Numa sala cheia de obras de arte — candelabro, cómoda, espelhos de aparato e quatro pinturas a óleo, numa delas o barão Joaquim Pedro Quintela — situa-se o gabinete de trabalho de Conceição Amaral, presidente da maior estrutura pública de criação artística em Portugal, o Opart, com 375 pessoas ao serviço, incluindo técnicos, coralistas, instrumentistas, bailarinos e trabalhadores administrativos. Estamos no Teatro Nacional de São Carlos, em Lisboa. O estado de conservação do edifício faz prova de como o património está envelhecido e pede a renovação que há décadas vai chegar e não chega.
E, no entanto, desde há cerca de três semanas há andaimes na fachada que dá para a Rua Serpa Pinto. O objetivo é o de reabilitar a cornija, o que se prevê estar concluído em meados de julho. Pela mesma altura, durante quatro a cinco meses, todo o teatro lírico terá direito a obras estruturais: fachada principal, palco, instalações elétricas, bar, acessibilidades para público e funcionários. “O projeto está aprovado e o financiamento existe”, compromisso de Conceição Amaral, durante uma entrevista ao Observador, a primeira desde que assumiu funções. É o concretizar de um anúncio feito há um ano pela ministra da Cultura, Graça Fonseca, e que então soou a procedimento já em curso. Custo anunciado: três milhões de euros. “As obras são urgentes, mais que nunca. Este é o ano das obras”, sublinha Conceição Amaral.
Nesta enorme estrutura chamada Organismo de Produção Artística (Opart), a que pertencem o São Carlos (TNSC), a Companhia Nacional de Bailado (CNB) e os Estúdios Victor Córdon (EVC), os últimos anos ficaram marcados por relações tumultuosas entre trabalhadores e administradores, mas agora a reabilitação do edificado parece um sinal de ventos de mudança. E há mais.
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