fim da época. Joga com o pé esquerdo, é vertical, tem personalidade para mudar o jogo. É um ‘espalha-brasas’ de um nível excecional, um jogador diferente. Foi importante o facto de ter um estágio em março, foi impactante. A segunda parte contra a Eslovénia foi decisiva. No futebol, um jogador precisa de estar no momento e numa forma correta… E acho que ele é um bom exemplo de um jogador num momento ótimo, que aproveitou a sua oportunidade em março”, disse o treinador espanhol.

A verdade é que, já na altura, a evolução de Francisco Conceição no último ano não deixava de ser impressionante. O jovem avançado saiu para o Ajax no verão de 2022, sob uma enorme polémica que na altura até motivou críticas por parte da cúpula dos Super Dragões, mas a passagem pelos Países Baixos não teve o impacto desejado. Regressou ao FC Porto no início da temporada, por empréstimo e para reforçar o setor ofensivo da equipa de Sérgio Conceição, e acabou por merecer que o clube acionasse a opção de compra para o garantir a título definitivo a troco de dez milhões de euros.

Com oito golos e seis assistências em 43 jogos, Francisco Conceição explodiu essencialmente na segunda metade da temporada. O momento de viragem, contudo, poderá ter aparecido antes: ainda em novembro, foi titular no D. Afonso Henriques e marcou o golo da vitória tirada a ferros contra o V. Guimarães, recuperando a imagem de alguns dos melhores momentos da primeira passagem pelo FC Porto. A partir daí, aproveitou a quebra de rendimento de Taremi, o desaparecimento de André Franco e Ivan Jaime e o entrosamento com Galeno, Pepê e Evanilson e tornou-se cada vez mais importante.

Francisco Conceição estreou-se pela Seleção em março, no particular contra a Eslovénia

Getty Images

Ainda assim, e mesmo tendo surgido numa fase em que o Campeonato já tinha terminado e só restava a final da Taça de Portugal para disputar, o último mês de Francisco Conceição trouxe mais capítulos a uma história que já está a começar — e que teve desde já uma das suas páginas mais bonitas numa insuspeita noite de Leipzig, em pleno Red Bull Arena, com direito a um abraço caloroso de Cristiano Ronaldo depois do apito final.

Um mês de emoção que só terminou num instante de explosão

Na altura da convocatória, no final de maio, Jorge Nuno Pinto da Costa já tinha perdido as eleições para André Villas-Boas. O que não tinha acontecido, porém, era a confirmação da saída de Sérgio Conceição do comando técnico do FC Porto. Francisco Conceição ainda partilhou com o pai a conquista da Taça de Portugal no Jamor, com os dois a partilharem um abraço emocionado que deu fotografias, textos e comentários, mas os dias seguintes trouxeram horas mais negras.

Sérgio Conceição saiu dos dragões, entre toda a polémica da subida aparentemente mantida em segredo de Vítor Bruno a treinador principal, e Francisco não se escondeu. No Instagram, numa mensagem longa onde se dirigiu ao “pai, ídolo e mister” e clarificou desde logo que iria falar “como filho”, o jovem jogador sublinhou a história de resiliência do treinador e voltou a tornar pública a admiração que sente por quem o criou, educou e treinou.

Com oito golos e seis assistências em 43 jogos, Francisco Conceição explodiu essencialmente na segunda metade da temporada. O momento de viragem, contudo, poderá ter aparecido antes: ainda em novembro, foi titular no D. Afonso Henriques e marcou o golo da vitória tirada a ferros contra o V. Guimarães, recuperando a imagem de alguns dos melhores momentos da primeira passagem pelo FC Porto.

“Desde os 16 anos, quando o avô te deixou à porta do Estádio das Antas, que tinhas o sonho de te tornares jogador e mais tarde treinador do FC Porto. Para, como sempre fizeste, lutares até à última gota pelo clube que sempre amaste e pelo qual sempre tiveste uma eterna dívida. Querias servir o clube que te deu a mão quando eras uma criança em grandes dificuldades. E que história. Não só conseguiste, como fizeste o que nunca ninguém tinha feito e entraste na história do clube do teu coração”, escreveu, destacando um “legado” que “ninguém vai apagar”.

Sérgio Conceição marcou presença na Red Bull Arena, esta terça-feira e em conjunto com o resto da família, e assistiu nas bancadas ao golo decisivo que o filho marcou. Em conjunto, juntam-se aos italianos Enrico (1996) e Federico Chiesa (2000) e tornam-se apenas o segundo par de pai e filho a marcar num Campeonato da Europa, já que o agora treinador apontou o histórico hat-trick à Alemanha na fase de grupos do Euro 2000.

Antes, só com a convocatória, Sérgio e Francisco já se tinham tornado os segundos pai e filho a participarem por Portugal na fase final de um Europeu — antes, só mesmo António Veloso (1984) e Miguel Veloso (2008 e 2012) tinham alcançado o mesmo feito. De recordar que, antes de chegar à Seleção A, o avançado do FC Porto já era internacional Sub-16, Sub-17, Sub-18 e Sub-21, tendo estado nos últimos dois Europeus da última categoria.

O avançado do FC Porto conquistou a Taça de Portugal no Jamor, naquele que foi o último jogo de Sérgio Conceição como treinador dos dragões

SOPA Images/LightRocket via Getty Images

Francisco Conceição entrou para o Euro 2024 a preço de saldo, com uma cláusula de rescisão de 30 milhões de euros, mas a verdade é que esse valor sobe para 45 no dia 15 de julho, precisamente o dia seguinte à final da competição. Um negócio onde, a acontecer agora ou no futuro, o FC Porto terá sempre alguma dificuldade na hora de realizar um encaixe financeiro significativo que compense a perda desportiva, já que o próprio jogador tem 20% do próprio passe, logo, tem direito a 20% da transferência.

Esta semana, em entrevista ao canal Now e numa pergunta que também englobava as possíveis saídas de Diogo Costa e Pepê, André Villas-Boas reconhecia que o FC Porto não está “disponível para abrir mão de talento tão bom”. “A realidade é que são jogadores muito importantes no FC Porto, que estão acompanhados de cláusulas de rescisão. O FC Porto sempre vendeu também muito bem. Não tanto nestes últimos anos, quando asfixiados por um garrote financeiro e pelo licenciamento da UEFA, que nos obriga a operar no mercado de outra forma, mas queremos recuperar o FC Porto negociador. Para recuperarmos esse FC Porto mais agressivo na venda de jogadores no mercado, e capaz de reter talento, temos que crescer financeiramente. Portanto, cada coisa a seu tempo. No entanto, teremos que olhar para o mercado dessa forma”, disse o presidente dos dragões.

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